Folículos Ovarianos e o Ciclo Reprodutivo Feminino

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Cada folículo ovariano contém um ovócito, que se encontra incluído no estroma do córtex do ovário. Seu tamanho indica o estado de desenvolvimento do ovócito. O desenvolvimento folicular é um processo complexo e crucial para a reprodução.

Tipos e Desenvolvimento dos Folículos Ovarianos

Existem três tipos principais de folículos ovarianos, distinguíveis pela fase de desenvolvimento:

Folículo Primordial

Cada folículo primordial é formado por uma única camada de células foliculares granulosas achatadas envolvendo um ovócito primário e encontra-se mergulhado no estroma cortical. Em uma recém-nascida do sexo feminino, são encontrados cerca de 400.000 folículos primordiais.

Folículos em Desenvolvimento (Pré-antrais e Antrais)

A morfologia e o tamanho dos folículos em crescimento são bastante variáveis. Esta fase inicia-se com o aumento do volume do ovócito e a proliferação das células foliculares, que se tornam cúbicas e depois formam um epitélio estratificado (camadas múltiplas) ao redor do ovócito. Estas células são agora chamadas de células da granulosa. Ocorre um acúmulo de líquido entre as células foliculares, formando cavidades foliculares que se unem para formar o antro folicular (caracterizando o folículo antral ou secundário). Ao mesmo tempo, ocorre o aumento do volume do ovócito e a produção de uma camada acelular rica em glicoproteínas, sintetizada pelo próprio ovócito, denominada zona pelúcida. Paralelamente, o estroma ovariano adjacente ao folículo em crescimento diferencia-se, dando origem às tecas interna e externa. As células da teca interna, bastante vascularizadas, produzem Androgênios (como a Testosterona), que são precursores do Estrogênio. A Testosterona difunde-se para as células da granulosa. Estas, sob estímulo do Hormônio Folículo-Estimulante (FSH), convertem a Testosterona em Estrogênio. O Estrogênio, por sua vez, estimula a proliferação das células da granulosa, contribuindo para o aumento do tamanho do folículo.

Folículo Maduro (ou de Graaf)

O folículo maduro (ou pré-ovulatório) atinge aproximadamente 1 a 2 cm de diâmetro e pode ser visto como uma vesícula transparente que faz saliência na superfície do ovário. O ovócito, agora um ovócito secundário (após completar a meiose I), localiza-se geralmente de forma excêntrica dentro do antro folicular, envolto pela zona pelúcida e por várias camadas de células da granulosa que formam o cumulus oophorus. As células do cumulus oophorus que estão em contato direto com a zona pelúcida tornam-se alongadas e dispostas radialmente, formando a corona radiata, que acompanha o ovócito durante a ovulação.

Ovogênese e Destino dos Folículos

As células germinativas primordiais, observadas pela primeira vez entre as células do endoderma do saco vitelino, migram para as cristas gonadais (futuros ovários) na sexta semana do desenvolvimento embrionário. No início da vida fetal, essas células transformam-se em ovogônias e proliferam rapidamente por divisão mitótica. Estas ovogônias aumentam de tamanho, tornando-se ovócitos primários, que são então envolvidos por uma camada de células foliculares, formando os folículos primordiais. Os ovócitos primários iniciam a primeira divisão meiótica (meiose I) ainda antes do nascimento, mas este processo é interrompido na prófase I (estágio de diplóteno) e permanece assim até a puberdade. A meiose I só é completada pouco antes da ovulação, em resposta ao surto de LH, dando origem a um ovócito secundário (que recebe a maior parte do citoplasma) e ao primeiro corpúsculo polar (uma célula pequena não funcional). O ovócito secundário então inicia a segunda divisão meiótica (meiose II), que é interrompida na metáfase II. A meiose II só será completada se ocorrer a fecundação pelo espermatozoide.

Do nascimento até a puberdade, encontram-se no ovário predominantemente folículos primordiais. Com o início da puberdade e durante a vida reprodutiva, a cada ciclo menstrual, um grupo de folículos primordiais é recrutado para o crescimento. Dentre estes, geralmente apenas um atinge a maturação completa (folículo de Graaf) e ovula, enquanto os demais sofrem atresia. Estima-se que cerca de 400 a 500 ovócitos sejam liberados durante toda a vida reprodutiva feminina.

Atresia Folicular

A atresia é o processo degenerativo que leva à morte da maioria dos folículos ovarianos, tanto primordiais quanto em crescimento. Este processo ocorre continuamente desde antes do nascimento até alguns anos após a menopausa. Há períodos em que a atresia é particularmente intensa, como no nascimento (devido à cessação dos hormônios maternos), na puberdade e durante a gravidez, momentos de significativas modificações hormonais. No processo de atresia, o ovócito e as células foliculares entram em apoptose (morte celular programada) e autólise, e o espaço resultante é gradualmente preenchido por tecido conjuntivo do estroma ovariano.

O Óvulo Maduro

O óvulo (referindo-se ao ovócito secundário pronto para a fecundação) é uma célula grande, com um núcleo contendo material genético em meiose II incompleta (parada em metáfase II). Esta divisão só se completa após a penetração do espermatozoide. O citoplasma do óvulo é rico em reservas nutritivas e componentes essenciais para o início do desenvolvimento embrionário. Ele sintetiza e acumula proteínas, ribossomos, RNA transportador (tRNA), RNA mensageiro (mRNA) materno e fatores morfogenéticos. As proteínas armazenadas são suficientes para sustentar o embrião inicial até que ele possa obter nutrientes da mãe. Os ribossomos e tRNA são cruciais para a síntese proteica logo após a fecundação. O mRNA materno dirige a síntese proteica nas primeiras fases do desenvolvimento. Os fatores morfogenéticos, distribuídos em regiões específicas do citoplasma, guiam a diferenciação celular inicial do embrião.

Ovulação

A ovulação é o processo de liberação do ovócito secundário, juntamente com a zona pelúcida e a corona radiata, do folículo de Graaf maduro. Geralmente ocorre no meio do ciclo menstrual, aproximadamente 10-12 horas após o pico do Hormônio Luteinizante (LH). Com a aproximação da ovulação, o volume de líquido folicular no antro aumenta rapidamente, e a parede do folículo, incluindo a camada granulosa, as tecas e a túnica albugínea do ovário, torna-se mais fina e distendida na área que se projeta na superfície ovariana (o estigma). O ovócito e o cumulus oophorus destacam-se da parede folicular e flutuam livremente no antro. Pouco antes da ruptura, o fluxo sanguíneo cessa em uma pequena área do estigma. Esta área eleva-se, rompe-se, e o ovócito é expelido para a cavidade peritoneal, próximo à extremidade fimbriada da tuba uterina. As fímbrias da tuba capturam o ovócito, direcionando-o para o interior da tuba, onde pode ocorrer a fecundação.

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