A Filosofia da Ciência de Thomas Kuhn: Conceitos Essenciais

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Elementos Biográficos de Thomas Kuhn

Thomas Kuhn foi um filósofo e físico norte-americano, autor de A Estrutura das Revoluções Científicas, obra onde apresentou as suas ideias sobre a evolução da ciência e os paradigmas científicos.

Conceito de Comunidade Científica

A comunidade científica é o conjunto de cientistas que partilham um mesmo paradigma, aceitando os mesmos princípios teóricos, métodos e normas para resolver problemas científicos e validar o conhecimento.

Conceito de Paradigma

O paradigma é o modelo teórico e metodológico aceite por uma comunidade científica num dado momento histórico. Ele orienta a investigação, define problemas relevantes, métodos adequados e soluções consideradas válidas.

Conceito de Anomalia

A anomalia é um facto ou resultado experimental que contraria as previsões do paradigma vigente. Normalmente, as anomalias são ignoradas ou explicadas de forma a não ameaçar o paradigma, mas podem acumular-se e gerar crises.

O Processo de Evolução da Ciência: Caracterização dos Períodos

  • Ciência Normal: Fase em que a comunidade científica trabalha dentro de um paradigma aceite, resolvendo problemas e desvalorizando anomalias.
  • Crise: Surge quando as anomalias se acumulam, pondo em causa a capacidade do paradigma resolver os problemas.
  • Rutura Epistemológica: O paradigma vigente é abandonado, e abre-se espaço para novas propostas teóricas.
  • Revolução Científica: Processo de substituição de um paradigma por outro incompatível, alterando os fundamentos teóricos e metodológicos.
  • Ciência Extraordinária: Período de instabilidade em que coexistem diferentes paradigmas até a comunidade científica aceitar um novo como dominante.

Conceito de Revolução Científica

A revolução científica é o processo de substituição de um paradigma por outro incompatível com o anterior. Implica a mudança dos fundamentos teóricos, métodos e problemas considerados relevantes pela comunidade científica.

A Incomensurabilidade dos Paradigmas

A incomensurabilidade dos paradigmas significa que não podem ser comparados de forma objetiva, pois cada um possui os seus próprios critérios de validade, linguagem conceptual e visão do mundo, impossibilitando uma avaliação neutra entre eles.

Objetividade e Subjetividade na Ciência (Perspetiva de Kuhn)

Para Kuhn, durante os períodos de ciência normal, a investigação é relativamente objetiva, pois os cientistas partilham o mesmo paradigma, métodos e critérios para avaliar teorias e resultados. Contudo, nas fases de crise e de revolução científica, a escolha entre paradigmas concorrentes não é feita apenas com base em critérios objetivos (como capacidade preditiva ou simplicidade), mas também por fatores subjetivos, sociais e culturais.

Kuhn afirma que os paradigmas possuem visões de mundo distintas e não existe um critério universal e neutro que permita decidir, de forma totalmente racional e objetiva, qual paradigma é superior. A decisão envolve valores pessoais, interesses institucionais, formação académica e contexto histórico. Assim, embora a ciência tenha momentos de objetividade, ela não é um processo totalmente objetivo e cumulativo, ao contrário do que defendia a visão positivista.

Objeções e Críticas à Perspetiva Historicista de Kuhn

As principais críticas à teoria de Kuhn referem-se à sua aparente defesa do relativismo científico e à ideia de que não existe progresso objetivo na ciência. Segundo os críticos, se os paradigmas são incomensuráveis e a escolha entre eles depende de fatores subjetivos e sociais, então não haveria forma de afirmar que a ciência se aproxima progressivamente da verdade.

Alguns filósofos, como Karl Popper, acusam Kuhn de desvalorizar a racionalidade científica e de sugerir que as revoluções científicas são mais comparáveis a mudanças de moda do que a melhorias fundamentadas. Outros apontam que, na prática, existem critérios comuns — como o poder explicativo e a capacidade de prever novos fenómenos — que permitem comparar e avaliar paradigmas, garantindo algum grau de continuidade e objetividade no progresso científico.

Por fim, critica-se também a ideia de incomensurabilidade, argumentando que, apesar das diferenças entre paradigmas, os cientistas conseguem compreender e avaliar teorias rivais, sendo possível estabelecer diálogos e pontos de contacto entre diferentes tradições científicas.

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