Fármacos: Efeitos e Mecanismos de Ação

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Sistema Nervoso Parassimpático e Simpático: Efeitos nos Órgãos

  • Coração: Diminui a frequência cardíaca (FC) e o débito cardíaco (DC).
  • Vasos Sanguíneos (M3): Vasodilatação.
  • Pulmão (M3): Broncoconstrição.
  • Glândulas (M3): Aumento da secreção salivar, sudorípara e lacrimal.
  • Músculo Liso do Trato Gastrointestinal (TGI) (M3): Aumenta a motilidade.
  • Esfíncteres (M3): Relaxamento.
  • Células Parietais (M1): Secreção de ácido clorídrico.
  • Esfíncter da Bexiga (M3): Relaxamento.
  • Pupila (M3): Contração da musculatura constritora (miose).
  • Músculo Ciliar (M3): Contração.

Características do Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático

  1. As fibras responsáveis pela inervação do Sistema Nervoso Simpático (SNS) estão localizadas na região toracolombar, enquanto as do Sistema Nervoso Parassimpático (SNP) estão na região craniossacral.
  2. No simpático, a fibra pré-ganglionar é curta e libera acetilcolina; a pós-ganglionar é longa e libera adrenalina, exceto em algumas glândulas sudoríparas, onde libera acetilcolina.
  3. No parassimpático, a fibra pré-ganglionar é longa e libera acetilcolina; a pós-ganglionar é curta e também libera acetilcolina.

Antagonistas Muscarínicos: Função

Os antagonistas muscarínicos se ligam ao receptor, impedindo a ligação do agonista. Possuem afinidade, mas não eficácia, pois não produzem efeito.

Agonistas Muscarínicos

Exemplos: Acetilcolina (ACh), Carbacol (glaucoma), Metacolina, Betanecol, Muscarina, Pilocarpina (glaucoma e xerostomia).

Pilocarpina

Usada como colírio no glaucoma. Atua facilitando a drenagem do humor aquoso, promove a contração da pupila e diminui a pressão intraocular.

Betanecol

Indicado para hipotonia da bexiga. Contraindicado em casos de úlcera ou lesão, pois pode piorar o quadro.

Receptores Muscarínicos: M1, M3, M5

São receptores metabotrópicos acoplados à proteína Gq estimulatória, que aumenta a fosfolipase C, o IP3 e a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático, levando à despolarização e excitação celular.

Receptores Muscarínicos: M2, M4

São receptores acoplados à proteína Gi inibitória, que inibe a adenilato ciclase, diminui os níveis de AMPc, promove a abertura dos canais de K+ e o fechamento dos canais de cálcio, levando à hiperpolarização e relaxamento celular.

Agonistas Muscarínicos: Contraindicações

  • Pacientes com insuficiência coronariana, pois o agonista muscarínico diminui a frequência cardíaca, dificultando o bombeamento de sangue.
  • Pacientes asmáticos, pois pode piorar o quadro de broncoconstrição.
  • Pacientes com úlcera péptica, pois pode piorar o quadro.

Antagonistas Muscarínicos

  • Atropina: Usada para promover midríase em exames oftalmológicos, tratamento de intoxicação por organofosforados e distúrbios espásticos do TGI e trato urinário.
  • Escopolamina: Antiemético.
  • Ipatrópio: Broncodilatador para asma.
  • Pirenzepina: Diminui os níveis de ácido clorídrico.

Atropina: Mecanismo de Ação

Antagonista competitivo muscarínico.

Envenenamento por Atropina

Fisiostigmina como antídoto.

Interações Medicamentosas

  • Administração de um agonista muscarínico (M3 no TGI, aumentando a motilidade) com um segundo fármaco acelera a absorção deste último, facilitando sua chegada ao intestino delgado.
  • Administração de um antagonista muscarínico (M3 no TGI, diminuindo a motilidade) com um segundo fármaco retarda a absorção deste último até o intestino delgado.

Anticolinesterásicos

Ação Curta

Edrofônio (diagnóstico de miastenia grave).

Ação Média (Carbamatos)

Fisiostigmina, Neostigmina e Piridostigmina. São capazes de se ligar à acetilcolinesterase (AChE), impedindo a hidrólise da ACh. Indicados para miastenia grave e intoxicação atropínica.

Ação Irreversível (Organofosforados)

Anticolinesterásicos irreversíveis. A AChE não consegue mais hidrolisar a ACh, sendo necessária a síntese de novas enzimas. São extremamente lipossolúveis.

Intoxicação por Organofosforados

Tratamento: Atropina + Pralidoxima (até 4 horas após a intoxicação).

Miastenia Grave

Doença autoimune com destruição dos receptores nicotínicos de ACh da placa motora na junção neuromuscular, causando dificuldade em manter a contração muscular (ptose palpebral).

Bloqueadores Neuromusculares

  • Não Despolarizantes (Competitivos): Atuam como antagonistas da ACh, impedindo sua ligação aos receptores nicotínicos, causando relaxamento muscular. Exemplo: Succinilcolina.
  • Despolarizantes (Não Competitivos): Não são metabolizados pela AChE. Promovem aumento da permeabilidade ao sódio e potássio, levando ao relaxamento muscular após esgotamento desses íons.

