Fatores Explicativos da Violência Doméstica

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1. Abuso de Poder Socialmente Atribuído

A violência doméstica (VD) é mais frequente em famílias caracterizadas por grandes desequilíbrios internos de poder entre géneros e gerações, como por exemplo:

  • Homens sobre as mulheres;
  • Pais sobre os filhos.

A VD tende a ser mais comum em sociedades ou comunidades com maior tolerância a abusos de poder. Este é um fator influenciado pelo desenvolvimento sociocultural:

  • É menos comum em meios urbanos;
  • É mais comum em meios rurais;
  • É frequente em comunidades tolerantes a este tipo de domínio.

2. Aprendizagem Social da Violência

Dois em cada três agressores são oriundos de famílias violentas. Famílias que toleram, estimulam e/ou recompensam formas de resolução violenta de conflitos (familiares, profissionais ou sociais) ensinam os seus membros a recorrer à violência, num ciclo que se perpetua ao longo de gerações.

As pessoas aprendem por imitação, observação e experiência. Certas ações aprendidas são reprovadas, enquanto outras obtêm os resultados desejados, reforçando o comportamento.

A aprendizagem da violência é diferenciada, podendo ocorrer por observação ou experiência direta. Por exemplo, uma pessoa pode recorrer a técnicas de resolução de conflitos que observou nos seus progenitores (aprendizagem pela tradição). Esta realidade não se limita apenas à VD.

  • Em sociedades com elevadas assimetrias de poder entre géneros, é mais frequente os homens aprenderem a desempenhar o papel de agressor por observação.
  • Nos casos em que os homens são também vítimas, a aprendizagem depende da duração e intensidade da violência e da sua capacidade de reação.
  • Em sociedades com elevadas assimetrias de poder entre géneros, é mais frequente as mulheres aprenderem a desempenhar o papel de vítima, quer por experiência direta, quer por observação.

Aprendizagens com base no que foi recompensado e punido:

  • Por observação: Um membro mais jovem do sexo masculino observa constantemente o membro mais velho a usar a sua posição de supremacia para obter o que pretende (ex: ter comida na mesa e roupa lavada).
  • Por experiência direta: Uma situação em que a pessoa "sente na pele" as consequências de fazer frente ao agressor, aprendendo a não o fazer.

A vítima aprende, por observação de outras relações familiares, que em certas situações é mais vantajoso ser submisso do que resistir.

3. Aprendizagem Social da Vitimação

A maioria das vítimas de violência doméstica é oriunda de famílias violentas e, muitas vezes, não se perceciona como vítima de um crime, considerando a situação como "normal". Frequentemente, estão rodeadas por pessoas que também toleram esses comportamentos.

Existem famílias que toleram, estimulam e/ou recompensam a agressão aos seus membros mais vulneráveis, "ensinando-os" a tolerar a violência exercida sobre si, perpetuando um ciclo de vitimação ao longo de gerações. Este ciclo pode ser quebrado quando uma vítima resiste e denuncia o agressor. No entanto, os resultados do processo de denúncia podem ser desmotivadores para a cooperação da vítima, como, por exemplo, a aplicação de penas suspensas ao agressor ou o seu isolamento em casas de abrigo para proteção.

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