A Filosofia de Aristóteles: Ser Social, Natureza, Alma e Felicidade
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Ser Social
Os seres humanos tendem a viver em uma sociedade organizada. Apenas animais solitários e deuses podem viver isolados. O ser humano é um animal social e político, impulsionado pela necessidade de viver em sociedade (polis). Essa necessidade o leva a se juntar a outros, formando famílias. A união de várias famílias forma uma aldeia ou cidade, e a reunião de várias aldeias e vilas compõe a cidade-estado. Os humanos têm necessidades sociais para atender às suas necessidades e para executar suas funções racionais. O Estado é uma comunidade de cidadãos, um conjunto de homens livres envolvidos na administração da justiça e do governo, cujo fim é a felicidade.
Ética e Felicidade
A teoria antropológica e ética de Aristóteles afirma que a ética é teleológica, ou seja, uma ética de fins, onde a felicidade é considerada o objetivo principal do ser humano. O fim do homem é alcançar uma boa vida. Quaisquer outros fins só podem ser um meio para atingir esse objetivo. O fim da política deve ser o bem do homem, onde a comunidade é natural.
Natureza
A natureza é o modo de ser das coisas. É o princípio interno de cada ser, a partir do qual ele se desenvolve. A natureza é o princípio que rege o desenvolvimento dos seres, a forma que molda a matéria. A substância é um composto de matéria e forma. É necessário estudar o movimento para entender a natureza, pois a mudança é inerente a ela.
Crítica a Platão
Platão dividiu a realidade em dois mundos: o sensível e o das ideias. Aristóteles critica essa divisão, argumentando que as essências das coisas não estão separadas delas, mas sim nelas mesmas. As coisas imitam as ideias, mas o demiurgo é uma ação desnecessária. Aristóteles é um empirista, valorizando a observação sensível. Ele afirma que não há nada no pensamento que não tenha passado antes pelos sentidos. Corpo e alma não são separados, mas formam um composto indissolúvel sujeito à corrupção. Aristóteles rejeita o intelectualismo platônico, afirmando que a sabedoria não é apenas teórica, mas também prática. A ética é identificada com a virtude moral, que é um hábito, uma prática diária. Aristóteles concorda com Platão que a ciência é universal, mas não se aplica apenas à matemática, podendo também desenvolver a física e a biologia.
Alma
A alma é o princípio vital do ser humano. Aristóteles aplica sua teoria hilemórfica para superar a divisão platônica entre corpo e alma, considerando que nosso ser é composto por duas substâncias distintas. A alma é a forma do corpo, o ato, não sendo uma substância em si. O homem é a substância composta de corpo e alma. Aristóteles rejeita a imortalidade da alma defendida pelos pitagóricos e por Platão. Para Aristóteles, a alma não sobrevive à morte, não é eterna e não reencarna. Ele admite a existência da alma em todos os seres vivos. Aristóteles distingue as funções da alma em relação aos seres: vegetativa, sensível e intelectiva. Os seres humanos têm uma alma com as três funções, os animais com as funções vegetativa e sensorial, e as plantas apenas com a função vegetativa.
Felicidade
A ética aristotélica é teleológica, onde a felicidade é vista como o objetivo final do ser humano. O fim do homem não pode ser nada além da felicidade. Qualquer outro fim é apenas um instrumento para alcançar a felicidade. A felicidade é o único propósito autárquico. Alguns acreditam que a felicidade está nas riquezas, outros em satisfazer os desejos, e outros pensam que está em contribuir para o bem comum. Aristóteles identifica a terceira opção como a verdadeira felicidade, pois é autárquica. A felicidade é um modo de vida estável e duradouro.
Virtude
A virtude é uma disposição da alma para agir de forma virtuosa. O homem virtuoso é aquele que conhece as virtudes e as coloca em prática em sua vida diária, alcançando assim a felicidade. Para ser feliz, basta cobrir as necessidades básicas e ter os bens externos necessários. Aristóteles elabora uma classificação das virtudes, distinguindo as virtudes éticas (que aperfeiçoam a vontade e são formadas pela repetição) e as virtudes dianoéticas (que refinam a compreensão e são adquiridas pela instrução).