Fundamentos da Economia: Conceitos, Sistemas e História
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TEMA 1: Introdução à Economia
Iniciando nosso diálogo
Prezado(a) aluno(a),
A “Ciência da Escassez”, como é chamada a Economia, mostra-nos que, no sistema econômico, é necessário fazer escolhas e saber o que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir.
Mas como saciar os desejos ilimitados de consumo de uma sociedade que tem seus recursos limitados? Encontre a resposta para esta e outras questões durante o estudo do Tema 1.
Objetivos
Ao concluir este tema, temos como objetivo que você seja capaz de compreender a importância da Economia nas nossas vidas, mediante o aprendizado de alguns conceitos básicos que aqui trazemos, tais como:
- Problemas econômicos fundamentais;
- O sistema econômico capitalista;
- O sistema econômico socialista;
- A divisão da teoria econômica e seus argumentos.
Vamos iniciar nosso aprendizado!
SAIBA MAIS
Fatores ou recursos produtivos: Os fatores ou recursos produtivos são os elementos utilizados na produção de bens e serviços, tais como trabalho, capacidade empresarial, capital, terra e tecnologia. Por exemplo, para produzir automóveis são necessários: terra (fábrica); capacidade empresarial (empresário, ou seja, a pessoa que deverá assumir todos os riscos do empreendimento); trabalho (mão de obra); capital (máquinas e equipamentos) e tecnologia. Ver Vasconcellos & Garcia (2006, p. 10).
1.1 - Conceito de Economia e Problemas Econômicos Fundamentais
REFLITA
Por que temos que “economizar” nossos recursos?
IMPORTANTE
“Economia” é uma palavra que se origina do grego óikos (casa) e nómos (norma, lei), resultando no termo oikosnomos que pode ser entendido como “administração de uma casa ou do Estado”.
Nesse sentido, uma pessoa “econômica” é alguém que sabe cuidar dos recursos financeiros e materiais que possui e de administrá-los com o objetivo de satisfazer suas necessidades.
Para responder essa questão, vejamos primeiro qual o conceito de Economia.
Juntamente com outras áreas do conhecimento, como, por exemplo, o direito, a psicologia e a política, a Economia é uma ciência social, pois analisa o funcionamento da sociedade. O que as diferencia é o ponto de vista sob o qual fazem isso. No caso da Economia, a preocupação é o comportamento humano no que se refere à produção, troca e consumo de bens e serviços.
Uma sociedade, por mais rica que seja, não tem recursos produtivos ou fatores de produção suficientes para satisfazer as infinitas e renovadas aspirações dessa mesma sociedade.
Tem-se então, um problema de escassez: recursos limitados contrapondo-se a necessidades ilimitadas. A questão central da Economia está na forma de utilizar os recursos produtivos limitados, de forma a atender ao máximo as necessidades humanas ilimitadas.
REFLITA
No caso de uma sociedade, diante da questão da escassez, é necessário fazer escolhas, dada a escassez dos recursos ou fatores de produção, associada às necessidades ilimitadas do homem, originando os problemas econômicos fundamentais:
- O que e quanto produzir?
- Como produzir?
- Para quem produzir?
- O que e quanto produzir? Diante da impossibilidade de produzir tudo e em quantidades infinitas, o primeiro problema econômico fundamental é decidir quais bens e serviços serão produzidos e suas respectivas quantidades. Produzir armas e/ou alimentos? Se decidir produzir apenas alimentos, qual a quantidade?
- Como produzir? Tendo em vista o volume de recursos produtivos e a melhor tecnologia existente no momento, a sociedade deve escolher o método de produção mais eficiente, ou seja, o que apresente o menor custo de produção possível. Produzir utilizando mais mão de obra ou mais máquinas?
- Para quem produzir? Após se escolher o que e quanto produzir e como produzir, o próximo problema a ser resolvido é decidir como os bens e serviços produzidos serão distribuídos na sociedade. A produção será igualmente distribuída ou quem se beneficiará mais, ou menos?
Esses três problemas econômicos fundamentais serão resolvidos de maneiras distintas, tendo em vista o sistema econômico vigente na sociedade em questão.
Basicamente, temos dois sistemas econômicos: o sistema econômico capitalista ou economia de mercado e o sistema econômico socialista ou economia centralizada.
1.2 - Capitalismo, Socialismo e as Teorias de Produção
Atualmente, a maior parte dos países é capitalista. Suas principais características são:
- Regido pelas forças de mercado (oferta e demanda);
- Predomínio da propriedade privada dos fatores de produção.
Os três problemas econômicos fundamentais (o que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir) são resolvidos predominantemente pelo mecanismo de mercado, ou seja, pela oferta e demanda.
A Rússia foi o primeiro país a adotar o socialismo após a Revolução de 1917. Os defensores desse sistema consideravam injusto o capitalismo e que era possível substituí-lo por um modelo diferente. A partir de 1989, com a queda do Muro de Berlim, a maior parte dos países socialistas aderiu à economia de mercado. Suas principais características são:
- Propriedade pública dos fatores de produção;
- Planejamento econômico.
