Fernando VII: Absolutismo e Liberalismo (1814-1823)

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O Sexênio Absolutista (1814-1820)

Quando Fernando VII regressa a Espanha (24 de março de 1814), a nação saudou-o como o Desejado. Para muitos, agora que o rei estava no país, as coisas voltariam à normalidade. Uma parte importante da nobreza apresentou uma carta a Fernando VII, o Manifesto dos Persas (Valência, 12 de abril de 1814), na qual pedia ao rei o retorno do Antigo Regime.

Vendo-se apoiado, o rei assinou um decreto (04 de maio de 1814) que revogava todo o trabalho legislativo das Cortes de Cádis, restabelecendo, deste modo, o Absolutismo e o Antigo Regime, seguindo a tendência europeia estabelecida no Congresso de Viena (1814-1815).

Contexto da Época

A situação em Espanha, neste período, era dramática: um país empobrecido pela guerra, que destruiu infraestrutura e economia, e uma grave crise demográfica. Além disso, não havia meios para uma rápida recuperação, pois não vinham riquezas da América, que agora estava em luta pela independência face à fraqueza do governo espanhol.

Neste quadro, desenvolveu-se uma oposição significativa ao governo por parte dos liberais, que estavam resignados a ver toda a sua obra destruída. Ocorreram vários pronunciamentos e conspirações ao longo do Sexênio para forçar Fernando VII a proclamar a Constituição, mas sem sucesso, até que, em 1820, o militar Rafael del Riego, em Cabezas de San Juan (Cádis), conseguiu triunfar.

O Triênio Liberal (1820-1823)

O pronunciamento de Riego triunfou a 1 de janeiro de 1820, com o exército que seria enviado para sufocar a revolta americana. Apesar da força da declaração, a organização da conspiração foi desastrosa: Riego ficou isolado em San Fernando, enquanto o resto das guarnições de Espanha não sabia o que esperar. Seis semanas depois, em 19 de fevereiro, Acevedo fez um pronunciamento em La Coruña, seguido por outros quartéis em Espanha.

Fernando VII, que ainda mantinha fortes defensores, não quis correr o risco e jurou a Constituição de 1812, após a publicação de um manifesto. Os liberais tinham derrotado os absolutistas, mas logo surgiram as divisões que marcariam a história do Triênio e o enfraquecimento do regime liberal:

  • Moderados (ou Vinteanistas): Veteranos, mais conservadores.
  • Exaltados (ou Trascendentes): Mais jovens e adeptos de mudanças radicais e rápidas.

Reformas Liberais e Oposição

Os governos liberais iniciaram uma política de reformas aceleradas. A legislação aprovada pelas Cortes de Cádis voltou a estar em vigor (supressão do regime feudal, supressão da Inquisição, etc.), e decretou-se um código penal, a liberdade de comércio e indústria e o confisco eclesiástico.

Os liberais tinham pouco apoio popular, mas tentaram espalhar a sua mensagem política ao público com a ajuda de três instituições:

  1. A Imprensa.
  2. Sociedades Patrióticas.
  3. Milícia Nacional.

Houve também avanços em questões como a religiosa e a reforma do Tesouro. Quanto à questão religiosa, os liberais queriam submeter a Igreja aos seus interesses, o que inevitavelmente levou a uma forte oposição clerical. Medidas como a expulsão dos jesuítas ou a supressão dos mosteiros aumentaram os confrontos, o que foi muito negativo para os liberais, dada a influência que a Igreja exercia sobre a população.

O confronto entre os liberais e o rei, Fernando VII, levou este a procurar a ajuda dos poderes absolutistas da Europa, agrupados na Santa Aliança, para recuperar a sua soberania. O Congresso de Verona (outubro de 1822) concedeu auxílio à França e ordenou a intervenção em apoio a Fernando VII.

Sob o comando do Duque de Angoulême, o exército francês, conhecido como os Cem Mil Filhos de São Luís, conquistou uma vitória fácil sobre os liberais, que não tinham apoio popular, restaurando Fernando VII como rei absoluto.

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