Filtração Glomerular: Mecanismos e Regulação Renal

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Filtração Glomerular: A Primeira Etapa da Formação da Urina

A formação da urina é um processo complexo que se inicia com a filtração glomerular. Esta etapa crucial ocorre nos rins e é fundamental para a manutenção da homeostase do organismo.

O que é Filtração Glomerular?

A filtração glomerular é a passagem de fluido plasmático através de uma membrana filtrante para o espaço de Bowman.

A membrana filtrante é formada por três camadas de barreira que garantem a filtração:

  • Parede dos vasos sanguíneos: os capilares são fenestrados.
  • Lâmina densa: um gel que forma a membrana basal.
  • Podócitos: células com fendas filtrantes que permitem a passagem.

Somente após atravessar essas barreiras as substâncias caem na cápsula de Bowman.

Para que a filtração glomerular ocorra, deve haver uma pressão líquida ótima, que é a pressão de filtração líquida, cerca de 10mmHg.

Forças de Starling Envolvidas na Filtração Glomerular

As forças de Starling determinam a pressão líquida de filtração:

  • Pressão hidrostática do sangue (~55mmHg): empurra o sangue contra a barreira de filtração (favorece a filtração).
  • Pressão osmótica do sangue/oncótica (~30mmHg): força iônica que segura o líquido dentro do vaso sanguíneo (desfavorece a filtração).
  • Pressão hidrostática dentro da cápsula (~15mmHg): varia de acordo com a quantidade de filtrado (desfavorece a filtração).

A soma dessas forças resulta em uma pressão líquida de filtração de aproximadamente 10mmHg, ideal para a filtração.

Controle do Ritmo de Filtração Glomerular (RFG)

O ritmo de filtração glomerular é controlado principalmente pelo calibre da arteríola aferente.

  • A vasoconstrição da arteríola aferente diminui a taxa de filtração glomerular e, consequentemente, o fluxo sanguíneo renal que sai pela arteríola eferente.
  • No caso de vasodilatação da arteríola aferente, há aumento da pressão dentro do glomérulo, resultando em mais filtração glomerular e maior fluxo sanguíneo pela arteríola eferente.
  • Caso haja vasoconstrição da arteríola eferente (por exemplo, pela angiotensina II), há aumento da taxa de filtração glomerular.
  • No caso de vasodilatação da arteríola eferente, o sangue entra, mas como não há resistência do outro lado, a pressão hidrostática dentro do glomérulo diminui. Consequentemente, mais líquido sai pela eferente, aumentando o fluxo sanguíneo renal e diminuindo a taxa de filtração.

Fluxo Sanguíneo Renal (FSR) e Autorregulação

Conforme a pressão arterial aumenta, o ritmo de filtração glomerular também aumenta até um limite, devido à autorregulação renal, ditada por dois fatores:

  1. Teoria Miogênica

    O aumento da pressão arterial abre canais iônicos sensíveis ao estiramento na arteríola aferente, causando vasoconstrição, redução do fluxo sanguíneo e redução da pressão capsular.

    Em resumo: + Pressão → + Distensão da parede aferente → + Entrada de Cálcio → Vasoconstrição → - Filtrado.

  2. Feedback Tubuloglomerular

    Com o aumento da pressão, a taxa de filtração glomerular aumenta. Aumenta, então, a quantidade de ultrafiltrado, o que eleva o fluxo de ultrafiltrado. O fluxo que passa pela mácula densa aumenta; essas células percebem isso e liberam substâncias parácrinas que se difundem da mácula densa para a arteríola aferente, promovendo a constrição desse vaso. A resistência da arteríola aumenta, a pressão hidrostática diminui e a taxa de filtração glomerular também diminui.

Aparelho Justaglomerular

O Aparelho Justaglomerular é composto pelas arteríolas aferente e eferente, o glomérulo e o túbulo distal. O conjunto de células justaglomerulares e células da mácula densa localiza-se na interseção das arteríolas e do túbulo distal.

Solutos na Urina

Os solutos presentes na urina podem ser classificados de acordo com seu processamento renal:

  • Solutos somente filtrados ou livremente filtrados:

    São substâncias que não são reabsorvidas nem secretadas, apenas filtradas pela barreira de filtração. Exemplo: Inulina (usada para medir o ritmo de filtração glomerular) – substância exógena utilizada na clínica. Dessa forma, é possível calcular o ritmo de filtração glomerular.

  • Solutos filtrados e parcialmente reabsorvidos:

    Como a maioria dos eletrólitos (cálcio, potássio, cloreto).

  • Solutos filtrados e totalmente reabsorvidos:

    Como a glicose e os aminoácidos. São substâncias fundamentais para o organismo. A presença desses solutos na urina pode sinalizar sobrecarga, distúrbios metabólicos ou disfunção renal.

  • Substâncias filtradas e totalmente secretadas:

    Como ácidos e bases orgânicas. Exemplo: Paramino-hipurato de sódio (PAH) e creatinina (parte dela é secretada, mas sua quantidade é conhecida).

Clearance Renal

O Clearance Renal é uma medida da capacidade dos rins de remover uma substância do plasma. É calculado pela seguinte fórmula:

Clearance Renal = (Concentração urinária da substância × Débito urinário por minuto) / Concentração plasmática da substância

O sódio sempre tende a entrar na célula, pois sua concentração é maior no meio extracelular e menor no meio intracelular.

A ureia ajuda a tornar o interstício da medula mais hipertônico, o que aumenta a reabsorção de água. Cerca de 50% da ureia é reutilizada, enquanto a outra metade é excretada na urina.

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