Fundamentos da Arte e Estética: Conceitos, Teorias e Críticas

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Conceitos Fundamentais da Estética

  • A experiência pode ser comunicada mediante o juízo estético, juízo de valor ou de apreciação relativamente ao belo ou às categorias afins: o sublime, o poético, o grandioso, o dramático, o trágico, o cômico, o grotesco, o feio, o horrível... Os juízos relativamente ao belo constituem um tipo específico de juízos estéticos.
  • O belo é independente do sujeito e dos seus gostos. São partidários do objetivismo estético. A beleza depende do sujeito e dos seus gostos. São defensores do subjetivismo estético.
  • Em geral, as obras de arte não têm uma função prática ou instrumental. O útil refere-se àquilo que serve de meio para determinado fim. A obra de arte escapa, em princípio, a esta dimensão, distinguindo-se das demais atividades humanas enquanto modo intencional de produção da beleza ou de algo que possa fixar a nossa atenção e a nossa sensibilidade estética.
  • Os elementos implícitos na arte em geral são a realidade visível, os meios técnicos e o mundo interior do artista. No tocante à possibilidade de dividir e classificar as artes, podemos apresentar a seguinte classificação: artes da vista, artes do ouvido, artes de síntese.
  • Para compreender uma obra de arte, é importante que estejamos informados acerca das características do movimento artístico a que o autor dessa obra pertence, mas também das motivações que o levam a criar: inventar novos mundos, compreender-se a si mesmo, transcender o efémero, intervir social e politicamente, satisfazer desejos inconscientes, exprimir-se e revelar-se, perpetuar a sua passagem pelo mundo. Estas razões podem sintetizar-se em dois vetores fundamentais: a representação e a expressão. A arte e o ser humano são indissociáveis. (Significado de Obra de Arte)

Teorias da Arte e Suas Objeções

  • A teoria da arte como imitação considera que a arte é uma imitação da natureza. São objeções a esta teoria o facto de ela reduzir a arte a uma caricatura da vida, ignorando que muitas criações artísticas não se reduzem a meras imitações e que a arte é uma transfiguração do real, e inferiorizando assim o belo artístico relativamente ao belo natural.
  • A teoria da arte como expressão considera que a arte é expressão de emoções. Objeções: Ignorar outros fatores que, para além das emoções, presidem à criação; Fazer coincidir o momento em que o artista cria com o do estado emocional; Secundarizar a harmonia interna da obra; Não ter em conta o facto de haver obras sem aparente conteúdo emocional; Ignorar que a expressão artística é intencional e mediata.
  • A teoria formalista da arte assenta na ideia de que a emoção estética decorre da forma significante, qualidade indefinível, mas que pode ser reconhecida pelos críticos mais sensíveis. Há duas objeções a esta teoria: ela parece apoiar-se num argumento circular — a emoção estética resulta de algo que produz emoção estética e do qual nada mais se pode afirmar — e não pode ser refutada (o que lhe retira valor e significado), por pressupor o que se quer demonstrar e por se basear inteiramente na subjetividade do espectador e do crítico.
  • A teoria institucional da arte considera que todas as obras de arte são artefactos culturais e possuem o estatuto de obras de arte que lhes é conferido por pessoas com autoridade para o fazer. São 3 objeções a esta teoria: ela não permite distinguir a boa da arte; é uma teoria circular (arte é só aquilo que um grupo restrito decide considerar como tal), e é inútil, se admitir que há razões para escolher uns artefactos e não outros, ou arbitrária, se admitir que não existem tais razões.

Arte Pela Arte e Arte Engajada

  • Apesar de todo o artista se encontrar situado num meio sociocultural que o influencia e que ele influencia também, a arte possui valor em si mesma. É a teoria da arte pela arte ou esteticismo, que valoriza as propriedades formais, em detrimento do conteúdo ou da mensagem, considerando a arte como autónoma em relação a outros saberes e dimensões da vida humana.
  • O esteticismo está sujeito a várias críticas: a mensagem constitui muitas vezes um critério decisivo para que os críticos reconheçam valor à obra de arte; muitos artistas empenhados em intervir socialmente através da sua obra, o que nos remete para a arte militante, ou arte comprometida com fins sociais. Não só a arte não existe separada da sociedade, como o próprio artista não se pode, nem deve, alhear dos problemas sociais e políticos.
  • Se os defensores do esteticismo tendem a ver com desprezo a subordinação da arte à moral, os defensores da arte comprometida tenderão a aceitar a ideia de que uma das funções do artista é contribuir para o progresso moral. A arte pode ser vista como forma de promover a virtude e a prática do bem.

Arte, Mercado e Indústria Cultural

  • A obra de arte é também um objeto comercial, prestando-se ao consumo. Os artistas fazem-se pagar pelo seu trabalho, e algumas obras, nomeadamente a pintura, atingem milhões de euros, normalmente o caso de obras originais. O mérito artístico é assim secundarizado face a valores como a raridade das obras, as preferências dos colecionadores, a rivalidade social e a atração psicológica.
  • O snobismo dos colecionadores faz com que o valor snobe se sobreponha ao valor artístico.
  • Para ser conhecido, tem-se de entrar no mercado e ter nome no mesmo. Só se entra neste através da publicidade e do marketing.

Perguntas Frequentes sobre Arte

  • De que maneira a arte transfigura o real? Através da imaginação, da sensibilidade e da inteligência, o artista transfigura o real e a perceção imediata, criando novas formas, nas quais se encontra a sua marca pessoal.
  • A arte imita a natureza? Muitos dos objetos e criações humanas que são reconhecidas como sendo arte não se reduzem a meras imitações. Há quadros, peças musicais, poemas, etc., que não se limitam ao real. Ou os excluímos da arte, ou, se estamos dispostos a considerá-los arte, teremos de recusar a teoria da arte como imitação.
  • Será a emoção que o artista quer comunicar a mesma que o espetador recebe? Se, por um lado, a criação traduz o sentimento do artista, a contemplação da obra desencadeia emoção no espetador. Nesse sentido, o valor da arte reside no prazer que ela proporciona e a sua natureza reside na expressão da emoção. No entanto, é evidente que o facto de uma obra provocar emoção no espetador não é prova de que ela exprima a emoção do artista.
  • Qual é a forma significante? A forma significante, em particular nas obras de arte visuais, acaba por ser uma combinação, em certas relações de linhas, formas e cores. Isto significa que aquilo que é representado e o objetivo e/ou função com que a obra foi feita são irrelevantes para a apreciação da obra de arte.

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