Farmacologia: Metabolismo, Excreção e Mecanismos de Ação

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Metabolismo de Fármacos: Enzimas e Transformações

O fármaco possui enzimas que realizam o metabolismo ativo, resultando em um efeito terapêutico (esperado) ou um efeito tóxico (inesperado). Quando um fármaco está na forma de metabólito, ele se torna mais hidrossolúvel para facilitar sua excreção.

O que é um Metabólito?

É o fármaco que passou pelo fígado e sofreu transformações pelas enzimas.

Famílias de Enzimas no Metabolismo

As enzimas que realizam o metabolismo do fármaco pertencem, principalmente, à família do Citocromo P450 (CYP450).

Fatores que Interferem no Metabolismo

  • Insuficiência Hepática: Nesses casos, a dose do fármaco deve ser reduzida. Se o metabolismo for dificultado e a excreção comprometida, o fármaco permanecerá no organismo, podendo gerar toxicidade.
  • Exemplo: A Hepatite (inflamação do fígado) possui vários tipos: medicamentosa, tóxica, autoimune e por alimentos. Em todas elas, a circulação hepática está comprometida. O fígado é um órgão crucial para processar e secretar substâncias.
  • Interação Medicamentosa: Ocorre quando uma pessoa está tomando mais de um medicamento, e eles competem pelas mesmas enzimas metabolizadoras.

Excreção de Fármacos: Vias e Processos

As principais maneiras de um fármaco ser excretado do organismo são pelas fezes e pela urina.

Excreção pelas Fezes

O fármaco entra no fígado, alcança a vesícula biliar, entra no duodeno e, assim, é eliminado pelas fezes.

Excreção pela Urina: O Papel do Néfron

A unidade formadora do rim é o Néfron, a estrutura responsável pela formação da urina. Dentro do Néfron, o fármaco passa por três processos:

  1. Filtração: O fármaco chega ao Néfron através da Artéria Aferente (Art.Af), sendo filtrado pelos capilares dentro da cápsula. Para ser excretado, o fármaco deve estar na forma hidrossolúvel.
  2. Reabsorção: Se o fármaco for lipossolúvel, ele não será excretado. Em vez disso, ele retornará aos capilares, entrando novamente no sistema circulatório, dando toda a volta e voltando para o rim.
  3. Secreção: O fármaco entra no Néfron pelos capilares e não passa pelo processo de filtração glomerular.

Nota: A secreção e a filtração são os dois processos pelos quais o fármaco será excretado.

Farmacodinâmica: Como os Fármacos Agem no Corpo

A Farmacodinâmica estuda como o fármaco age no corpo. Ela abrange:

  • Mecanismos de ação
  • Efeitos colaterais (que atingem o objetivo terapêutico)
  • Efeitos adversos (que não têm objetivo terapêutico e são indesejados)

O fármaco se ligará a macromoléculas (alvos dos fármacos no corpo – onde agem) do organismo.

Resposta ao Fármaco

É a alteração da função do componente afetado, desencadeando alterações fisiológicas e bioquímicas.

Receptores Farmacológicos

São componentes do organismo com os quais o fármaco interage, ou seja, são os locais onde o fármaco se liga, buscando ativá-lo ou modulá-lo. São alvos proteicos aos quais os fármacos se ligam.

Tipos de Alvos Farmacológicos

  1. Receptores de Membrana

    São proteínas de membrana que atravessam a camada lipídica. O fármaco se liga na parte externa, e a parte interna do receptor/proteína gera a via de sinalização que produz o efeito.

    • Antagonista: Não gera efeito.
    • Agonista: Gera efeito.

    Exemplo: Mecanismo de ação da Adrenalina – A adrenalina chega ao receptor alfa-1 (α1). Como a adrenalina é agonista, ela promove a vasoconstrição (o vaso se fecha).

  2. Canais Iônicos

    Podem ser ativadores ou bloqueadores do fármaco.

    Exemplo: A Mepivacaína, Bupivacaína, Lidocaína e Prilocaína têm afinidade com os canais de sódio na região. O mecanismo de ação desses anestésicos é bloquear o canal de sódio, inibindo o impulso nervoso ao se ligarem aos neurônios das células nervosas.

  3. Transportadores

    São proteínas que realizam o transporte intracelular e extracelular de moléculas, não apenas íons. Podem ser ativadores ou inibidores de transporte.

    Exemplo: O Omeprazol, ao entrar na célula, torna-se um inibidor de HCl.

  4. Enzimas

    As enzimas são substâncias que se encontram dentro da célula. Elas pegam o substrato (com o qual têm afinidade) e o transformam em produto.

Exemplos de Ação Farmacológica

Histamina e Anti-histamínicos

A Histamina provoca dificuldade respiratória. Os Anti-histamínicos ajudam a aliviar essa situação. A histamina (agonista) se liga aos receptores por afinidade e gera um efeito, como a contração das células do músculo liso.

Epinefrina/Adrenalina

A Epinefrina/Adrenalina é um agonista do receptor beta-2 (β2). Quando ativado, reduz o cálcio, causando relaxamento. A adrenalina também causa vasoconstrição. No caso dos anestésicos, ela se liga ao receptor gama-1 (γ1), alterando o órgão, contraindo o vaso e causando isquemia da mucosa.

Cálculos Farmacêuticos

Exemplo: Amoxicilina - Suspensão

20 mg ------ 1 kg
X -------------- 25 kg
X = 500 mg

250 mg ——- 5 ml
500 mg ——- X
X = 10 ml de Amoxicilina.

Resposta: 10 ml de Amoxicilina de 500 mg de 8/8 horas.

Anti-inflamatórios Esteroidais e Não Esteroidais (AINEs)

A lesão celular ativa as enzimas fosfolipases A2 (PLA2), que estão no citoplasma das células inflamatórias e são provenientes das células que participam do processo inflamatório (defesa).

Essas enzimas fosfolipases geram uma resposta, transformando o fosfolipídeo em ácido araquidônico. O ácido araquidônico, por sua vez, se transformará e formará derivados, sendo estes a COX (cicloxigenase) e a LIPOX (lipoxigenase).

ÁCIDO ARAQUIDÔNICO ↝ COX E LIPOX ↝ PG E TXA (COX) E LT (LIPOX).

Essas substâncias formadas no tecido produzirão sinais inflamatórios como: calor, rubor, edema e dor.

  • PG (Prostaglandina): É vasodilatadora, fazendo com que o sangue chegue mais à mucosa (local da lesão). É hiperalgésica, trazendo o sinal de dor e incentivando as terminações nervosas.
  • LT (Leucotrieno): É responsável pela quimiotaxia, que é um sinalizador para as células entrarem. Como a parede do vaso está permeável, facilita que as células de defesa atravessem. É responsável também pelo aumento da permeabilidade.

Devido à PG e LT, temos os sinais (calor, rubor, edema e dor); são elas que provocam isso e incentivam o processo inflamatório. Após isso, deve ocorrer a regressão desse processo, e quem gera isso é a TXA2.

  • TXA2 (Tromboxano A2): Está envolvida na fase tardia, ou seja, pela produção de plaquetas em fase tardia do processo. Causa vasoconstrição e agregação plaquetária.

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