A Filosofia de Ricardo Reis e a Ode Triunfal
Classificado em Língua e literatura
Escrito em em
português com um tamanho de 2,63 KB
Ricardo Reis
Ricardo Reis propõe, pois, uma filosofia moral de acordo com os princípios do epicurismo e uma filosofia estóica:
- “Carpe diem” (aproveitai o dia), ou seja, aproveitai a vida em cada dia, como caminho da felicidade;
- Buscar a felicidade com tranquilidade (ataraxia);
- Não ceder aos impulsos dos instintos (estoicismo);
- Procurar a calma, ou pelo menos, a sua ilusão;
- Seguir o ideal ético da apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade (sobre esta apenas pesa o Fado).
Ode Triunfal
A Ode Triunfal, o texto mais representativo desta fase, constitui um elogio explosivo e excessivo da civilização tecnológica. Segundo Fernando Pessoa, Álvaro de Campos passa da fase decadentista para a futurista, por influência de Alberto Caeiro e pelo fascínio da sensação. Só que, enquanto Caeiro sente de forma plácida e serena, Campos sente de forma excessiva e conturbada.
Ao tédio e ao desencanto da fase decadentista, sucedem os excessos do sensacionismo e da vanguarda próprios da fase futurista, com o cântico exacerbado e claramente provocatório do progresso e da civilização moderna.
Ambiente moderno, mecânico, dominado pela técnica e pela evolução industrial:
- Visuais: luz - "A dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica" (v. 1);
- Cinéticas - "Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes" (v. 23), "Ó rodas, ó engrenagens!" (v. 5);
- Auditivas: "...r-r-r-r-r-r-r eterno" (v. 5);
- Olfativas: "A todos os perfumes de óleos e calores e carvões" (v. 31);
- Táteis: Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma;
- Gustativas: “Tenho os lábios secos (...)”;
Interjeições: "Ah" (v. 26);
Enumerações - "(...) e canto o presente, e também o passado e o futuro" (v. 17);
Onomatopeias - "r-r-r-r-r-r-r eterno!" (v. 5);
Apostrofe - "Ó rodas…" (v. 5);
Interjeição - "E arde-me a cabeça." (estado de espírito) (v. 12);
Anáfora - (v. 2);
O título desta “Ode” dá-nos, pois, desde logo, a sensação de qualquer coisa grandiosa, não apenas no conteúdo, mas também na forma. Assim sendo, o título deste poema pode explicar-se da seguinte forma: Ode porque é uma composição poética lírica destinada a cantar algo de elevado. Triunfal porque é a celebração da modernidade, do triunfo da civilização técnica e industrializada.