Succinilcolina: Indicações

Coadjuvante da anestesia geral, facilita a intubação endotraqueal e previne traumatismos durante a terapia eletroconvulsiva.

Reversão da Ação dos Bloqueadores Neuromusculares Competitivos

Neostigmina e Atropina.

Receptores Adrenérgicos

  • Alfa-1: Acoplado à proteína Gq, ativa a fosfolipase C, aumenta o IP3 e a concentração de cálcio intracelular, ativando a proteína quinase.
  • Alfa-2: Acoplado à proteína Gi inibitória, inibe a adenilato ciclase, diminui os níveis de AMPc, inibe canais de cálcio e ativa canais de potássio.
  • Beta: Acoplados à proteína Gs estimulatória, ativam a adenilato ciclase e elevam os níveis de AMPc.

Localização:

  • Alfa-1: Vasos
  • Alfa-2: Músculo
  • Beta-1: Coração
  • Beta-2: Pulmão e musculatura uterina

Agonistas Adrenérgicos

Agonista Alfa-1

  • Fenilefrina: Descongestionante nasal, agente midriático, tratamento de hipotensão e choque.
  • Metoxamina: Age farmacologicamente como a epinefrina.

Agonista Alfa-2

  • Clonidina: Anti-hipertensivo de ação central.
  • Apraclonidina: Glaucoma.
  • Guanabenzo e Guanfacina: Anti-hipertensivos de ação central.

Agonista Beta-2

  • Metaproterenol, Terbutalina, Albuterol: Tratamento da asma.
  • Ritodrina, Salbutamol: Prolongar a gestação.

Antagonistas Adrenérgicos

Antagonista Alfa Não Seletivo

  • Fenoxibenzamida: Hipertensão secundária ao feocromocitoma (irreversível).
  • Fentolamina: Hipertensão secundária ao feocromocitoma e disfunção erétil (competitivo).

Antagonista Alfa-1

Prazosina, Terazosina: Hipertensão primária e hiperplasia prostática benigna.

Antagonista Beta Não Seletivo

Propranolol: Hipertensão, cardiopatia isquêmica, arritmia cardíaca e insuficiência cardíaca congestiva (ICC).

Antagonista Beta-1 Seletivo

Atenolol: Hipertensão (seletividade é dependente da dose).

Ansiolíticos

Mecanismo de Ação dos Benzodiazepínicos

Ligam-se a um sítio alostérico no receptor GABA-A, diferente do sítio ocupado pelo GABA, aumentando a afinidade do receptor pelo GABA e a frequência de abertura dos canais de cloreto.

Mecanismo de Ação dos Barbitúricos

Ligam-se a um sítio distinto do sítio de ligação dos benzodiazepínicos, com efeito alostérico, aumentando a afinidade do GABA pelo receptor. Aumentam o tempo de abertura do canal de cloreto e, em doses altas, ativam o canal de cloreto na ausência do GABA.

Antipsicóticos

Sintomas Positivos: Alucinações, delírios, fala desorganizada.

Sintomas Negativos: Afeto embotado, alogia, avolição.

Antipsicóticos Típicos

Mecanismo de Ação: Bloqueio dos receptores D2 nas vias dopaminérgicas centrais.

Exemplos: Flufenazina, Haloperidol.

Efeitos Indesejáveis: Distonia aguda, ginecomastia, disfunção sexual, sedação, hipotensão, constipação. Ganho de peso é ausente no Haloperidol.

Antipsicóticos Atípicos

Mecanismo de Ação: Ligam-se aos receptores de dopamina D2 e também aos receptores de serotonina, melhorando o quadro do paciente.

Exemplos: Clozapina, Risperidona, Sulpirida.

Efeitos Indesejáveis: Hiperprolactinemia, ganho de peso, arritmias.

Lítio: Mecanismo de Ação

Inibe a liberação de dopamina e a fosfatase que libera inositol.

Doença de Parkinson

Levodopa

Medicamento utilizado para tratar a doença de Parkinson.

Utilização de Carbidopa com Levodopa

A dopamina é sintetizada no cérebro, mas não ultrapassa a barreira hematoencefálica (BHE). A levodopa, precursora da dopamina, atravessa a BHE e é convertida em dopamina pela dopa descarboxilase. A carbidopa inibe a dopa descarboxilase periférica, aumentando a disponibilidade de levodopa no sistema nervoso central (SNC) e, consequentemente, a oferta de dopamina.

Associação de Levodopa com Alimentos

Não é recomendada, pois diminui a absorção de levodopa. Alguns aminoácidos competem pelos mesmos transportadores da levodopa no intestino delgado, diminuindo a oferta de dopamina no cérebro.

Inibidores da COMT

Mecanismo de Ação: Bloqueio da metilação da levodopa, aumentando a fração do fármaco.

Exemplo: Entacapona (inibição predominantemente periférica).

Inibidores da MAO

Exemplo: Rasagilina.

Antagonistas dos Receptores Muscarínicos

Exemplo: Mesilato de Benzotropina (melhora o tremor e a rigidez muscular, com pouco efeito sobre a hipocinesia).

Amantadina (Antiviral)

Mecanismo de Ação: Aumenta a síntese, liberação ou recaptação de dopamina. Também possui ação anticolinérgica.

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