Filosofia do Século XVII: Racionalismo e Empirismo

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Contexto Histórico do Século XVII

O século XVII é marcado por processos iniciados no Renascimento, como o Humanismo, a Reforma e os avanços técnicos. É também o século da nova ciência, cujo principal representante é Galileu, que tornou possível o conceito de ciência para Francis Bacon: "o homem pode conquistar a natureza, e o instrumento para isso é a ciência." Eles também propuseram um método hipotético-dedutivo:

  • Formulação da hipótese.
  • Verificação experimental.
  • Tratamento conceitual matemático.

Este método foi utilizado para atender às exigentes necessidades da burguesia industrial e teológicas. A imagem do universo mudou, e o modelo aristotélico desapareceu graças a pensadores como Copérnico, Kepler e Descartes.

Racionalistas: Descartes, Spinoza e Leibniz

René Descartes

Tudo começa com uma nova filosofia. Em seu Discurso do Método, Descartes defende uma reformulação profunda na maneira de fazer filosofia: um compromisso com a confiança absoluta na razão e na aplicação de métodos matemáticos. A verdade deve vir da razão e não dos sentidos e, portanto, tem duas características: é inata e necessária. Não precisa ser corroborada por algo alheio a ela. Só então o conhecimento da realidade e a própria realidade coincidem.

Baruch Spinoza

Sua principal obra é a Ética. O que lhe interessa é o homem e sua felicidade. Mas isso não pode ser alcançado se falsearmos nossa posição na natureza. O ser humano é parte da natureza e não deve seguir os enganos da imaginação. Somente com o pensamento racional pode-se estar no seu devido lugar. Spinoza chama de imaginação todo o conhecimento que se limita ao corpo e nos permite conhecer a realidade apenas parcialmente. Da imaginação emergem ilusões. Ex.: "acreditar que o mundo é para servir ao homem ou acreditar que conceitos como calor e frio explicam a natureza." Da imaginação, além disso, nascem paixões que nos escravizam, sendo dominadas pela alegria e tristeza. Mas as pessoas podem ver o mundo de outra forma: através do pensamento, ou seja, produzindo suas próprias ideias. Portanto, o comportamento humano deve ser dirigido a Deus, fonte de felicidade na medida em que Ele está fora da realidade física. Isto é o que é chamado de pensamento e de ação que leva ao conhecimento do Todo.

Gottfried Wilhelm Leibniz

Leibniz defende que habitamos um mundo múltiplo e diversificado, composto por pequenas unidades que ele chamou de mônadas, que se relacionam umas com as outras para formar substâncias mais complexas. Como é possível que este cosmos infinito constitua uma unidade ordenada? Graças à harmonia. E por que este mundo e não outro? Pelo princípio da conveniência ou da escolha do melhor. Entre todos os mundos possíveis, Deus escolheu este. Essas mônadas não podem agir umas sobre as outras; é Deus, "o grande relojoeiro", quem tem todos os movimentos sincronizados em uma harmonia pré-estabelecida. Cada mônada é uma imagem da divindade e, portanto, é capaz de conhecer o sistema do universo (panteísmo).

Empiristas: Hobbes, Locke e Hume

Thomas Hobbes

Hobbes defende a necessidade de uma autoridade absoluta, tentando provar que toda lei é justa se provém da mesma autoridade e, portanto, não deve ser desobedecida. Ele considera a máquina política como um relógio, dividindo-a em:

  • Matéria: Homens.
  • Contrato: Forma social.
  • Poder: Máquina absoluta.
O Estado de Natureza (Hobbes)

Em seu estado de natureza, os homens são todos iguais, não há necessidade de estarem juntos, têm liberdade absoluta para usar seu próprio poder, mas vivem em um estado de guerra de todos contra todos, onde há injustiça porque não há lei.

O Contrato Social (Hobbes)

Desta situação pode-se sair porque a razão dita as leis naturais que:

  • Procuram a paz.
  • Garantem a justiça natural e a liberdade.
  • Forçam todos a respeitar os acordos em vigor (onde nasce a justiça).

Mas é necessário um homem ou um conjunto capaz de unificar todas as vontades. Isto marca o contrato social. O contrato social refere-se à origem e não à forma de governo. O governante absoluto é o resultado de um pacto feito por indivíduos que abandonam voluntariamente os seus direitos. Assim, em nenhum momento se deve remover o poder. Hobbes nega a separação de poderes.

John Locke

A lei natural, corretamente combinada, isto é, os ditames da razão, faz parte da natureza humana.

  1. No estado de natureza, todos são iguais, livres e independentes, mas existe um direito de propriedade. A lei natural exige respeito mútuo e, portanto, há o direito de punir aqueles que infringem a lei.
  2. O Estado surge de um contrato pelo qual os homens decidem proteger esse direito à propriedade. Isto dá origem a três conclusões:
    • A potência máxima será a legislativa (os defensores da separação de poderes).
    • O poder do monarca deve ser limitado, garantindo assim a proteção dos direitos dos indivíduos. Não faz sentido que o monarca não tenha poder para controlá-lo.
    • O poder do monarca é revogável. Deve servir o bem público.

Locke defende a liberdade de pensamento e ação, desde que não prejudiquem o outro. Este é o princípio da tolerância.

David Hume

Hume rejeita qualquer tentativa de basear a ética na razão, afirmando que a ética não se baseia em formas eventuais. A razão é incapaz de mover o homem; o que o move é o sentimento. O bem e o mal não são questões racionais. Sua origem está em outro lugar. Isto é o que é chamado de falácia naturalista.

A Falácia Naturalista (Hume)

Se examinarmos qualquer ação humana, nunca encontraremos o vício. As coisas mudam quando refletimos sobre a ação que está sendo realizada por nós mesmos e encontramos desaprovação. A desaprovação é um sentimento de culpa. A culpa não está na ação em si, de modo que a moral é um sentimento. Esse sentimento pode estar relacionado com a utilidade, de modo que, quando minhas ações contribuem para o bem comum, recebemos aprovação.

Sua ética é, portanto:

  • Emotivista (baseada em emoções).
  • Utilitarista.

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