Felizmente Há Luar: Análise Crítica e Relevância Atemporal
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Análise de Felizmente Há Luar: Drama e Alegoria
Felizmente Há Luar é um drama narrativo de caráter social, alinhado aos princípios do teatro épico de Brecht. A obra analisa criticamente a sociedade, expondo a realidade para levar o espectador a tomar uma posição.
Temas Centrais e Mensagem
- Exprime a revolta contra o poder despótico e sublinha o direito e o dever de homens e mulheres transformarem a sociedade.
- A obra é entendida como uma alegoria política. Sttau Monteiro remete o leitor/espectador para os problemas sociais e políticos de Portugal, não apenas no início do século XIX e durante o regime ditatorial do século XX, mas para todos os regimes despóticos e situações repressivas.
- Existe um paralelismo entre a ação presente na peça e os contextos ideológico e sociológico do país.
- Há um mergulho no passado onde se revisitam os acontecimentos históricos para levar o leitor/espectador a interpretar o presente e a refletir sobre a necessidade de lutar contra qualquer opressão.
- Graças à distanciação histórica, a obra denuncia um ambiente político repressivo do início do século XIX, para provocar a reflexão sobre um tempo de opressão e censura que se repete no século XX.
Personagens Chave
- A figura central é o General Freire Gomes de Andrade, que, mesmo ausente, condiciona a estrutura interna da peça e o comportamento de todas as outras personagens.
- O monólogo inicial de Manuel, o mais consciente dos populares, coloca-nos no contexto histórico da obra: invasões napoleónicas e proteção da Inglaterra; situação de repressão do povo pelos senhores do Rossio.
- Matilde de Melo, a companheira de todas as horas, possuidora de uma densidade psicológica notável, surge na obra não apenas como uma sonhadora que sabe amar de verdade, mas como a personagem que, corajosamente, desmascara a hipocrisia e reage contra o ódio e as injustiças. Ela acredita na transformação da situação de opressão em que o povo vive.
Intemporalidade e Símbolos
Felizmente Há Luar é uma obra intemporal que nos remete para a luta do ser humano contra a tirania, a injustiça e todas as formas de perseguição.
Diversos símbolos favorecem a compreensão da situação vivida e da esperança de alcançar a liberdade:
- A saia verde
- A luz
- A noite
- A lua
- A fogueira
- O lume
- A moeda dos cinco réis
- Os tambores
Contexto Histórico e Protesto Artístico
A obra narra a luta pela liberdade no início do século XIX e serve de pretexto para uma reflexão sobre a ditadura em Portugal no século XX. Regimes opressivos, e concretamente o regime salazarista, entre o início dos anos trinta e 1974, foram denunciados e contestados pelos artistas. A literatura, a música e outras artes foram o veículo de protesto contra a censura e a miséria.