Filosofia: Teorias Não Essencialistas da Arte e Provas da Existência de Deus

Classificado em Filosofia e Ética

Escrito em em português com um tamanho de 91,75 KB

Teorias Não Essencialistas

Teorias Não Essencialistas

Morris Weitz defende que o conceito de arte é um conceito aberto; é um conceito que não está submetido a condições necessárias e suficientes - não pode ser definido (explicitamente).

Perspetiva Antiessencialista - Como reação ao ceticismo de Weitz, surgiram outras definições de arte: definições não essencialistas.

Teoria Institucional da Arte

Teoria Institucional da Arte - Destaca o contexto em que surgem e são apreciadas as obras de arte; chama a nossa atenção para as propriedades relacionais, extrínsecas e não observáveis das obras de arte.

  • George Dickie - Algo é uma obra de arte → se e só se → é um artefacto, tendo sido atribuído a um conjunto das suas características o estatuto de candidato à apreciação, por uma ou várias pessoas que atuam em nome de determinada instituição social: o mundo da arte.

Mundo da Arte

Mundo da Arte - Inclui: museus, galerias, salas de espetáculos, festivais, exposições, leilões, publicações.

Assim como pessoas que se consideram membros desse mundo, e que estão, por isso, em condições de agir em nome dele: artistas, produtores, diretores de museus, críticos, empresários, historiadores da arte, jornalistas, curadores, filósofos da arte, o público.

Críticas à Teoria Institucional

Críticas à Teoria Institucional

  • Circularidade: Os seus conceitos centrais (“obra de arte” e “mundo da arte”) são definidos com base um no outro.
  • Exclusão de obras que consideramos arte: Exclui a figura do artista isolado e também parece excluir a arte primitiva.
  • Elitismo: Uma vez que considera que apenas um grupo de privilegiados, formado pelos membros do mundo da arte, tem o poder de conferir o estatuto de obra de arte aos artefactos.
  • Falta de autoridade reconhecida: O mundo da arte não tem organização suficiente nem procedimentos reconhecidos para conferir a algo o estatuto de “obra de arte”.

Teoria Histórica da Arte

Teoria Histórica da Arte

Jerrold Levinson - Algo é uma obra de arte → se e só se → é um objeto em relação ao qual alguém, possuindo o direito de propriedade sobre tal objeto, tem (ou teve) a intenção séria de que este seja visto como uma obra de arte, isto é, visto de qualquer modo (ou modos) como as obras de arte preexistentes são ou foram corretamente vistas.

  • Produção de uma obra de arte - É necessária a intenção séria ou não passageira de que o objeto seja visto ou encarado como corretamente o são ou foram as obras de arte do passado; é necessário ter o direito de propriedade sobre o objeto - o objeto é nosso ou temos o direito de o usar como tal.

Críticas à Teoria Histórica

Críticas à Teoria Histórica

  • Demasiado abrangente: As falsificações de obras de arte também foram criadas com a intenção séria de serem vistas como corretamente o são ou foram as obras de arte preexistentes.
  • O problema da primeira obra de arte: O que fez dela arte não pode ter sido o facto de estar apropriadamente relacionada com a arte anterior.
  • Demasiado restrita: Será que o direito de propriedade constitui uma condição necessária para que algo seja arte?

Filosofia da Religião

Religião - Constitui um dos aspetos fundamentais da civilização humana.

  • Alguns problemas discutidos no âmbito da filosofia da religião: Há boas razões ou provas a favor da existência de Deus? Se não as há, é, ainda assim, racional ou apropriado acreditar que Deus existe? A existência de Deus é compatível com a existência do mal?

O Problema da Existência de Deus e o Conceito Teísta de Deus

O Problema da Existência de Deus e o Conceito Teísta de Deus

Filosofia da religião → Exame crítico:

  • Dos conceitos religiosos fundamentais - ex: os conceitos de: deus, fé, milagre, omnisciência.
  • Das crenças religiosas fundamentais - ex: as crenças de que: deus existe, há vida após a morte, há predestinação.

Problema da Existência de Deus

Problema da Existência de Deus - Será que Deus existe? → Neste caso, referimo-nos ao Deus da conceção teísta.

