A Filosofia de Immanuel Kant: Contexto, Ética e Metafísica
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Immanuel Kant
1. Contexto Histórico
O século XVIII é marcado pela Ilustração (1688-1789). Fatos relevantes:
- Fim do Antigo Regime e o Surgimento do Despotismo Esclarecido: As ideias de liberdade emergem com a queda dos reis absolutos, levando ao poder monarcas que praticam o despotismo esclarecido. O pensamento de Kant se insere nesse contexto, pois, apesar de ser na época do Iluminismo, ele argumenta que não é uma era iluminada devido ao despotismo.
- Conflito Igreja-Estado: Uma das ideias do Iluminismo é a separação entre Igreja e Estado, visando a liberdade de pensamento e política. Isso levou à Revolução Francesa.
- Revoluções Iluministas: As Revoluções Americana e Francesa introduziram constituições e declarações de direitos humanos. Kant reivindica esses direitos, afirmando que o ser humano é um fim em si mesmo e nunca um meio.
2. Contexto Cultural
- Ideais do Iluminismo: Desenvolveu-se na França, Inglaterra e Europa Central, baseando-se em:
- A Razão: Somos seres racionais e devemos ser guiados pela razão em nosso comportamento.
- O Progresso: A razão deve servir ao progresso. Existem dois tipos de progresso: o tecnológico, que ajuda o ser humano a viver melhor e ser mais livre; e o progresso humano, que auxilia o desenvolvimento do ser humano. Este último é o que Kant aborda.
- A Liberdade: Abrange as esferas política, cultural, de pensamento e religiosa. Kant busca a liberdade humana como o motor de sua filosofia, postulando que, se somos livres, devemos ser responsáveis.
- A Felicidade: Embora seja um objetivo, Kant não a considera o único fim importante, pois pode haver indivíduos que não desejam ser felizes.
- O Desenvolvimento Científico: Graças à formulação de leis naturais, com base na ciência newtoniana. Kant argumentará que a filosofia não é ciência e não deve se limitar a ela. Além disso, neste período surge a Enciclopédia, que compila todo o conhecimento da época.
- Arte Neoclássica: O retorno ao classicismo, aplicando a razão à arte. O conceito de beleza em Kant, no entanto, não se encaixa no clássico. Para ele, a natureza é sublime, o que revela uma tendência romântica.
3. Quadro Filosófico de Kant
Kant faz parte de duas correntes filosóficas:
- O Empirismo das Ilhas Britânicas.
- O Racionalismo francês e alemão.
Kant teve uma formação racionalista, mas após estudar Hume, combinou as duas teorias.
6. O Ser Humano e a Ética Kantiana
- Ética Empírica: Dada a posteriori.
- Ética Racional ou Metafísica: Dada a priori, busca descobrir os princípios da vontade pura ou as condições transcendentais que tornam possível o comportamento moral. Kant defende a ideia de que a única coisa que pode ser considerada boa a priori é a boa vontade. O que torna uma vontade boa é o dever; uma ação pode ser feita por dever ou sujeita ao dever.
Kant afirmará que a ação correta é um princípio a priori da vontade que ele buscava, ou a condição a priori do comportamento moral. A lei moral deve ser uma lei formal e exige o maior respeito pela razão e pela vontade.
A máxima se expressa como um imperativo:
- Imperativo Hipotético: Ordena a execução de uma ação para conseguir algum efeito, possuindo, portanto, um conteúdo específico e material.
- Imperativo Categórico: Exige o cumprimento do dever ou a necessidade de cumprimento de um dever que se baseia na liberdade.
Segundo Kant, os seres humanos são fins em si mesmos, nunca meros meios. Portanto, a vontade humana e o comportamento moral estão imersos em um Reino dos Fins, no qual a própria vontade é a única que pode criar leis de forma livre e independente.
Ele afirmará a existência de Deus e a imortalidade da alma como Postulados da Razão Prática. Para realizar nosso dever plenamente, precisamos de um tempo infinito, uma ideia que pressupõe a imortalidade da alma.
7. Deus
Kant acredita que Deus é um númeno. Seu conhecimento é possível através da aplicação prática da razão, na qual Deus aparece como um Postulado da Razão Prática, que nos assegura a recompensa de uma vida marcada pelo dever. Embora não seja possível conhecer a Deus empiricamente, é possível ter crenças racionais sobre o assunto.
8. Sociedade
A distinção kantiana entre o uso teórico e prático da razão revela uma dualidade nas dimensões humanas: uma dimensão empírica (sensível) e outra ético-social. Na primeira dimensão, o ser humano seria um ser autônomo, capaz de juízos morais. De acordo com a segunda, o ser humano seria um ser social, pois está inserido em um Reino dos Fins e, portanto, pertence a uma comunidade de indivíduos.