Fisioterapia na Gravidez e Parto: Guia Completo para Gestantes

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Principais Alterações Fisiológicas na Gravidez

  • Aumento do volume dos líquidos corporais e do débito cardíaco.
  • Diminuição da tonicidade vascular e da pressão arterial.
  • Compressão diafragmática, diminuindo o ritmo respiratório.
  • Compressão da bexiga.
  • Deslocamento do centro de gravidade: anteversão pélvica, aumento da lordose lombar, tensão dos paravertebrais.

Objetivos da Fisioterapia na Gestação

  • Proporcionar uma gravidez e parto saudáveis, promovendo saúde física e emocional em todas as fases.
  • Preparar e informar a gestante e a família sobre todas as fases da gestação e do parto.
  • Objetivos Específicos: Fortalecer o assoalho pélvico, diminuir a dor lombar, auxiliar no edema de membros inferiores, manter o condicionamento cardiorrespiratório, melhorar a postura e a consciência corporal, e facilitar o trabalho de parto.

Período Gestacional: Alterações por Trimestre

1º Trimestre

Aumento: da taxa metabólica, do suporte sanguíneo dos seios, do ritmo cardíaco e respiratório, das fibras musculares do útero, do peso e tamanho dos seios, da sensibilidade e da vontade de urinar. Aparecimento: novos ductos lactíferos. Escurecimento: glândulas dos seios ficam mais salientes, formando os Tubérculos de Montgomery.

2º Trimestre

Relaxamento dos músculos do trato intestinal, o que diminui a secreção gástrica e pode levar à constipação. Seios formigam e ficam doloridos. Aumento da pigmentação de sardas, pintas, mamilos e da linha nigra. Gengivas esponjosas devido aos hormônios. Refluxo pode provocar azia. O coração trabalha duas vezes mais. O útero precisa de mais de 50% de sangue e os rins de mais de 25%.

3º Trimestre

Aumento da taxa de ventilação em 40%, causando falta de ar. Costelas inferiores são empurradas para fora, ligamentos distendidos. Inchaço dos membros inferiores pode indicar pré-eclâmpsia. Dores nas costas. Mamilos secretam colostro. Aumenta a vontade de urinar e a necessidade de sono e repouso.

Alterações Fisiológicas do Bebê por Trimestre

1º Trimestre

Início do desenvolvimento do Sistema Nervoso (SN) e Sistema Circulatório (SC). O coração impulsiona o sangue e ocorre a formação dos principais órgãos.

2º Trimestre

É possível saber o sexo. Órgãos ajustados. Desenvolvimento de detalhes como cílios, sobrancelhas, digitais e fios de cabelo.

3º Trimestre

Ouvidos e olhos em bom funcionamento. Posição apropriada para o nascimento.

Alterações Hormonais na Gravidez

  • Beta-hCG (Gonadotrofina Coriônica Humana): Essencial para a manutenção do 1º trimestre da gravidez.
  • Progesterona: Produzida pelo ovário. Atua no metabolismo até a formação placentária. Altera humor, sono, saliva, inchaço e náusea. Disponibiliza ao feto maiores nutrientes do endométrio. Inibe o relaxamento do útero. Auxilia o estrogênio nos efeitos das mamas e na formação do epitélio secretor.
  • Estrogênio: Produzido nos ovários. Confere as características femininas. Atua na ovulação e no preparo do útero para a reprodução. Existem 4 tipos: Estrogênio (menstruação), Estrona, Estriol e Androstenediona (menopausa). Promove a proliferação da membrana do útero, o aumento do sistema vascular para o útero, a dilatação dos órgãos sexuais e orifícios para a passagem do feto, o relaxamento dos ligamentos pélvicos, o crescimento das mamas, a deposição de gordura nas mamas e o aumento dos ductos e células glandulares.
  • Prolactina: Produzida na placenta. Responsável pela produção de leite, principalmente a partir do 2º trimestre.
  • Aldosterona: Atua no equilíbrio de sódio.
  • Melanotrófico: Estimula os melanócitos para a produção de melanina.
  • Somatotropina: Atua no metabolismo das gorduras e glicose da mãe.

Avaliação e Orientação Fisioterapêutica na Gestação

Avaliação

Avaliação do períneo, postura, bexiga e órgãos pélvicos.

Orientação

Orientações sobre o sono, postura e exercícios para realizar em casa.

Fisioterapia Obstétrica: Técnicas e Abordagens

Cinesioterapia

  • Aliviar o quadro álgico e auxiliar na postura.
  • Exercícios respiratórios: importantes nas fases latente e ativa do parto.
  • Pilates: para alongamento e fortalecimento muscular.

Técnicas de Analgesia

  • Drenagem Linfática Manual (DLM), treinamento dos músculos do assoalho pélvico, relaxamento muscular.

Disfunções Comuns na Gravidez

Incontinência Urinária (IU), retenção urinária, incontinência fecal, obstipação, prolapsos, algias e disfunções sexuais.

Fisioterapia na Gravidez (Geral)

  • Alterações em músculos e tendões (influência hormonal).
  • Avaliação e progressão funcional e neurológica.
  • Pilates.
  • Manejo em casos de alto risco (ex: trombose).
  • Fisioterapia na adolescência.
  • Consciência corporal.

Manejo de Gestação de Alto Risco

Avaliação

Avaliar sinais vitais, temperatura, pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória.

Objetivos

Diminuir o risco de trombose, aliviar os efeitos do repouso, manter o fluxo sanguíneo uterino, orientar o posicionamento da paciente, evitar o aumento da pressão abdominal, conservar energia e melhorar o tônus muscular.

Contraindicações

  • Posições: Supina por mais de 3 minutos, pressão ou compressão abdominal, nádegas mais elevadas que a cervical, sobrecarga do assoalho pélvico e músculos abdominais.
  • Recursos: Calor profundo, corrente elétrica no abdome e região urogenital.
  • Pressão Arterial: PA ≥ 140/90 mmHg.

Orientação para o Sono

1º Trimestre: Na posição preferida.

2º Trimestre: Dormir de lado.

3º Trimestre: Dormir do lado esquerdo, para evitar compressão da veia cava.

Parto e Aleitamento Materno: O Papel da Fisioterapia

Sinais de Início do Trabalho de Parto

  1. Ruptura da bolsa amniótica.
  2. Sangramento.
  3. Contrações fortes e rítmicas.

Falso Trabalho de Parto

Contrações fortes, longas e com intervalos menores, que podem cessar com a mudança de atividade (ex: caminhar).

Trabalho de Parto Verdadeiro

As contrações não desaparecem com a mudança de atividade.

Estágios do Parto

  1. Dilatação: Contração uterina com afinamento e dilatação progressiva do colo uterino.
  2. Expulsão: Nascimento do bebê.
  3. Dequitação: Expulsão da placenta e da bolsa amniótica.

A cinesioterapia é importante para a coordenação dos músculos pélvicos durante o parto.

Dor no Parto

Causada pelas contrações. É subjetiva e influenciada por individualidade, ambiente e fatores biopsicossociais. É uma resposta fisiológica aos estímulos sensoriais do trabalho de parto. Outras causas incluem: hipóxia da musculatura uterina, estiramento cervical, vaginal e perineal, estresse e baixo limiar de tolerância à dor.

Papel do Fisioterapeuta no Parto

Promover o bem-estar da parturiente e do bebê, atuando nas fases do trabalho de parto para auxiliar e, em alguns casos, acelerar o processo.

Técnicas Fisioterapêuticas no Parto

Respiração, relaxamento e treino de expulsão.

Recursos Fisioterapêuticos Não Farmacológicos

  • TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea): Utilizado no trabalho de parto normal. Eletrodos na região de T10 e L1 (inervação do útero e cérvix) e nos dermátomos S2-S4 (inervação do canal de nascimento e assoalho pélvico).
  • Cinesioterapia: Inclui deambulação e posturas verticais, exercícios de respiração e relaxamento, massagens, TENS, banhos quentes e crioterapia.
  • Massoterapia: Manipulação de tecidos para liberação de opioides endógenos. Protocolo: Decúbito lateral, massagem estacionária sobre as articulações sacroilíacas, percussão longitudinal na região sacroilíaca, effleurage na região perineal.
  • Hidroterapia.
  • Técnicas Respiratórias:
    1. Respiração Lenta ou Abdominal: Inspirações profundas pelo nariz, inflando o abdome. Expiração pela boca, mais longa que a inspiração. Pausa de vários segundos entre uma e outra. Objetivo: manter o ritmo da contração e controlar a dor.
    2. Respiração Acelerada Leve: Inalações um pouco mais curtas, mantendo o padrão nariz-boca.
    3. Respiração Variável: Aplicação: Enquanto se aguarda o grau de dilatação para aliviar a sensação de pressão. Consiste em respirações muito curtas pelo nariz e boca. Inspirar o ar pelo nariz ao iniciar a contração e fazer duas exalações pronunciando "JI" em cada uma, seguida de uma exalação longa, prolongando a sílaba "JU".
    4. Respiração de Expulsão ou de Empurrão: Inspirar grande quantidade de ar. Ao sentir a necessidade de empurrar, inclinar o queixo em direção ao peito. Levantar as pernas e empurrar, deixando o ar sair pouco a pouco. Por último, inalar e exalar de forma natural para recuperar o fôlego.

Aleitamento Materno

Posicionamento e Pega Adequada do Recém-Nascido

  1. Rosto do bebê de frente para a mama, com o nariz na altura do mamilo.
  2. Corpo do bebê próximo ao da mãe.
  3. Bebê com cabeça e tronco alinhados.
  4. Bebê bem apoiado.

Pega Adequada

  1. Mais aréola visível acima da boca do bebê.
  2. Boca bem aberta.
  3. Lábio inferior virado para fora.
  4. Queixo tocando a mama.

Banho de Sol

Essencial para a formação óssea e produção de Vitamina D.

Fissuras Mamilares

Prevenção: Durante a gestação, tomar sol por 10 minutos diariamente, evitar óleos e cremes, e garantir uma boa pega do bebê.

Tratamento: Laser de baixa intensidade para cicatrização.

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