  • Monoteísmo - Crença na existência de um único Deus.
  • Politeísmo - Crença na existência de uma pluralidade de deuses, sendo venerados vários.
  • Henoteísmo - Culto prestado a um só deus, mas sem excluir a existência de outros.
  • Deísmo - Crença na existência de Deus criador, mas que não intervém, nem se interessa.
  • Teísmo - É uma forma de monoteísmo; o judaísmo, o cristianismo e o islamismo (ou islã) defendem a existência do Deus da conceção teísta.

Doutrina filosófica que afirma a existência de um Deus pessoal, único, transcendente, sumamente bom, criador e governador do mundo (mas distinto e independente deste), omnipotente, omnisciente, eterno, autoexistente,… defendendo que é possível provar racionalmente a sua existência.

Principais Atributos de Deus

Principais Atributos de Deus - Conceito Teísta de Deus

  • Omnipotente - É todo poderoso, ou seja, tem um poder ilimitado (embora apenas dentro do que é possível fazer-se).
  • Criador - Criou o mundo e, segundo vários filósofos, conserva-o na existência (criação contínua).
  • Pessoal - É uma pessoa – mas não uma pessoa humana –, e a sua relação com o ser humano é de carácter pessoal.
  • Autoexistente - Tem na sua própria natureza a explicação da sua existência.
  • Eterno - Tem existência temporal interminável, sem começo nem fim, ou nem sequer está sujeito à lei do tempo.
  • Transcendente - É de uma natureza superior e encontra-se separado do mundo, sendo distinto e independente dele.
  • Sumamente bom - É moralmente perfeito, só faz e só quer o bem.
  • Omnisciente - É sumamente sábio, isto é, sabe tudo o que é possível saber-se.

Outras Conceções de Deus

Outras Conceções de Deus

  • Panteísmo - Deus e o mundo são a mesma realidade, formando uma unidade. Deus é interior ou imanente ao mundo e não se distingue dele. Budismo e Hinduísmo.
  • Deísmo - Deus criou o Universo e as leis da natureza, mas não intervém no mundo.

Outras Perspetivas Acerca da Existência de Deus

Outras Perspetivas Acerca da Existência de Deus

  • Ateísmo - O Deus teísta não existe (neste sentido, o ateísmo opõe-se ao teísmo).
  • Agnosticismo - A razão humana é incapaz de justificar a crença de que o Deus teísta existe ou a crença de que ele não existe.

Argumentos sobre a Existência de Deus

Argumentos sobre a Existência de Deus - Ao procurarem justificar a crença de que Deus existe, os filósofos desenvolveram argumentos que podem ser divididos em argumentos a posteriori e argumentos a priori.

  • Argumento A Posteriori - Depende de pelo menos uma premissa que só pode ser conhecida através da experiência; pelo menos uma das suas premissas básicas é uma proposição a posteriori.
  • Argumento A Priori - Assenta em premissas que podem ser conhecidas independentemente da experiência; nenhuma das suas premissas básicas é uma proposição a posteriori.

Problema da Existência de Deus

Problema da Existência de Deus

w+8pbn8uKWkbgAAAABJRU5ErkJggg==

Argumentos sobre a Existência de Deus

Argumentos sobre a Existência de Deus

  • Argumentos a posteriori - Argumento Cosmológico - Baseia-se no facto de o Universo existir.
  • Argumento Teleológico (ou do desígnio) - Parte do facto de o mundo exibir ordem e finalidade.
  • Argumento a priori - Argumento Ontológico - Parte simplesmente de um conceito de Deus.
Argumento Cosmológico

Argumento Cosmológico - Uma das suas versões é o argumento da causa primeira: baseia-se no facto empírico de o Universo (ou Cosmos) existir; parte da ideia de que todas as coisas e mudanças da natureza foram causadas por qualquer coisa que lhes é anterior: nada surgiu ou começou a existir sem uma causa. Deus - Causa Primeira de Tudo - Este argumento pressupõe que a cadeia causal não pode recuar indefinidamente: teremos de chegar a uma causa primeira, que origina toda a cadeia causal.

