Fundamentos de Comércio Internacional

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Ricardo vs. Smith: Vantagem Comparativa e Absoluta

Teoria de Vantagem Absoluta (Adam Smith)

Adam Smith postulou que os países deveriam especializar-se na produção de bens nos quais possuem uma vantagem absoluta, ou seja, aqueles que podem produzir mais eficientemente (com menos trabalho ou recursos) em comparação a outros países.

Teoria de Vantagem Comparativa (David Ricardo)

David Ricardo argumentou que a teoria de Smith era incompleta porque não levava em consideração as situações em que um país pode não ter vantagem absoluta em nenhum produto. Ricardo introduziu o conceito de vantagem comparativa, que demonstra que mesmo nesses casos, o comércio pode ser benéfico. Segundo Ricardo, um país tem uma vantagem comparativa na produção de um bem se o custo de oportunidade de produzir esse bem é menor do que em outros países.

Exemplo usando a Teoria do Valor Trabalho

Suponha dois países, A e B, e dois produtos, vinho e tecido. A tabela a seguir mostra a quantidade de horas necessárias para produzir uma unidade de cada produto em cada país:

País

Vinho (horas)

Tecido (horas)

A

10

20

B

5

10

  • Vantagem Absoluta: País B tem vantagem absoluta na produção tanto de vinho (5 horas vs. 10 horas) quanto de tecido (10 horas vs. 20 horas).
  • Vantagem Comparativa: Mesmo assim, Ricardo demonstraria que o comércio é benéfico se cada país se especializar conforme sua vantagem comparativa.

Para o País A, o custo de oportunidade de produzir 1 unidade de vinho é 0.5 unidades de tecido (10 horas de vinho / 20 horas de tecido). Para o País B, o custo de oportunidade de produzir 1 unidade de vinho é 0.5 unidades de tecido (5 horas de vinho / 10 horas de tecido). Apesar de o País B ter uma vantagem absoluta em ambos os produtos, o País A deve se especializar no produto onde sua desvantagem é menor (ou seja, onde possui uma vantagem comparativa). Ricardo mostrou que a especialização e o comércio podem levar a uma utilização mais eficiente dos recursos globalmente.

Mudança no Nível de Tarifas

No século XIX e início do século XX, muitos países, incluindo os EUA e a França, adotaram altas tarifas (cerca de 40%) para proteger suas indústrias nascentes contra a concorrência internacional. Essa política, conhecida como protecionismo, visava permitir que as indústrias domésticas crescessem e se desenvolvessem até que fossem competitivas em nível global. Vários fatores explicam a redução das tarifas ao longo do tempo:

  • Globalização e Acordos Comerciais: A crescente integração econômica global e a criação de organizações como o GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) e posteriormente a OMC (Organização Mundial do Comércio) promoveram reduções tarifárias.
  • Mudança de Políticas Econômicas: A percepção de que o livre comércio poderia trazer maiores benefícios econômicos em termos de eficiência, inovação e crescimento econômico.
  • Evolução das Economias: Economias que inicialmente protegiam suas indústrias domésticas conseguiram desenvolvê-las ao ponto de serem competitivas internacionalmente, reduzindo a necessidade de tarifas elevadas.

Formas de Integração Econômica

As principais formas de integração econômica incluem:

  • Área de Livre Comércio: Eliminação das tarifas entre os países membros (ex.: NAFTA).
  • União Aduaneira: Além da eliminação das tarifas internas, os países adotam uma tarifa externa comum (ex.: Mercosul).
  • Mercado Comum: Integração mais profunda que inclui livre circulação de bens, serviços, capital e trabalho (ex.: União Europeia antes da união monetária).
  • União Econômica e Monetária: Integração ainda mais profunda que inclui uma moeda única e políticas econômicas harmonizadas (ex.: União Europeia com o euro).

Análise Estática e Dinâmica do Processo de Integração

  • Estática: Avalia os efeitos imediatos da integração, como a criação e desvio de comércio. A criação de comércio ocorre quando a integração permite que bens sejam adquiridos mais baratos de outros membros, enquanto o desvio de comércio acontece quando as importações de países fora da união são substituídas por importações mais caras de países membros.
  • Dinâmica: Foca nos efeitos de longo prazo, como ganhos de eficiência, aumento da concorrência, economias de escala, aumento dos investimentos e transferência de tecnologia.

Hipótese Prebish-Singer e Deterioração dos Termos de Troca

Paradigma Centro-Periferia de Prebisch

Raúl Prebisch e Hans Singer argumentaram que os termos de troca entre países desenvolvidos (centro) e países em desenvolvimento (periferia) tendem a deteriorar ao longo do tempo. A periferia exporta principalmente matérias-primas e importa produtos manufaturados do centro.

Razões para a Deterioração dos Termos de Troca

  • Elasticidade da Demanda: A demanda por matérias-primas cresce mais lentamente do que a demanda por produtos manufaturados.
  • Progresso Técnico: Beneficia mais o centro, onde as inovações ocorrem, aumentando a produtividade e os rendimentos no setor manufatureiro, enquanto os ganhos para a periferia são limitados.

Nova Teoria do Comércio Internacional de Krugman

Paul Krugman introduziu a Nova Teoria do Comércio, que incorpora conceitos como economias de escala e concorrência imperfeita:

Similaridades com Vantagem Comparativa

  • Ambas reconhecem que os países se beneficiam do comércio ao se especializarem.

Diferenças

  • A nova teoria explica o comércio entre países com estruturas produtivas semelhantes e enfatiza o papel de economias de escala e a diversificação de produtos.

Subsídios e Impacto Econômico

Subsídios como Imposto Negativo

Subsídios reduzem os custos de produção para os produtores domésticos, permitindo que vendam seus produtos a preços mais baixos.

Perda Líquida para a Sociedade

Os subsídios geram uma perda líquida para a sociedade porque envolvem um custo para o governo (e, portanto, para os contribuintes) que não é totalmente compensado pelos benefícios recebidos pelos produtores e consumidores.

Comparação com Tarifas ou Quotas

  • Menos Prejudicial: Subsídios podem ser menos prejudiciais que tarifas ou quotas porque não distorcem os preços para os consumidores de maneira tão direta e podem fomentar a competitividade da indústria doméstica.
  • Análise Gráfica: A análise gráfica mostraria a área de perda de bem-estar associada aos subsídios (triângulo de perda líquida) e a comparação com a perda de bem-estar maior associada às tarifas (áreas de perda de consumidores, ganhas pelos produtores e receita tarifária).

Para concluir, cada uma dessas questões aborda aspectos críticos das teorias e políticas de comércio internacional, elucidando como diferentes abordagens e práticas impactam a economia global e as relações comerciais entre países.

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