Filosofia: Empirismo, Racionalismo, Descartes e Hume
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Diferença entre Empirismo e Racionalismo
Ambas as correntes filosóficas, *Empirismo* e *Racionalismo*, admitem duas fontes de conhecimento: a experiência e a razão (pensamento). Contudo, a distinção fundamental reside na prioridade atribuída a cada uma:
- O *Empirismo* considera a experiência a fonte fundamental do conhecimento. O conhecimento de facto é adquirido pela experiência. David Hume, por exemplo, defende que as crenças não têm um caráter racional (*a priori*). O empirismo nega a existência de *ideias inatas*, defendendo que o conhecimento tem origem nas *impressões*. Afirma que todas as nossas ideias têm origem nas *impressões*.
- O *Racionalismo* considera a razão (pensamento) a fonte fundamental do conhecimento. A justificação do conhecimento é dada pela razão ou pelo pensamento, visto que o *Cogito* (penso, logo existo) é adquirido pela razão. René Descartes defende que as crenças básicas têm um caráter racional (*a priori*). O racionalismo reconhece as *ideias inatas* como um papel fulcral, consideradas como princípio do conhecimento, provenientes da razão e não dos sentidos.
O Método Cartesiano
O *Método Cartesiano*, proposto por René Descartes, é composto por quatro regras fundamentais para a busca do conhecimento verdadeiro:
- Regra da Evidência: Só admitir como verdadeiro o que parece evidente, evitando a precipitação e a prevenção.
- Regra da Análise: Dividir o problema em tantas partes quantas as possíveis – análise.
- Regra da Síntese: Recompor a totalidade subindo por degraus – síntese.
- Regra da Enumeração/Revisão: Rever o todo para se ter a certeza de não existir qualquer erro.
Tipos de Ideias em Descartes
Descartes classificou as ideias em três tipos principais:
- Ideias Adventícias: Produzidas pelos sentidos. São ideias confusas que não conduzem a um conhecimento verdadeiro. Ex.: casa, árvore, carro.
- Ideias Inatas: Produzidas pelo entendimento. São ideias claras e distintas, constitutivas da própria razão. Ex.: ideia de pensamento, ideias matemáticas.
- Ideias Factícias: Produzidas pela imaginação. São ideias confusas e erróneas. Ex.: dragão, sereia.
Aspetos do Cogito Cartesiano
O *Cogito* ("Penso, logo existo"), de René Descartes, apresenta tanto aspetos positivos quanto negativos para o conhecimento e a filosofia:
Aspetos Positivos do Cogito
- Superação do Ceticismo: A dúvida resolve-se em certeza, constituindo a primeira verdade indubitável.
- Fundamento da Ciência: O "penso, logo existo" é a primeira verdade, o ponto de Arquimedes a partir do qual podemos deduzir e obter novas verdades.
- Critério de Verdade: Será verdadeiro o que for tão claro e distinto como o *Cogito*.
Aspetos Negativos do Cogito
- Finitude do Cogito: O *Eu Pensante* tem a certeza de que existe enquanto pensa. Se deixar de pensar, deixa de existir.
- Imperfeição do Cogito: O *Cogito* foi alcançado numa experiência de dúvida. Duvidar é sinal de imperfeição, tal como conhecer é sinal de perfeição.
- Clausura do Eu Pensante: O *Eu Pensante* encontra-se sozinho com os seus pensamentos, o que levanta questões sobre a existência do mundo exterior.
Impressões e Ideias em David Hume
David Hume distingue dois tipos de perceções da mente, com base na sua vivacidade e força:
- Impressões: São as perceções mais vívidas e fortes, que experimentamos no momento presente.
- Simples: Por exemplo, a perceção de um automóvel vermelho.
- Complexas: A visão global de um povoado a partir de um ponto alto.
- Ideias: São cópias enfraquecidas das impressões, que surgem na memória ou na imaginação.
- Simples: A recordação de um automóvel vermelho.
- Complexas: A recordação do povoado.
Conhecimento de Factos vs. Conhecimento de Relações
Hume também estabeleceu uma distinção crucial entre dois tipos de conhecimento:
- Conhecimento de Factos: Este tipo de conhecimento implica um confronto das proposições com a experiência. Os conhecimentos de facto são proposições cujo valor de verdade tem de ser testado pela experiência (*a posteriori*).
- Conhecimento de Relações de Ideias: Consiste em analisar o significado dos elementos de uma proposição e em estabelecer relações entre as ideias que a proposição contém. Este conhecimento é obtido pela razão (*a priori*) e não depende da experiência.