Filosofia Essencial: Pensadores e Conceitos Chave
Classificado em Filosofia e Ética
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Direito Natural: A Visão de Hobbes
Hobbes concebe o direito natural como “a liberdade que cada homem tem de usar livremente o próprio poder para a conservação da vida e, portanto, para fazer tudo aquilo que o juízo e a razão considerem como os meios idôneos para a consecução desse fim” [13]. O Direito Natural nasce a partir do momento em que surge o Homem. Contudo, Hobbes considerava que esse direito natural levaria à guerra de todos contra todos e à destruição mútua, tornando necessária a criação de um direito positivo ou um contrato social. Este, por sua vez, seria garantido por um poder centralizado que estabeleceria regras de convívio e pacificação. Este é um momento importante de crítica ao Direito Natural, que a partir daí seria sistematicamente realizada pelos adeptos do positivismo jurídico.
Hobbes: O Teórico do Poder Soberano
É reconhecido, entre os pensadores do jusnaturalismo racional, como o teórico do poder soberano, sobretudo em função de suas ideias. Para Hobbes, o estado de natureza humana propicia o amplo uso da liberdade, que passa a ser irrestrito, a ponto de uns lesarem, invadirem, usurparem e prejudicarem os outros. Não há o controle racional do homem no estado de natureza, como afirma Locke, nem o estado idílico e bucólico de pleno deleite do estado de natureza tal qual concebido por Rousseau, no século XVIII.
Kant: A Ética do Imperativo Categórico
É revolucionária, inaugurando um conjunto de preocupações muito peculiares, que não se confundem com as preocupações teleológicas, utilitaristas ou hedonistas. A preocupação kantiana está em dizer que a razão humana é insuficiente para alcançar o modelo ideal de realização da felicidade humana. A ética é um compromisso de seguir o próprio preceito ético fundamental. Segui-lo em si e por si, estando conforme ao dever, não é o mesmo que segui-lo apenas por se tratar do dever. O homem que age moralmente deverá fazê-lo não porque visa à realização de qualquer outro algo, mas pelo fato de colocar-se de acordo com a máxima do imperativo categórico. Assim, agir de acordo com o imperativo é a suma ética de Kant.
Moral: A Vontade Autônoma
Na filosofia moral, a vontade aparece como absolutamente autônoma, liberta de qualquer heteronomia que só poderia conspurcar a pureza primitiva em que se concebe constituída a vontade.
Agostinho: Influência na Filosofia e Teologia
Agostinho é uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do Cristianismo no Ocidente. Em seus primeiros anos, Agostinho foi fortemente influenciado pelo maniqueísmo e pelo neoplatonismo de Plotino. Contudo, após tornar-se cristão (387), ele desenvolveu sua própria abordagem sobre filosofia e teologia, com uma variedade de métodos e perspectivas diferentes. Ele aprofundou o conceito de pecado original dos padres anteriores e, quando o Império Romano do Ocidente começou a se desintegrar, desenvolveu o conceito de Igreja como a Cidade Espiritual de Deus (em um livro de mesmo nome), distinta da cidade material do homem. Seu pensamento influenciou profundamente a visão do homem medieval. A Igreja se identificou com o conceito de "Cidade de Deus" de Agostinho, e também com a comunidade que era devota de Deus.
Na história do pensamento ocidental, sendo muito influenciado pelo platonismo e neoplatonismo, particularmente por Plotino, Agostinho foi importante para o "batismo" do pensamento grego e sua entrada na tradição cristã e, posteriormente, na tradição intelectual europeia. Também foram importantes seus adiantados e influentes escritos sobre a vontade humana, um tópico central na ética, que se tornaram um foco para filósofos posteriores.
É largamente devido à influência de Agostinho que o Cristianismo ocidental concorda com a doutrina do pecado original. Os teólogos católicos geralmente concordam com a crença de Agostinho de que Deus existe fora do tempo e no "presente eterno"; o tempo só existe dentro do universo criado.
O pensamento de Agostinho foi também basilar na orientação da visão do homem medieval sobre a relação entre a fé cristã e o estudo da natureza. Ele reconhecia a importância do conhecimento, mas entendia que a fé em Cristo vinha restaurar a condição decaída da razão humana, sendo, portanto, mais importante. Agostinho afirmava que a interpretação da Bíblia deveria ser feita de acordo com os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural. Escritos como sua interpretação do livro bíblico do Gênesis, como o que chamaríamos hoje de um "texto alegórico", iriam influenciar fortemente a Igreja medieval, que teria uma visão mais interpretativa e menos literal dos textos sagrados.
Locke: Leis Naturais e o Estado de Paz
Não acreditava na existência de leis inatas, mas isso não significa que ele não enxergasse outras leis além da positiva. Para Locke, as leis naturais não são inatas, não se encontram impressas na mente humana; estão na natureza e podem ser conhecidas pelo uso da razão. Diferente de Hobbes, não possui uma visão pessimista do estado de natureza. Este não seria o estado de guerra, onde o homem age como lobo do homem, mas sim um estado de paz.