Farmacologia Essencial: Agonistas, Antagonistas e Depressores do SNC
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1. Paciente Asmático Pode Usar Agonista Muscarínico?
Não, porque nos pulmões, a ativação do receptor M3 (receptores metabotrópicos acoplados à proteína Gq estimulatória) leva à broncoconstrição. Esse mecanismo envolve o aumento da fosfolipase C, que eleva os níveis de IP3 e a liberação de cálcio do retículo, resultando em aumento da concentração intracelular de cálcio, despolarização e excitação.
A broncoconstrição piora significativamente o quadro do paciente asmático. Além disso, a ativação do M3 nas glândulas exócrinas promove um aumento da secreção brônquica, o que agrava ainda mais a condição respiratória.
2. Quais São os Fármacos Agonistas Muscarínicos?
Os principais fármacos agonistas muscarínicos incluem:
- ACh (Acetilcolina)
- Betanecol
- Carbacol
- Metacolina
- Muscarina
- Pilocarpina
3. Qual Fármaco é Usado para Hipotonia da Bexiga?
Para a hipotonia da bexiga, utiliza-se o Betanecol, um agonista do receptor muscarínico M3. Este receptor é metabotrópico e acoplado à proteína Gq estimulatória. Sua ativação leva ao aumento da fosfolipase C, que eleva os níveis de IP3 e a liberação de cálcio do retículo, resultando em aumento da concentração intracelular de cálcio, despolarização e excitação.
Na bexiga, a ativação do M3 promove a contração, o que ajuda a diminuir o armazenamento de urina e melhora o quadro do paciente com hipotonia vesical.
4. Glaucoma: Fármaco e Mecanismo de Ação?
O glaucoma é caracterizado pelo aumento da pressão intraocular. O fármaco utilizado para o tratamento é a Pilocarpina, um agonista muscarínico.
A Pilocarpina atua no receptor M3, que é metabotrópico e acoplado à proteína Gq estimulatória. O mecanismo de ação envolve o aumento da fosfolipase C, que eleva os níveis de IP3 e a liberação de cálcio do retículo, resultando em aumento da concentração intracelular de cálcio, despolarização e excitação.
Nos olhos, o agonista muscarínico M3 promove a miose (constrição da pupila), o que facilita o escoamento do humor aquoso e, consequentemente, diminui a pressão intraocular, tratando o paciente.
5. Outro Fármaco Parassimpaticomimético para Glaucoma?
Outro fármaco da via parassimpática utilizado para o tratamento do glaucoma é o Carbacol.
6. Fármaco Contraindicado em Asma e ICC?
Em pacientes com asma e Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC), os agonistas muscarínicos são contraindicados.
Isso ocorre porque eles promovem broncoconstrição, o que piora o quadro do paciente asmático. No paciente com ICC, os agonistas muscarínicos causam uma diminuição da frequência cardíaca (bradicardia) e da força de contração miocárdica, o que pode agravar a insuficiência cardíaca e, em casos graves, levar à parada cardíaca.
7. Tratamento para Úlcera Gástrica e Mecanismo?
Para o tratamento da úlcera gástrica, utiliza-se a Pirenzepina. Este fármaco é um antagonista muscarínico M1 seletivo.
Ao bloquear os receptores M1, que estão acoplados à proteína Gq estimulatória nas células parietais do estômago, a Pirenzepina inibe a via de sinalização (que normalmente aumentaria a fosfolipase C, IP3 e liberação de cálcio) que levaria ao aumento da secreção de ácido clorídrico. Com a diminuição da secreção ácida, o paciente com úlcera apresenta melhora do quadro.
8. Fármacos para Xerostomia e Mecanismo de Ação?
No caso de xerostomia (boca seca), os dois fármacos utilizados para o tratamento são a Pilocarpina e a Cevimelina. Ambos são agonistas muscarínicos do receptor M3.
Esses receptores são metabotrópicos e acoplados à proteína Gq estimulatória. Sua ativação leva ao aumento da fosfolipase C, que eleva os níveis de IP3 e a liberação de cálcio do retículo, resultando em aumento da concentração intracelular de cálcio, despolarização e excitação.
Nos pacientes com xerostomia, esses fármacos promovem um significativo aumento da secreção salivar, melhorando o quadro clínico.
9. Tratamento para Envenenamento por Atropina?
No caso de envenenamento por Atropina, deve-se usar um anticolinesterásico, como a Fisostigmina.
O mecanismo de ação consiste em aumentar a oferta de ACh (acetilcolina) na fenda sináptica, inibindo a enzima acetilcolinesterase (AChE). Ao aumentar a concentração de ACh, é possível competir e deslocar a Atropina do seu receptor, revertendo os efeitos antimuscarínicos da Atropina e promovendo um efeito agonista colinérgico.
10. Fármaco Contraindicado em Pacientes com Glaucoma?
Pacientes com glaucoma não devem fazer uso de antagonistas muscarínicos, como a Atropina.