Tomás de Aquino (Argumento Cosmológico)

Tomás de Aquino (argumento cosmológico) - Todos os acontecimentos e coisas no mundo são causados por algo e nada é causa eficiente de si mesmo; as causas são anteriores aos efeitos; ou a série de causas eficientes (a cadeia causal) regride infinitamente, ou existe uma causa eficiente primeira; a série de causas eficientes não regride infinitamente; logo, existe uma causa eficiente primeira - a que chamamos Deus.

Críticas ao Argumento Cosmológico

Críticas ao Argumento Cosmológico

  • O argumento envolve uma autocontradição: defende que todas as coisas foram causadas por qualquer outra coisa, e que existe uma causa que não foi causada.
  • Existem limites ao que pode ser concluído a partir deste argumento, não havendo razões para pensar que estejamos perante o Deus teísta - poderia ser um grupo de deuses,...
  • Este argumento pressupõe que não há uma regressão infinita na série de causas e efeitos - mas as cadeias de causas e efeitos podem regredir e estender-se infinitamente.
  • O que terá feito existir o Universo é algo que está fora da nossa experiência, visto que está fora do Universo.
Argumento Teleológico (Argumento do Desígnio)

Argumento Teleológico (argumento do desígnio) - Parte do nosso sentimento de assombro pelo facto de muitas coisas no mundo manifestarem ordem e desígnio (propósito ou finalidade); sem o pressuposto da existência de Deus não conseguimos explicar adequadamente a ordem, a finalidade ou desígnio, a beleza, a complexidade e as maravilhas que há no Universo.

Argumento da Negação do Acaso

Argumento da Negação do Acaso (uma das versões do argumento teleológico) - Ou as maravilhas da natureza ocorreram aleatoriamente, por acaso, ou são o produto de um desígnio inteligente; as maravilhas da natureza não ocorreram por acaso; logo, elas são o produto de um desígnio inteligente.

William Paley

William Paley - Comparou o Universo a um relógio - argumento por analogia.

  • Relógio - Existência de um relojoeiro humano.
  • Universo - Existência de um relojoeiro divino (Deus).
  • → As suas diferentes partes funcionam conjuntamente ao serviço de um propósito.
Tomás de Aquino (Argumento Teleológico)

Tomás de Aquino (argumento teleológico (argumento da seta e o arqueiro))

  • Há coisas destituídas de conhecimento que tendem para um fim.
  • Se não há um ser cognoscente e inteligente que dirige para um fim as coisas naturais, então não há coisas destituídas de conhecimento que tendam para um fim.
  • Logo, há um ser cognoscente e inteligente que dirige para um fim as coisas naturais (esse ser é Deus).
Críticas ao Argumento Teleológico

Críticas ao Argumento Teleológico

  • Ainda que possa demonstrar a existência e a necessidade de um criador inteligente, não prova que ele seja único, nem que se trata de um arquiteto omnipotente e perfeito nem que ele seja omnisciente e sumamente bom.
  • Perde a sua força quando confrontado com a teoria da evolução por seleção natural, defendida por Charles Darwin. Sem refutar a existência de Deus, esta teoria explica os mesmos efeitos sem mencionar Deus como causa – as espécies melhoram devido à seleção natural.
Argumento Ontológico

Argumento Ontológico - Tentativa de demonstrar a existência de Deus de um modo inteiramente a priori; este argumento começa com um conceito de Deus e, recorrendo apenas a princípios a priori (à razão) procura provar que Deus efetivamente existe.

Anselmo de Cantuária - Usou o argumento ontológico.

Santo Anselmo

Santo Anselmo - De acordo com Santo Anselmo, Deus é «algo maior do que o qual nada pode ser pensado». Ora, «aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado» não pode existir apenas no intelecto. Se apenas existir no intelecto, pode pensar-se que existe na realidade, e então já seria maior. Por isso, «aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado» existe não apenas no intelecto mas também na realidade. Assim, se Deus é «algo maior do que o qual nada pode ser pensado», então existe necessariamente. Ao dizer que Deus é «algo maior do que o qual nada pode ser pensado», Santo Anselmo está a considerar que Deus possui todas as qualidades num máximo grau de grandiosidade ou perfeição. Ora, é mais grandioso ou mais perfeito existir do que não existir. Deste modo, a existência constitui um dos aspetos dessa grandiosidade ou perfeição. Por conseguinte, Deus existe necessariamente.

