Fracasso Escolar: Um Olhar Multifacetado

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Introdução

O conceito de fracasso escolar é relativamente recente e está associado à escolarização em massa, ou seja, à inscrição generalizada de crianças no ensino obrigatório e à expansão gradual do ensino secundário e superior, como resultado da crescente demanda social por educação e da democratização do ensino. Sua definição é complexa porque cada cultura, sistema de educação e modelo educacional construiu seu próprio conceito de fracasso e sucesso na escola. No entanto, uma definição bastante comum está intimamente relacionada ao desempenho acadêmico do aluno, ou seja, à aquisição de conhecimentos e habilidades mínimas exigidas pelo currículo.

Quanto aos fatores mais influentes no sucesso e fracasso escolar, existem muitas opiniões e críticas, embora o fenômeno seja geralmente associado ao desempenho e à produtividade dos alunos, professores, escola e do sistema educativo, bem como à necessidade de otimizar os recursos que, devido à crise econômica do Estado-Providência, se tornam cada vez mais escassos. Nesse sentido, o sucesso e o fracasso têm muito a ver com a qualidade do ensino (o que é aprendido e como se aprende).

Embora, em termos gerais, possamos distinguir três modelos principais, dependendo se o objeto de estudo se concentra principalmente na criança - modelo psicológico -, na sociedade - modelo sociológico -, ou na escola - modelo psicoeducacional.

Modelos explicativos do fracasso escolar:

Modelo psicológico ou centrado na criança:

Neste modelo, a capacidade intelectual e os fatores psicológicos são considerados determinantes do sucesso ou fracasso escolar.

Modelo sociológico e focado na sociedade:

A classe social é utilizada para entender o fracasso escolar, buscando correlações entre a origem social (classe social de origem) e o desempenho escolar. Surgiram diversas teorias nesse campo, sendo as três mais representativas:

  1. Teoria da reprodução: formulada por Bourdieu e Passeron, sua ideia central é que a escola reproduz as desigualdades sociais e a dominação de certos grupos sociais em detrimento de outros, características da sociedade capitalista. O sistema de classes na sociedade capitalista afeta a distribuição de conhecimento (o conhecimento é desigualmente distribuído). O conteúdo curricular (conhecimento ou conteúdo transmitido, além dos métodos de uma pedagogia de transmissão e avaliação) deriva da classe ou grupo dominante na sociedade, que decide qual conhecimento educacional é considerado válido para transmitir na escola. Dessa forma, as escolas apenas reproduzem as relações de poder existentes, por meio da produção e distribuição da cultura dominante. Nesse discurso, o sucesso escolar depende do grau de correspondência entre a cultura familiar (capital cultural da família) e a cultura escolar (o que é ensinado na escola).
  2. Pesquisas que relacionam o ambiente ecológico e as práticas educativas familiares com o desempenho acadêmico.
  3. Teoria dos códigos linguísticos: o sociolinguista inglês Basil Bernstein relacionou os códigos linguísticos ao desempenho escolar. Ele associa os códigos restritos (linguagem comum) aos alunos da classe trabalhadora, caracterizados por uma má utilização da linguagem, levando ao fracasso escolar, enquanto os códigos elaborados, adequados aos alunos das classes média e alta e caracterizados pelo uso de linguagem rica e complexa, levam ao sucesso escolar.

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