Filosofia da Linguagem: Wittgenstein, Frege e a Virada
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Wittgenstein e a Linguagem como Jogo
Para o autor, quando se diz ou nomeia uma coisa, esse nome deve expressar a coisa, deve fazer referência às coisas, e o enunciado deve explicitar exatamente aquilo que se quer. Para Wittgenstein, a linguagem precisa ser organizada de tal modo que a sua organização sintática tenha pretensão de verdade. Isso requer domínio da lógica matemática simbólica, pois, para o autor, só uma sentença é verdadeira no contexto em que a linguagem está inserida.
Dentro das Investigações Filosóficas, vemos que a base é a linguagem cotidiana e a gramática, os usos linguísticos. O autor abandona o formalismo e rompe com a ideia de que nomes designam objetos simples. Para ele, só se pode entender aquilo que é nomeado, e o nome possibilita a apreensão do objeto, mas nunca com pretensão universal.
Dentro da filosofia, o autor afirma que ela se ocupa em tornar clara a imagem, sendo responsável por intermediar a relação do homem com o mundo. Isso possibilita a formação de proposições claras, pois quando o sujeito faz uma proposição, ela precisa ser clara e apresentada com exatidão.
Para o autor, a linguagem é o resultado das interações sociais nas quais os sujeitos estão inseridos. O autor utiliza a vertente do convencionalismo e, dentro das Investigações, tem como base a linguagem cotidiana e a gramática. Ele rompe com a ideia de que nomes designam objetos simples, quebrando com a visão essencialista de Platão e Agostinho.
Para Wittgenstein, a linguagem não é um rótulo ou uma etiqueta do objeto. A relação que o homem estabelece com o mundo é mediada pela linguagem em suas variadas formas. Para ele, o nome indica a pretensão do objeto e nunca um elemento universal. Portanto, no pensamento de Wittgenstein, não é possível representar o mundo objetiva e universalmente.
Frege: Lógica, Pensamento e Verdade Objetiva
Para Frege, sua preocupação principal está relacionada com o pensamento e a verdade, e não com a linguagem em si mesma. O critério que ele procura oferecer à linguagem é objetivo, e não subjetivo. O autor estabelece a lógica matemática. Sua preocupação principal está voltada para o pensamento e para que a linguagem seja verdadeira. Em vista disso, o critério para a verdade passa pela lógica.
É forte a ideia do autor de estabelecer uma conexão entre a língua e o cálculo, buscando transformar a linguagem em esquemas lógicos matemáticos. Frege busca investigar o pensamento expresso em frases para concluir que alguns objetos podem ser dados por meio da linguagem. Para ele, quando se diz algo, é preciso explicitar a natureza das coisas.
Para o autor, a linguagem não comporta expressões abstratas, mas sim, concretas. Em Frege, uma proposição é vista como verdadeira ou falsa, e ele procura eliminar da linguagem qualquer expressão que não se remeta a algo particular. Para ele, a linguagem é universal do ponto de vista da estrutura lógica. O pensamento passa a ser comunicado pela linguagem, e Frege busca exprimir a linguagem com exatidão.
Para o autor, a linguagem é eficiente quando busca tratar e prevenir os erros do pensamento. Há algumas expressões que não têm possibilidade de ser traduzidas, como no caso de criar expressões linguísticas a partir de um sinal. É importante ressaltar que, para Frege, não existe a priori gramatical. O autor busca o fazer-se entender; a linguagem é a prática da enunciação e da comunicação entre os indivíduos. Ainda assim, para o autor, um sinal ou uma palavra tem sentido na medida em que pode ser utilizado para a prática comunicativa entre os falantes.
A Virada Linguística e o Paradigma do Século XX
Dentro da Virada Linguística, vemos a contribuição de Nietzsche para a linguagem, que se torna uma convenção ao se cristalizar. Para o autor, ela muda de conceitos. Para Nietzsche, as palavras são apenas sons e a linguagem, uma mera convenção.
Dentro da Virada Linguística, a pergunta central é sobre “quem é o homem”. A teoria darwiniana provocou a ideia de que o sujeito não é o mesmo, e, com isso, Darwin abala qualquer fundamento metafísico ou metodológico da natureza humana. Em Darwin, temos a luta das espécies; em Nietzsche, o elemento determinante é a cultura; em Marx, é a luta do trabalho.
Para Nietzsche, as verdades são fixadas no tempo, e isso implica que, dependendo do ponto de vista do sujeito diante do objeto, ele lança uma opinião. Nietzsche tem uma contribuição muito grande para a filosofia e para a questão do que é filosofar, e qual o critério que estabelece o verdadeiro e o falso. Já para Popper e Habermas, a verdade precisa ser testada.
As investigações de Nietzsche sobre a linguagem nos permitem entender que há grandes metáforas, grandes somas de relações humanas que se tornaram convenções. Nietzsche propõe a filosofia como uma filologia. É a partir dessas investigações que a Virada Linguística se coloca como um problema filosófico, desencadeando um grande processo que permite rever os problemas tradicionais da filosofia dentro do horizonte do paradigma linguístico.
No século XX, o discurso se coloca como uma necessidade, e a filosofia se aproxima dos aspectos empíricos. Por exemplo, o Círculo de Viena representa a base empírica da linguagem. Com isso, a linguagem irá prefigurar os fatos reais de acordo com o que eles são, e voltam os problemas de como os nomes expressam as coisas.