Grandes Filósofos e Ideias Essenciais: Do Existencialismo ao Iluminismo

Classificado em Filosofia e Ética

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Kierkegaard: O Filósofo da Subjetividade

Para Kierkegaard, filósofo da subjetividade, o importante é o individual, não o universal. Ele não acreditava em uma forma organizada de pensamento, por isso não criou um sistema. Apenas descreveu as fases de construção do saber, que se traduzem como atitudes do indivíduo perante a vida. Essas atitudes seriam classificadas em:

  • Estética: O indivíduo busca a satisfação de seus desejos, guiado pelo prazer. Trata-se de uma fase triste na vida, porque o desejo é passageiro.
  • Ética: O indivíduo deixa-se guiar pela consciência do valor sobre o certo e o errado, do que é moral e justo. Começa a se preocupar com o outro, com a vida em sociedade, com sentimentos de solidariedade, de participação política e de respeito. Deixa de lado o egoísmo da fase estética.
  • Religiosa: O indivíduo vai além da lei, da moral e da razão, deixando-se guiar integralmente pela fé, que não deve ser buscada pelo caminho intelectual, por conter uma série de contradições. O homem está em estado contemplativo ao encontrar-se com Deus. Essa fase é reservada para quem tem maturidade, e nesse caminho ele fica em estado de liberdade.

A Angústia, para Kierkegaard, era explorar as emoções e sentimentos dos indivíduos quando confrontados com as escolhas que a vida oferece. É preciso escolher uma coisa ou outra, mas isso permitirá que o indivíduo amadureça e entre em contato com Deus.

Schopenhauer: A Vontade e o Pessimismo

Para Schopenhauer, aquilo que se apresenta aos nossos olhos (percepção) como corpo (objeto material) é a imagem (representação) da nossa Vontade. Ele dizia que tudo ao nosso redor pode ser considerado uma representação (imagem) que fazemos em nossa mente.

A Vontade:

A Vontade seria a essência de todos os seres, conduzindo o homem necessariamente ao sofrimento, ao pecado e à morte. Schopenhauer aponta o caminho da libertação do sofrimento, que pode ser considerado o fim da vontade de viver e que, segundo ele, acontece em três níveis de purificação:

  • Purificação Estética: A vontade de viver encontra o seu fim diante da completa absorção do indivíduo pela contemplação, pela intuição de seu estado de submissão em relação à vontade irracional.
  • Purificação Ética: O homem deixa-se impregnar pelo sofrimento e pela dor universal, sabendo-se um com os outros homens; a compaixão despertada por essa terrível consciência extermina a vontade de viver.
  • Purificação Ascética (Religiosa): Na vida dos santos encontramos essa purificação, um completo desapego às coisas materiais.

O sofrimento é, portanto, inevitável e essencial para a vida, uma vez que a vontade é irracional. Para ele, a vida é uma cadeia de desejos não satisfeitos e em progressão, em que o prazer é uma ilusão. Schopenhauer apontava o caminho da libertação do sofrimento, o que pode ser considerado o fim da vontade de viver e o Pessimismo.

Nietzsche: Ética, Religião e a Vontade de Poder

Nietzsche foi seguidor de Schopenhauer. A parte mais significativa de seu pensamento refere-se à ética e à crítica da religião. Segundo ele, existem dois elementos fundamentais e antagônicos:

  • O Espírito Apolíneo: Representa a ordem, harmonia e razão. Ele é mais forte que o segundo espírito.
  • O Espírito Dionisíaco: Representa o sentimento, ação e emoção.

A Moral Anticristã:

A moral defendida por Nietzsche é radicalmente anticristã e seu objetivo último é o poder, o que o levou a admirar Napoleão profundamente. Do seu ponto de vista, a verdadeira virtude é característica de uma minoria de indivíduos, que deve sobrepujar as massas medíocres, formadas por homens inferiores, que cultivam essencialmente o ressentimento.