Isso ocorre porque esses fármacos promovem midríase (dilatação da pupila), o que pode piorar o quadro do glaucoma de ângulo fechado, aumentando ainda mais a pressão intraocular e podendo causar cegueira.
11. Agonista M3 no TGI e Absorção de Outro Fármaco?
Sim. Um agonista muscarínico M3 no trato gastrointestinal (TGI) aumenta a motilidade. Se um segundo fármaco for administrado, sua chegada ao intestino delgado será acelerada.
Consequentemente, o segundo fármaco será mais absorvido, pois quanto mais rápido ele chegar ao intestino delgado, maior a chance de absorção.
12. Antagonista M3 no TGI e Absorção de Outro Fármaco?
Um antagonista muscarínico M3 no trato gastrointestinal (TGI) diminui a motilidade do TGI. Se um segundo fármaco for administrado, sua chegada ao intestino delgado será retardada.
Isso resultará em menor absorção do segundo fármaco, pois o tempo de trânsito prolongado pode reduzir a janela de absorção.
13. Qual o Mecanismo de Ação da Atropina?
A Atropina atua como um antagonista competitivo dos receptores muscarínicos.
14. Principais Fármacos Antagonistas Muscarínicos?
Os principais fármacos antagonistas muscarínicos são:
- Atropina
- Pirenzepina
- Escopolamina
- Ipratrópio
15. Fármaco para Diagnóstico de Miastenia Gravis?
O fármaco utilizado para o diagnóstico da Miastenia Gravis é o Edrofônio.
Ele é um anticolinesterásico de ação curta, com eliminação renal rápida, permanecendo por pouco tempo no organismo. Sua rápida ação e reversibilidade permitem um teste diagnóstico preciso.
16. Tratamento para Intoxicação por Atropina?
O tratamento para intoxicação por Atropina (um antagonista muscarínico) envolve o uso de anticolinesterásicos de ação intermediária, como:
- Neostigmina
- Fisostigmina
- Piridostigmina
17. Tratamento de Segunda Escolha para Glaucoma?
O tratamento de segunda escolha para o glaucoma é o Ecotiopato.
18. Miastenia Gravis: Definição e Melhoria Fisiológica?
A Miastenia Gravis é uma doença autoimune caracterizada pela produção de anticorpos contra os receptores nicotínicos na placa motora e na junção neuromuscular. Isso resulta em uma diminuição do número de receptores nicotínicos funcionais.
Os pacientes apresentam dificuldade em manter a contração muscular, manifestando sintomas como fadiga muscular e ptose palpebral (dificuldade em manter a pálpebra contraída).
Para melhorar os sintomas, pode-se aumentar a oferta de ACh (acetilcolina) na fenda sináptica. Ao ter mais ACh disponível, há uma maior chance de ativar os receptores nicotínicos remanescentes na junção neuromuscular, promovendo uma melhor contração muscular.
19. Mecanismo de Ação dos Anticolinesterásicos?
O mecanismo de ação dos anticolinesterásicos consiste em inibir a enzima acetilcolinesterase (AChE). Ao inibir a AChE, eles aumentam a oferta e a permanência de ACh (acetilcolina) na fenda sináptica, potencializando a transmissão colinérgica.
20. Tratamento para Intoxicação por Organofosforados?
O tratamento para intoxicação por organofosforados é a Atropina, que atua como um antagonista muscarínico, revertendo os efeitos colinérgicos excessivos.
21. O Que é um Bloqueador Neuromuscular Despolarizante?
O principal bloqueador neuromuscular despolarizante é a Succilcolina.
Ela age de forma semelhante à ACh (acetilcolina), ligando-se aos receptores nicotínicos e aumentando a permeabilidade aos íons sódio e potássio. No entanto, a Succinilcolina não é metabolizada pela enzima acetilcolinesterase (AChE), o que leva a uma despolarização prolongada da membrana pós-sináptica.
Isso resulta inicialmente em fasciculações (contrações musculares transitórias) seguidas por um esgotamento dos canais de sódio e potássio, levando ao relaxamento muscular e paralisia.
22. Interação entre Diazepam e Etanol (Álcool)?
Tanto os Benzodiazepínicos (BDZ), como o Diazepam, quanto o etanol (álcool) são depressores do Sistema Nervoso Central (SNC). Ambos têm a capacidade de se ligar a sítios alostéricos no receptor GABA-A.
Quando associados, eles produzem um efeito sinérgico, exacerbando a depressão do SNC. Isso pode levar a sedação intensa, depressão respiratória e até coma. Um exemplo notório é o efeito conhecido como "Boa Noite Cinderela".
Os efeitos no dia seguinte podem incluir amnésia anterógrada, ou seja, a incapacidade de se lembrar de fatos recentes ocorridos sob o efeito da combinação.
