Fé e Razão na Filosofia Cristã: Agostinho e Anselmo

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A Filosofia Cristã Primitiva: Fé e Razão

Agostinho de Hipona: Cristianismo e Filosofia

Para Agostinho de Hipona, o cristianismo é uma doutrina da salvação para o ser humano, não meramente uma filosofia. O sentido da vida, para o cristianismo, reside num plano sobrenatural. A é um dom de Deus que nos permite aceitar a revelação divina.

Contribuições Filosóficas de Agostinho

  • Monoteísmo: A existência de um único Deus é inquestionável para o cristianismo.
  • Criacionismo: Deus cria o mundo do nada.
  • Onipotência: Deus não está sujeito a qualquer autoridade superior.
  • Atitude para com a Verdade: O cristianismo acredita que suas doutrinas são de origem divina e, portanto, não contêm erro.

Verdades Cristãs

  • Verdades de Ordem Natural: Aquelas que a razão, por si só, é suficiente para compreender.
  • Verdades Sobrenaturais: Os mistérios da fé revelados por Deus.

Intervenção Divina na História Humana

Deus intervém na história humana de duas maneiras:

  • Providência: Deus cuida dos assuntos humanos.
  • Encarnação: Deus assume a natureza humana.

História da Filosofia Cristã Primitiva

As causas para o desenvolvimento da filosofia cristã primitiva foram a defesa da doutrina e o aprofundamento do conhecimento.

Modelos de Relação entre Fé e Razão

  • Iluminismo: A fé é o princípio do conhecimento verdadeiro e ilumina a razão.
  • Racionalista: A fé é imperfeita para alcançar o conhecimento, que é atingido através da razão.
  • Distributiva ou Ponderada: A razão é subordinada à fé, mas mantém sua autonomia.
  • Fideísta: Preponderância absoluta da fé sobre a razão.

Neoplatonismo em Agostinho

O Neoplatonismo foi empregado pelos Padres da Igreja para construir um pensamento filosófico cristão. Plotino, seu principal representante, identifica três realidades supremas: o Uno (divindade), o Intelecto Supremo e a Alma (hierarquicamente estruturadas).

Patrística

A doutrina cristã genuína dos Padres da Igreja utilizava o raciocínio para provar que as verdades da fé não eram absurdas. A fé incentiva e promove a razão. A máxima "Creio para compreender, compreendo para crer" (Credo ut intelligam, intelligo ut credam) é central. A razão acessa o conhecimento pela luz fornecida pela fé e julga a realidade de acordo com critérios imutáveis (modelos que são compreensíveis na mente de Deus).

A Alma e o Conhecimento

A alma conhece esses modelos por sua própria capacidade intelectual e graças à luz que Deus oferece. Agostinho está interessado no ser humano concreto, no indivíduo único que somos. Através da interioridade, quando a alma retorna a si mesma, encontra a verdade de Deus.

Argumentos para a Existência de Deus

  • Perfeição do Mundo: A descoberta de seu criador: Deus.
  • Consenso Gentium: A maioria dos seres humanos reconhece a existência de Deus.
  • Graus de Bem: Implica que há um Bem supremo, Deus.

As características de Deus são: intemporalidade e instantaneidade.

Doutrina das Razões Seminais

Deus criou a realidade em um único ato, mas apenas algumas coisas receberam existência real; o restante tem o poder de existir e se desenvolver em momentos sucessivos.

Conceito de Mal

O mal é uma privação de ser, a falta de Ser. O mal se manifesta em vários níveis:

  • Mal Metafísico: A privação do Ser dos seres inferiores em relação aos superiores.
  • Mal Moral: O pecado, a má vontade humana.
  • Mal Físico: Doença e morte.

Anselmo de Cantuária: Fé, Razão e a Prova de Deus

Período e Pressupostos

Anselmo de Cantuária é considerado o primeiro pensador da Escolástica. Os pressupostos de sua doutrina são: a fé abre o caminho para a razão ("Creio para compreender"), a fé em Deus é o começo da salvação, e uma vez que aceitamos a existência de Deus, percebemos que Ele é tal que não podemos pensar que não existe.

Argumento Ontológico

Deus é perfeito; é impossível imaginar um ser mais perfeito que Deus. Assim, uma vez que a existência é uma das perfeições divinas (há algo mais perfeito do que o que não existe), Deus deve realmente existir.

A Verdade

A verdade é a justiça. É verdade tudo o que cumpre seu propósito, o que faz o que deve fazer. Portanto, há dois sentidos de verdade nas declarações:

  • Quando a frase significa o que deve dizer.
  • Quando a frase significa o que realmente é.

A Liberdade

As ações naturais sempre cumprem seu propósito, ou seja, são verdadeiras (no primeiro sentido da verdade). As ações livres respondem à decisão do agente, que deve aderir espontaneamente ao que é correto, o que é um uso adequado de sua liberdade (no segundo sentido da verdade).

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