Filosofia Moderna: Racionalismo, Empirismo e Metafísica
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1- Características Gerais da Filosofia Moderna: Antecedentes Históricos
O período entre os séculos XVII e XVIII foi marcado por confrontos entre países europeus e pela expansão colonial. O Estado Moderno consolidou-se, com a monarquia absoluta como sistema político dominante. A classe burguesa comercial teve grande desenvolvimento, impulsionando o contexto cultural e filosófico do Barroco. O surgimento e desenvolvimento da ciência, separando-se da filosofia, foi um marco. Filósofos surgiram em resposta ao avanço científico, com o problema do conhecimento como tema central. Questionava-se a origem, os tipos, os métodos, a validade e os limites do conhecimento, com a razão como principal ferramenta para obter conhecimento verdadeiro.
Nesse período, a influência de Descartes foi significativa, gerando apoio e críticas. Duas grandes correntes filosóficas se destacaram:
Racionalismo | Empirismo | |
Área | Continental (Europa) | Britânico |
Fonte do Conhecimento | A razão é a principal fonte de conhecimento | Experiência sensorial (dos sentidos) |
Conteúdos Básicos da Mente | Ideias inatas (a priori). Independentes da experiência. Conhecimento ilimitado. | Ideias adquiridas. Provêm da experiência. Conhecimento limitado. |
Método para Obter Conhecimento Válido | Dedução | Indução |
Modelo Científico | Matemática | Física |
Causalidade em Hume
Hume argumenta que nosso conhecimento dos fatos se resume a impressões. Não podemos ter conhecimento certo de eventos futuros, embora na vida cotidiana falemos com certeza sobre eles e afirmemos o nexo de causalidade. Hume utiliza o exemplo das bolas de bilhar para ilustrar sua tese. Ele identifica três circunstâncias importantes na discussão sobre a causalidade: a proximidade no tempo e no lugar entre causa e efeito, a prioridade da causa (ela ocorre antes do efeito) e a conjunção constante entre eles (a conexão regular entre causa e efeito).
Contudo, Hume observa que não há uma conexão necessária entre causa e efeito. A filosofia anterior entendia que o princípio da causalidade implicava uma relação real e necessária, algo que Hume questiona. Ele distingue entre relações entre ideias, que podem ser apreciadas a priori e são necessárias, e questões de fato, que a experiência demonstra como uma sucessão, mas não uma sequência necessária. Não encontramos uma impressão que corresponda à conexão necessária.
O princípio da causalidade só é válido quando aplicado à experiência, ou seja, ao passado, e não ao futuro, do qual não temos impressão. A inferência causal nos leva a produzir eventos futuros, mas o princípio de causalidade em objetos que não são da experiência não tem valor. A razão não pode ir além da experiência, o que leva à crítica de conceitos metafísicos baseados na aplicação indevida do princípio da causalidade. Para Hume, a ideia de causalidade é uma invenção da nossa imaginação, uma mera expectativa ou crença gerada pelo hábito e pela experiência. A observação de uma ligação regular entre dois fenômenos nos leva a afirmar com certeza, impulsionados pela inclinação da nossa imaginação devido ao hábito.
2- A Metafísica de Leibniz (Mônadas e Harmonia Preestabelecida)
Leibniz defende uma concepção pluralista e dinâmica da realidade. A realidade é constituída por uma infinidade de mônadas, que são unidades elementares indivisíveis e inextensas, como átomos de energia ou pontos metafísicos simples. O que define a realidade é a energia, uma força externa ou capacidade de ação que impulsiona cada mônada. As mônadas são ingeneráveis e indestrutíveis, nascendo por criação divina e só podendo desaparecer por aniquilação divina. Cada ser real é um agregado de mônadas.
- Os seres inorgânicos são formados pela justaposição de mônadas.
- Os seres orgânicos possuem uma mônada principal que rege os outros grupos, sendo a "alma".
As mônadas possuem duas características principais: percepção e apetite.
- Percepção é a capacidade de representar algo exterior.
- Apetite é a força interna ou tendência à mudança de um estado para outro.
Cada mônada é um microcosmo, refletindo todo o universo em si. No homem, a percepção torna-se consciente ("Entendimento") e o apetite torna-se livre ("vontade").
As mônadas são unidades fechadas e isoladas, mas aparentemente interagem. Leibniz explica essa interação, especialmente entre corpo e alma, através da ideia de harmonia preestabelecida. Deus organizou as atividades da alma e do corpo de forma perfeitamente sincronizada.
Leibniz defende o otimismo cósmico, afirmando que vivemos no melhor dos mundos possíveis. Deus, guiado pelo princípio da perfeição, criou o mundo, e o mal é considerado uma condição necessária para o funcionamento do sistema.
LEIBNIZ | HUME | |
1ª Verdade ou Conhecimento | "Verdades de Razão": Inatas, verdadeiras independentemente da experiência (a priori). Necessárias e analíticas. Baseadas no Princípio da Contradição (o oposto é impossível). O predicado já está contido no sujeito. | Relações entre Ideias: Não requerem experiência (a priori). São necessárias e analíticas, não fornecem nova informação, pois o predicado está implícito no sujeito. Baseiam-se no Princípio da Contradição. Pertencem às ciências formais. |
2ª Verdade ou Conhecimento | "Verdades de Fato": Adquiridas pela experiência (a posteriori). Contingentes (podem ser de outra forma). Baseadas no Princípio da Razão Suficiente (tudo o que acontece tem uma razão). Sintéticas (o predicado amplia a noção do sujeito). | Questões de Fato: Caracterizam a ciência experimental. Proposições que descrevem fatos, cuja validade depende da experiência (a posteriori) e se originam nas impressões. O oposto de uma questão de fato não envolve contradição. Todo conhecimento de fatos baseia-se no princípio da causalidade. |