Fernando Pessoa Ortónimo: Temas, Estilo e Análise

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Temáticas Centrais

  • Teoria do Fingimento Poético
  • Intelectualização do Sentir
  • Dor de Pensar
  • Fragmentação do Eu
  • Angústia Existencial
  • Solidão, Sonho e Evasão
  • Nostalgia da Infância Perdida
  • Frustração e Tédio

Características Formais

Composição Poética

  • Predomínio da quadra e da quintilha.
  • Verso curto (de 2 a 7 sílabas).
  • Rimas suaves.
  • Recurso a aliterações musicais.

Linguagem e Pontuação

  • Linguagem simples, sóbria, nobre ou eufórica e figurada.
  • Uso de reticências e interrogações.
  • Pontuação emotiva.

Sintaxe

Simples.

Estilo

  • Metáforas inesperadas.
  • Recurso a símbolos.
  • Lirismo nacional (reminiscências de cantigas de embalar, toadas do Romanceiro).

Análise Detalhada dos Temas

Teoria do Fingimento Poético

A aprendizagem do não sentir, que sobrepõe o conhecimento racional ao afetivo. O poema torna-se, assim, uma construção de sentido e não uma construção sentida, porque se baseia na palavra que é a abstração suprema. Nas palavras do próprio Pessoa, é "uma intelectualização da sensibilidade".

Poemas que ilustram: Autopsicografia, Isto e Tenho tanto sofrimento.

A Dor de Pensar

A procura constante de racionalidade, por parte do ortónimo, leva o poeta a viver uma tragédia íntima que o dilacera: o querer sentir de forma racional. Este drama está presente nos seguintes poemas:

  • Ela canta pobre ceifeira
  • Gato que brincas na rua
  • Cansa sentir quando se pensa
  • Não sei ser triste a valer

A Nostalgia de uma Infância Perdida

É inegável que Pessoa sentia uma grande saudade dela, mas trata-se de uma saudade, de uma nostalgia imaginada, intelectualmente trabalhada e literariamente sentida como um "sabor de infância triste".

O tom de lamento que perpassa alguns poemas resulta do constante confronto com a criança que outrora foi, numa Lisboa sonhada, mas ao mesmo tempo real porque familiar, palco dos primeiros cinco anos da sua vida, marcados pela forte relação afetiva com a mãe.

Insatisfeito com o presente e incapaz de o viver em plenitude, Pessoa refugia-se numa infância, regra geral, desprovida de experiência biográfica e submetida a um processo de intelectualização.

Poemas que ilustram: Quando as crianças brincam, Pobre velha música, O menino da sua mãe e Não sei, ama, onde era.

A Fragmentação do Eu e o Tédio Existencial

Pessoa é conduzido a um processo de autoanálise. A dúvida e indefinição relativamente à sua identidade, a angústia do autodesconhecimento, levam o ortónimo a ser incapaz de viver a vida, mergulhando no tédio e angústia existenciais, no desalento e no ceticismo mais profundos.

Poemas: Viajar! Perder Países, A aranha do meu destino, Náusea. Vontade de nada e Tudo o que faço ou medito.

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