Argumento de Anselmo

Argumento de Anselmo

  1. Deus é um ser maior do que o qual nada pode ser pensado ou concebido.
  2. Deus existe no entendimento (visto que compreendemos o conceito de Deus).
  3. Um ser que existe no entendimento e na realidade é maior do que um ser que existe apenas no entendimento.
  4. Se Deus existe apenas no entendimento, então podemos conceber algo maior do que Deus.
  5. Mas não podemos conceber algo maior do que Deus (é contraditório supor que podemos conceber um ser maior do que o ser maior do que o qual nada pode ser concebido).
  6. Logo, Deus existe tanto no entendimento como na realidade.
Críticas ao Argumento Ontológico

Críticas ao Argumento Ontológico

  • Este argumento pode conduzir a consequências absurdas, como a de se concluir que uma ilha perfeita existe a partir do momento em que a imaginamos ou pensamos nela - Gaunillo.
  • Mesmo que o argumento ontológico seja aceite, a existência do mal no mundo parece opor-se à ideia de que Deus é sumamente bom.
  • Segundo Kant, a existência não é um predicado que possamos atribuir ou negar a algo, como o poderão ser a omnipotência ou a omnisciência. (A existência é a condição para ter uma propriedade).
  • Talvez seja possível, independentemente da grandiosidade de um ser, pensar noutro mais grandioso. Talvez Anselmo apresente uma definição incoerente de Deus.

O Fideísmo de Pascal

O Fideísmo de Pascal

Fideísmo - Doutrina que sustenta a incapacidade da razão humana para alcançar determinadas verdades, considerando ser necessária a introdução da fé; existem verdades de fé, e há uma supremacia da fé relativamente à razão.

  • Radical - A fé vai para além da razão e é contraditória em relação a ela.
  • Moderado - A fé vai para além da razão, mas não está em contradição com ela.

Pascal considera que a fé pode ser racional na ausência de provas.

  • Racionalidade Prudencial - Está ligada àquilo que é do nosso interesse ou à obtenção de benefícios práticos.
  • Racionalidade Epistémica - Está estritamente ligada à evidência ou à obtenção de crenças precisas sobre o mundo.

Fé e Racionalidade

- A fé é racional num sentido prudencial, não num sentido epistémico; Pascal procura fornecer razões prudenciais para acreditar em Deus; segundo Pascal, devemos acreditar em Deus não porque haja boas provas da sua existência, mas por causa dos benefícios, vantagens ou recompensas que tal crença nos pode trazer se vier a revelar-se verdadeira; a crença em Deus não pode ser sustentada por meio dos argumentos tradicionais.

mJnDAAAAABJRU5ErkJggg==

Argumento do Apostador (A Aposta de Pascal)

Argumento do Apostador ou a Aposta de Pascal - Trata-se de um argumento que não procura demonstrar a existência de Deus, mas mostrar que um apostador sensato deverá “apostar” nessa existência; este argumento sublinha que o mais racional é maximizar os ganhos possíveis e minimizar as perdas possíveis; a melhor forma de o conseguir é acreditar que Deus existe.

Críticas ao Argumento do Apostador

Críticas ao Argumento do Apostador

  • É inapropriado - Uma crença religiosa baseada em mero cálculo afigura-se totalmente insincera, interesseira e egoísta.
  • Apenas tem em consideração o Deus teísta cristão, mas ele parece aplicar-se também a qualquer outra divindade que ofereça recompensas infinitas.
  • Parece pressupor algo que o fideísmo nega - Se Deus é incompreensível, não é suposto conhecermos o que lhe agrada ou desagrada, nem quais as suas atitudes em relação a crentes e a descrentes.
  • A crença em Deus não está sob o controlo voluntário direto da pessoa - Para poder acreditar em algo é necessário estar convencido de que isso é verdade.

Entradas relacionadas: