Fluxos Globais: Migração, Economia e Cidades Mundiais
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Fluxos Migratórios e Populacionais Globais
Tipos de Migração
- Migrações altamente qualificadas: Cada vez mais pessoas com cursos superiores e elevada experiência emigram para países que lhes ofereçam melhores condições de vida e trabalho do que os seus países de origem. EUA, Canadá, Europa Ocidental e Ásia Oriental são algumas das zonas que mais esforços têm feito para atrair jovens qualificados.
- Migrações qualificadas para cargos aquém do grau de instrução: Com o desmembramento do bloco de Leste, as condições de vida nesses países degradaram-se significativamente. Na busca por melhores condições, os habitantes dessas zonas foram obrigados a sair dos seus países e procurar empregos noutros locais, sendo frequentemente forçados a aceitar trabalhos muito abaixo do seu grau de instrução.
- Migrações de trabalhadores pouco qualificados: Vários países, nomeadamente os de recente industrialização, são grandes receptores de mão de obra, na maior parte das vezes com qualificação reduzida e, por vezes, em situação irregular (mão de obra ilegal).
- Migrações forçadas: São as migrações que ocorrem quando uma pessoa se vê obrigada a sair do seu país, seja devido a conflitos, catástrofes naturais ou projetos de desenvolvimento.
- Migrações "astronauta": Caracterizam-se pelas constantes viagens entre o país de residência e o país de trabalho.
- Migrações póstumas: Muitos imigrantes fazem questão de que o seu corpo seja devolvido ao país de origem após a sua morte.
Causas das Migrações
Fatores Demográficos: A demografia está na base de muitas migrações, sendo a estrutura etária um fator explicativo importante.
Fatores Económicos: A dificuldade crescente em encontrar um bom emprego capaz de suportar os custos de vida leva muitas pessoas a procurar oportunidades noutros países como forma de sustento, impulsionando a migração por razões económicas.
Fluxos de Turismo
O turismo, como atividade económica associada à viagem e permanência de pessoas fora do seu ambiente habitual, proliferou nas últimas décadas. O turismo de massas teve um desenvolvimento espetacular (entre 1995 e 2015, o número de turistas passou de 597 para 1087 milhões, com uma taxa de crescimento anual de 4%). Alguns dos principais fatores que contribuíram para isso foram:
- O acesso da maioria da população dos Países Desenvolvidos (PD) ao lazer;
- Os progressos registados nos transportes e comunicações;
- A conjugação dos transportes com atraentes propostas de preços (low cost);
- A internacionalização das visitas turísticas;
- O desenvolvimento das infraestruturas de apoio ao turismo (hotéis, etc.).
Turismo Sustentável
Isto compreende políticas, práticas e programas que tenham em conta não apenas as expectativas dos turistas, mas também a gestão responsável dos recursos naturais. O turismo sustentável deverá:
- Contribuir para a conservação da biodiversidade;
- Manter o bem-estar das populações locais;
- Incluir experiências de aprendizagem;
- Envolver ações responsáveis por parte dos turistas;
- Dirigir-se preferencialmente a pequenos grupos;
- Requerer o mais baixo consumo possível de recursos não renováveis;
- Promover o desenvolvimento sustentável dos locais visitados, etc.
Fluxos de Bens e Serviços
Nas últimas décadas, assistiu-se a um fenômeno generalizado e acelerado da globalização e internacionalização de empresas, impulsionado por diversos fatores:
- Desenvolvimento de novas tecnologias que permitiram a descentralização produtiva, as economias de escala e a redução do fator trabalho nos processos produtivos;
- Os acordos internacionais sobre a liberdade de circulação de mercadorias e serviços, e a integração, expansão e desregulação dos mercados internacionais de capitais;
- Os processos de integração económica (ex: União Europeia - UE, MERCOSUL) e a expansão das empresas transnacionais. A Organização Mundial do Comércio (OMC) procura assegurar um certo compromisso entre as normas comerciais.
No que toca a fluxos de bens, pode observar-se uma plena interação entre Ásia, EUA e Europa; uma maior interação da Europa emergente com a UE, mas não tão visível com as outras regiões; um reforço da interação da América do Sul com a América do Norte, registando-se uma menor interação com as outras regiões.
Fluxos de Serviços
Em 1995, entrou em vigor o Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços (GATS), que compreendia duas partes: o acordo-quadro, que enuncia as regras gerais, e as "listas" nacionais, que indicam as condições específicas de cada país no que respeita ao acesso de fornecedores estrangeiros. Este acordo abrange uma multiplicidade de serviços: de comunicação; de construção e engenharia; de distribuição; de educação; serviços ambientais; financeiros; serviços de saúde e sociais; de turismo e viagens; de transporte, entre outros.
A comercialização de cada um destes tipos de serviços pode ser feita segundo quatro modalidades: fornecimento transfronteiriço; consumo no estrangeiro; presença comercial; movimento de pessoas.
Globalização Financeira: Fluxos de Capital
A importância da crescente globalização financeira foi impulsionada pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Novas ferramentas e novos instrumentos incrementaram a capacidade de transmissão e processamento de informação, garantindo em tempo real milhões de operações. Os maiores centros financeiros no mundo são Londres, Tóquio, Seul, Nova Iorque, Chicago, etc.
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) prevê um crescimento dos fluxos de capitais provenientes de investimentos diretos estrangeiros. Contudo, essas estimativas enfrentam riscos como a fragilidade de alguns mercados emergentes, a incerteza dos mercados e conflitos regionais.
Impulso das Transnacionais
A globalização económica é um processo de interdependência crescente entre economias, com fronteiras progressivamente esbatidas.
Novos Destinos de Capitais (Offshore)
Cada vez mais, os capitais gerados em negócios são transferidos para contas offshore que lhes dão determinados benefícios que não existiriam num banco normal, por exemplo:
- Ausência ou redução de impostos;
- Sigilo bancário;
- Proteção do património do investidor.
Cidades Globais e Centros Urbanos
Características das Cidades Globais
As cidades globais apresentam características como:
- Ênfase nas componentes estratégicas da economia global;
- Predominância de serviços financeiros e serviços personalizados;
- Desenvolvimento de novos setores económicos;
- Profundas desigualdades socioeconómicas;
- Crescente intensidade de transações financeiras e comerciais.
Contudo, cidades globais em países em desenvolvimento podem não apresentar todas estas características de forma consolidada, como centros de inovação avançados ou grandes mercados de capitais.
Tecnópolis
Tecnópolis podem ser complexos industriais de empresas de alta tecnologia (como Silicon Valley, EUA), cidades de ciência (como Taedok, na Coreia do Sul) ou centros especialmente criados para induzir crescimento industrial (como Hsinchu, em Taiwan).
Grandes Centros Financeiros e de Negócios
Os maiores centros financeiros e de negócios situam-se nas maiores cidades do mundo, como Londres, Nova Iorque, Tóquio, etc.
Macro-regiões
Existem duas perspetivas distintas sobre macro-regiões:
- A das grandes extensões predominantemente urbanas, com algumas cidades de grandes dimensões, que formam um continuum urbano;
- A das cidades mais ou menos extensas que funcionam em rede com outras em situação idêntica.
Megalópole
Uma megalópole é uma extensão de várias dezenas e, inclusive, centenas de quilômetros de espaço urbano contínuo ou interligado.