O Eterno Retorno:

O Eterno Retorno pode ser considerado a fórmula que sintetiza todo o pensamento de Nietzsche. Para ele, devemos aceitar a vida como ela é. O eterno retorno consistiria em um verdadeiro teste pelo qual o homem deveria passar: a vida, revivida inúmeras vezes, não trazendo nada de novo, tudo ocorrendo na mesma ordem e na mesma sucessão, pode levá-lo à destruição ou à exaltação, dependendo de sua capacidade para superar e admitir essa contínua repetição.

O Super-Homem:

Ele considerava o Super-Homem como a própria expressão da vontade de poder, determinando a nova ordem de valores. Um líder guerreiro, disciplinado. O filósofo deplora o arrependimento e a redenção; em vez da figura do santo Cristo, idealiza o que denomina homem nobre, que, em sua essência, é a própria vontade de poder, desvinculado dos conceitos cultivados. Do ponto de vista dele, o santo cristão é um produto do medo do inferno, e não do amor da humanidade.

O Pensamento Iluminista e Seus Filósofos

O pensamento iluminista caracterizou-se pela ênfase conferida à razão, entendida como inerente à condição humana.

Diderot:

Sua intenção com a Enciclopédia era reunir e divulgar, da maneira mais completa, o conjunto das realizações técnicas, científicas e humanísticas alcançadas pelo homem até então. O pensamento de Diderot é uma síntese dos ideais iluministas. Materialista e empirista, ele afirmava que “uma boa observação vale mais do que cem teorias”.

Voltaire:

Para ele, sem liberdade, um direito fundamental de todos os homens, não haveria o fim da prepotência dos poderosos e das injustiças sociais. Os argumentos de Voltaire, expostos em seu Tratado de Metafísica, são favoráveis à existência de um ser superior que tudo teria criado e que se revela à humanidade apenas pela natureza e pela regularidade de suas leis. A Tolerância é o apanágio da humanidade. Voltaire era a favor da liberdade de todos os homens de fazerem o que quisessem, desde que não prejudicasse os outros. Sua frase célebre: “Posso não concordar com nenhuma palavra que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-la”, traz a ideia também da liberdade religiosa. Ele era contra o clericalismo, que tinha todas as ideias contrárias. O clero era uma figura poderosa que impunha a igreja, e quem fosse contra seria julgado.

Montesquieu:

Buscando analisar o homem em sociedade, ele dizia que não apenas o corpo político e as leis governavam os homens, mas muitas outras coisas: o clima, a religião, os costumes, os exemplos das coisas passadas, etc. Montesquieu definia a liberdade como o “direito de fazer tudo o que as leis permitem”. Propôs, então, a divisão clássica do Estado em legislativo, executivo e judiciário. Nessa divisão, cada poder deve agir independentemente, mas, ao mesmo tempo, em articulação com os demais poderes, de modo que eles se limitem mutuamente.

Rousseau:

Para ele, as ciências e as artes, tanto quanto a civilização, não eram boas como se pensava. Segundo Rousseau, o homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe. O homem em estado de natureza teria primeiro vivido livre, solitário e feliz pelas florestas, orientado apenas pelo seu instinto de autopreservação, sem precisar de ninguém para nada. Para Rousseau, sem a piedade, de nada serviria a razão, e os homens não passariam de monstros. Buscava o prazer elementar e fugia da dor. Ele não poderia, então, ser considerado nem bom nem mau.

A Vontade Geral:

A Vontade Geral, para o filósofo, não é simplesmente a soma das vontades individuais. A vontade geral é a que busca o melhor para a sociedade como um todo, ou seja, aquela que satisfaz o interesse público, e não o de particulares.

Emílio:

Em Emílio, Rousseau inspira-se no homem natural e defende uma pedagogia que siga a natureza. Emílio é afastado do convívio social até os 15 anos de idade, evitando assim qualquer influência corruptora da sociedade.

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