23. Interação do Diazepam com Inibidores da CYP3A4?
A coadministração de Diazepam (um benzodiazepínico) com fármacos como Itraconazol, Eritromicina, Claritromicina, Ritonavir, Cetoconazol, Nefazodona, Cimetidina, Contraceptivos Orais e até mesmo Suco de Toranja (Uva) pode aumentar significativamente a concentração plasmática do Diazepam.
Isso ocorre porque esses agentes são capazes de inibir a enzima CYP3A4, que é a principal responsável pelo metabolismo do Diazepam. Consequentemente, a concentração do Diazepam no organismo aumenta.
O tipo de interação é farmacocinética, pois está relacionada ao metabolismo do fármaco. O paciente pode apresentar sedação intensa, sonolência excessiva e, em casos graves, pode evoluir para o coma.
24. Por Que Barbitúricos São Menos Seguros que BDZ?
Os barbitúricos são considerados menos seguros que os Benzodiazepínicos (BDZ) devido à sua maior capacidade de causar depressão do Sistema Nervoso Central (SNC) em doses crescentes.
Nos BDZ, o espectro máximo de sintomas geralmente se limita à sedação e hipnose. Já nos barbitúricos, a progressão dos efeitos inclui sedação, hipnose, anestesia e, em doses mais altas, pode levar ao coma e à depressão respiratória fatal.
25. Mecanismo de Ação dos Benzodiazepínicos (BDZ)?
Os Benzodiazepínicos (BDZ) atuam ligando-se a um sítio alostérico específico no receptor GABA-A, que é diferente do sítio de ligação do GABA (ácido gama-aminobutírico).
Essa ligação promove um aumento da afinidade do receptor pelo GABA, resultando em um aumento da frequência de abertura dos canais de cloreto. A entrada de íons cloreto na célula causa hiperpolarização, diminuindo a excitabilidade neuronal e produzindo os efeitos depressores do SNC.
26. Mecanismo de Ação dos Barbitúricos?
Os barbitúricos ligam-se a um sítio alostérico distinto no receptor GABA-A, diferente do sítio de ligação dos benzodiazepínicos (BDZ).
Essa ligação também aumenta a afinidade do GABA pelo receptor, mas, diferentemente dos BDZ, os barbitúricos promovem um aumento do tempo de abertura do canal de cloreto. Em doses mais altas, eles são capazes de promover a ativação direta do canal de cloreto, mesmo na ausência de GABA, o que explica sua maior toxicidade e potencial de depressão respiratória.
27. Tratamento para Intoxicação por Benzodiazepínicos?
O tratamento para intoxicação por Benzodiazepínicos (BDZ) é o Flumazenil.
O Flumazenil é um antagonista competitivo dos receptores benzodiazepínicos no receptor GABA-A. Ele reverte rapidamente os efeitos depressores do SNC causados pelos BDZ, como sedação, sonolência e depressão respiratória, ao bloquear seus sítios de ligação.
28. Paciente com Gastrite Pode Usar Benzodiazepínicos?
Sim, um paciente com gastrite pode usar Benzodiazepínicos (BDZ), mas é crucial entender que os BDZ não tratam a gastrite em si, nem combatem a bactéria H. pylori.
Eles podem ser prescritos para manejar a ansiedade, o estresse ou a insônia que podem estar associados à condição gastrointestinal, mas não são uma terapia para a doença primária. O tratamento da gastrite requer abordagens específicas, como antiácidos, inibidores da bomba de prótons ou antibióticos, se for causada por H. pylori.
29. Uso de Benzodiazepínicos em Pacientes Obesos?
É necessário cautela ao usar Benzodiazepínicos (BDZ) em pacientes obesos.
Isso ocorre porque a obesidade pode interferir na redistribuição e biotransformação desses fármacos. O tecido adiposo atua como um reservatório lipofílico, onde a substância pode se acumular e permanecer por mais tempo no organismo, prolongando seus efeitos e aumentando o risco de sedação excessiva e outros efeitos adversos.
30. Tratamento para Intoxicação por Barbitúricos?
O tratamento para intoxicação por barbitúricos inclui medidas de suporte e eliminação do fármaco:
- Administração de oxigênio e suporte ventilatório, se necessário.
- Lavagem gástrica.
- Administração de carvão ativado.
- Alcalinização da urina para aumentar a excreção renal dos barbitúricos (especialmente os de longa duração).
31. Fármaco para Ansiedade Compatível com Álcool?
O fármaco para ansiedade que apresenta menor risco de interação com álcool, e que não é um benzodiazepínico, é a Buspirona.
A Buspirona é um agonista parcial do receptor 5-HT1A. Diferente dos benzodiazepínicos, ela não causa sedação significativa, não gera dependência física e não possui potencial de abuso. Por essas características, é considerada uma opção mais segura em relação ao álcool, embora a combinação ainda deva ser feita com cautela e sob orientação médica.
32. Qual o Uso Principal dos Barbitúricos?
Os barbitúricos podem ser usados como anestésicos gerais, especialmente o tiopental, devido à sua rápida indução e curta duração de ação.