Fonética e Fonologia: Conceitos e Diferenças
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Os segmentos consonantais e vocálicos organizam-se em estruturas silábicas, formando palavras possíveis em uma determinada língua. As línguas variam quanto aos seus inventários fonéticos, ou seja, quanto aos sons que ocorrem naquela língua, e quanto à organização da estrutura silábica. Ou seja, sequências sonoras possíveis em uma língua podem ser excluídas em outra.
Um dos objetivos centrais da fonêmica é fornecer aos seus usuários o instrumental para a conversão da linguagem oral em código escrito.
A relação entre uma representação fonética entre colchetes []
e uma representação fonêmica entre barras transversais //
não será necessariamente idêntica. Como o exemplo da palavra "babá" [baˈba]
e /baˈba/
. Podemos ter, por exemplo, a representação fonética "pintor" [p˜itoh]
, que é diferente da representação fonêmica /piNˈtoR/
.
Estrutura Silábica: Sílabas são constituídas de vogais (representadas por V) e consoantes (representadas por C). A estrutura máxima de uma sílaba do português é apresentada a seguir. A vogal é sempre obrigatória, e as consoantes podem ser opcionais, conforme os critérios listados.
A fonética estuda os sons como entidades físico-articulatórias isoladas (aparelho fonador). Cabe a ela descrever os sons da linguagem e analisar suas particularidades acústicas e perceptivas. Ela fundamenta-se em estudar os sons da voz humana, examinando suas propriedades físicas independentemente do seu “papel linguístico de construir as formas da língua”. Sua unidade mínima de estudo é o som da fala, ou seja, o fone.
À fonologia cabe estudar as diferenças fônicas intencionais, distintivas, isto é, que se unem a diferenças de significação; estabelecer a relação entre os elementos de diferenciação e quais as condições em que se combinam uns com os outros para formar morfemas, palavras e frases. Sua unidade mínima de estudo é o som da língua, ou seja, o fonema.
A Fonética se diferencia da Fonologia por considerar os sons independentes das oposições paradigmáticas e combinações sintagmáticas. Observe no esquema:
- Oposições paradigmáticas: aquelas cuja presença ou ausência implica em mudança de sentido. Exemplo:
/p/ata /b/ata /m/ata
Oclusiva Oclusiva Oclusiva
Bilabial Bilabial Bilabial
Surda Sonora Surda
Oral Oral Nasal
- Combinações Sintagmáticas: arranjos e disposições lineares no contínuo sonoro. Troca na posição dos fonemas entre si. Exemplo:
Roma, amor, mora, ramo
A Fonética e a Fonologia são duas disciplinas interdependentes, uma vez que, para qualquer estudo de natureza fonológica, é imprescindível partir do conteúdo fonético, articulatório e/ou acústico, para determinar as unidades distintivas de cada língua. Desta forma, a Fonética e a Fonologia não são dicotômicas, pois a Fonética trata da substância da expressão, enquanto a Fonologia trata da forma da expressão, constituindo, as duas ciências, dentro de um mesmo plano de expressão.
Segundo Saussure, “a fonética é uma ciência histórica, que analisa acontecimentos, transformações e se move no tempo”. Já a fonologia se coloca fora do tempo, pois o mecanismo da articulação permanece estável de acordo com a estrutura da língua em questão.
Mesmo não sendo uma concepção contemporânea, foi Saussure quem primeiro fez a distinção entre as duas ciências, através do uso de suas dicotomias (Langue/Parole, Forma/Substância). Foi com componentes do Círculo Linguístico de Praga que a Fonologia passa a adquirir seu próprio objeto de estudo.
O termo ‘Fonética’ pode significar tanto o estudo de qualquer som produzido pelos seres humanos, quanto o estudo da articulação, da acústica e da percepção dos sons utilizados em línguas específicas. No primeiro tipo de investigação, torna-se evidente a autonomia da Fonética em relação à Fonologia. No segundo tipo de investigação, porém, as relações entre as duas ciências se tornam patentes.