Fatores que Influenciam a Alimentação Infantil

Fatores Fisiológicos: Regulação da Ingestão de Alimentos

Densidade Energética da Dieta

Um estudo com crianças de 3 a 5 anos demonstrou que elas podem ajustar a ingestão com base na densidade energética dos alimentos. Quando o primeiro prato oferecido era altamente energético, as crianças selecionaram menores quantidades no segundo prato. No entanto, a autorregulação pode ser comprometida por fatores externos.

• Pesquisas indicam que o controle excessivo dos pais sobre o que, quando e quanto os filhos comem diminui a capacidade de autorregulação energética da criança.
• Crianças com percentual elevado de gordura corporal também demonstraram uma regulação mais pobre da ingestão.

É fundamental permitir que a criança desenvolva seu próprio sentido de saciedade. Portanto, tanto o controle excessivo quanto a falta de controle podem ser prejudiciais para a formação do hábito alimentar. A capacidade de resposta das crianças ao teor energético pode ser observada ao longo de várias refeições, não apenas em uma. Elas podem comer um grande café da manhã em um dia e quase nada no dia seguinte, mas, ao longo de vários dias, esses padrões variáveis tendem a produzir uma ingestão energética média e estável.

Com o passar dos anos, o controle da ingestão alimentar torna-se mais complexo. As crianças aprendem a se alimentar em resposta à presença de comidas palatáveis, ao contexto social, ao estado emocional e aos seus conhecimentos sobre nutrição. Esses fatores interferem na capacidade de crianças maiores e adultos de regularem sua ingestão com base na necessidade energética.

Palatabilidade

Alimentos com maior teor energético, como os ricos em gorduras e carboidratos, geralmente possuem propriedades sensoriais que induzem a sua preferência. As preferências e aversões alimentares mudam com o crescimento, maturação e hormônios, podendo ser modificadas até na fase adulta. Tanto as preferências por sabores quanto as escolhas alimentares são moldadas por experiências e aprendizado associativo.

Um sabor inicialmente neutro ou até desagradável pode se tornar preferido se for associado a uma recompensa, uma tática frequentemente usada por pais para incentivar os filhos a comer.

Fatores Ambientais na Formação do Hábito Alimentar

Os fatores ambientais são aqueles relacionados ao contexto social, econômico, cultural e comportamental que interferem na formação do hábito alimentar.

Alimentação dos Pais

Os pais são os primeiros educadores nutricionais e, junto com outros membros da família, estabelecem um ambiente que pode ser propício à formação de hábitos alimentares adequados ou inadequados. Um estudo que investigou a influência das experiências alimentares nos primeiros dois anos de vida revelou que:

• A variedade de vegetais consumidos por crianças em idade escolar foi prevista pelas preferências vegetais das mães.
• O consumo de frutas relacionou-se à variedade de frutas oferecida no período de introdução da alimentação complementar.

Isso destaca a importância da educação nutricional para as mães, enfatizando como as experiências nos primeiros dois anos de vida são cruciais para favorecer a aceitação de frutas e vegetais na idade escolar, um período comum de rejeições alimentares.

O Papel da Família

A redução na ingestão de gordura e açúcar pelas crianças pode ser alcançada através de mudanças nos hábitos alimentares dos pais, que tendem a se estender a todos os membros da família. Estudos demonstram que:

• Pais que comem em excesso, muito rápido ou ignoram os sinais internos de saciedade têm maior probabilidade de ter filhos com desvios no estado nutricional.
• Mães que selecionam alimentos com base em critérios de qualidade, e não apenas no sabor, oferecem refeições mais saudáveis aos seus filhos.

O Ato de Comer em Família

As refeições em família representam um evento importante na promoção de uma alimentação saudável. Uma pesquisa com 427 crianças mostrou que, quando os pais comem com os filhos, eles servem como modelo para o comportamento alimentar, o que leva as crianças a melhorarem a qualidade e a variedade dos alimentos consumidos.

Influência Parental nas Escolhas Alimentares

A influência dos pais sobre as escolhas alimentares pode se manifestar de várias maneiras:

• Aquisição de alimentos: Influenciada por renda, instrução, classe social, religião ou cultura.
• Comportamento durante as refeições: Incluindo as reações aos alimentos.
• Transmissão de informações: Ensinar quais alimentos são saudáveis.

Lembre-se: as crianças aprendem sobre os alimentos não apenas por suas próprias experiências, mas também observando os outros.

Comportamento dos Cuidadores

As refeições são um evento importante nas interações familiares, e as crianças aprendem a associar alimentos aos contextos sociais em que são consumidos. No entanto, algumas práticas comuns de alimentação podem ter efeitos desfavoráveis e não intencionais:

• Usar alimentos como recompensa em contextos sociais positivos reforça a preferência por eles.
• Restringir o acesso a alimentos palatáveis torna-os ainda mais desejados.
• Forçar a criança a comer (por exemplo, vegetais) para ganhar uma recompensa reforça a rejeição desses alimentos, associando-os a uma punição.

Mães com transtornos alimentares podem contribuir para o aumento de problemas alimentares em seus filhos. Atitudes negativas dos pais durante as refeições são fortes preditores de problemas alimentares, como a recusa alimentar na infância.

Por outro lado, pais que abordam o conhecimento sobre nutrição em família têm filhos com maior conhecimento sobre alimentação. Conversas positivas sobre comida despertam o interesse pelo alimento e aumentam a aceitação.

Condição Socioeconômica

A renda familiar interfere diretamente no padrão alimentar. Em famílias de baixa renda, a inclusão de alimentos de origem animal e a variedade da dieta são geralmente reduzidas. Em contraste, famílias com rendas mais elevadas tendem a incluir uma maior variedade de frutas, verduras e produtos industrializados enriquecidos, próprios para o público infantil.