Os três problemas econômicos fundamentais (o que e quanto produzir, como produzir e para quem produzir) são resolvidos por um órgão central de planejamento, a quem cabe elaborar os planos de produção de todos os setores econômicos.
SAIBA MAIS
Socialismo: Karl Marx (1818-1883) é considerado o principal teórico do pensamento socialista. O Capital (1867) é sua principal obra.
IMPORTANTE
A Curva de Possibilidades de Produção (CPP) é um conceito teórico que busca mostrar como a questão da escassez obriga uma sociedade a realizar escolhas entre as alternativas de produção.
Imagine uma economia que só produza dois bens, máquinas e alimentos. Supondo-se que estão sendo utilizados todos os fatores de produção disponíveis e a melhor tecnologia disponível, as alternativas de produção seriam:
| ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO | MÁQUINAS (MILHARES) | ALIMENTOS (TONELADAS) |
|---|---|---|
| Fonte: Adaptação de Vasconcellos & Garcia (2006, p. 4) | ||
| A | 25 | 0 |
| B | 20 | 30,0 |
| C | 15 | 47,5 |
| D | 10 | 60,0 |
| E | 5 | 70,0 |
A alternativa A mostra uma situação em que todos os recursos produtivos disponíveis são utilizados apenas na produção de máquinas (25 mil). Se o desejo for produzir 30 toneladas de alimentos (alternativa B), necessariamente a produção de máquinas deverá diminuir para 20 mil, pois agora os recursos produtivos, que antes eram utilizados para se produzir apenas máquinas, serão deslocados para a produção de alimentos também. Assim ocorrerá, sucessivamente, com as demais alternativas até chegarmos ao ponto E, em que produzimos apenas alimentos (70 toneladas) e nada de máquinas.
Figura 1.1: Curva de Possibilidades de Produção (Eixos: Bens de Capital e Bens de Consumo, com pontos I, II, III, IV)
Como observamos, devido à escassez de recursos é preciso fazer escolhas. O custo de oportunidade é a expressão utilizada para exprimir os custos no que se refere às alternativas sacrificadas, ou seja, toda vez que fazemos uma escolha, incorremos em um custo de oportunidade.
Por exemplo, se você pode ir ao cinema ou assistir ao futebol e optou por ir ao cinema, o custo de oportunidade de ir ao cinema é medido pelo que você deixou de fazer (no caso, assistir ao futebol).
Em uma sociedade que produz apenas dois bens (X e Y), o custo de oportunidade é medido a partir do grau de sacrifício de se deixar de produzir parte de um bem X para se produzir mais de outro bem (Y).
Analisando a Tabela 1.1, o custo de oportunidade de se passar da alternativa B para C é de 5 mil máquinas, ou seja, para aumentar a produção de alimentos em 17,5 toneladas (47,5 - 30) são sacrificadas (deixadas de produzir) 5 mil máquinas. Do mesmo modo, o custo de oportunidade de se passar da alternativa E para D é de 10 toneladas de alimentos, ou seja, para aumentar a produção de zero para 10 mil máquinas são sacrificadas 10 toneladas de alimentos.
O formato côncavo em relação à origem da curva de possibilidades de produção é explicado pelo fato de os custos de oportunidade serem crescentes, ou seja, acréscimos iguais na produção de um determinado bem resultam em decréscimos cada vez maiores do outro bem.
REFLITA
Mas por que esses decréscimos são cada vez maiores?
A explicação é de que os recursos utilizados na produção de determinado bem podem não ser tão eficientes quando transferidos para a fabricação de outro bem. Vejamos o caso da mão de obra. Inicialmente, os sacrifícios são menores, pois para aumentarmos a produção de um bem X, transferimos apenas os trabalhadores que não eram tão eficientes na produção do bem Y. Entretanto, com o passar do tempo, as quantidades sacrificadas na produção do bem Y são cada vez maiores, já que deslocaremos trabalhadores menos adaptados à produção do bem X.
Um deslocamento da curva de possibilidades de produção para a direita significa um crescimento econômico, ou seja, o país aumentou as quantidades dos dois bens produzidos. Isso ocorre apenas quando há um aumento na quantidade de recursos produtivos e/ou quando ocorre um progresso tecnológico.
A curva de possibilidades de produção pode se deslocar também para a esquerda. Isso ocorre apenas quando há uma redução na quantidade de recursos produtivos e/ou quando ocorre um retrocesso tecnológico. Nesse caso, as novas alternativas de produção desse país serão compostas de quantidades menores dos dois bens produzidos.
1.3 - Fluxo da Atividade Econômica
A expressão “fluxo circular da atividade econômica” retrata como funciona uma economia de mercado (capitalista) e a forma como os indivíduos interagem nesse sistema, buscando atingir seus objetivos individuais.
REFLITA
No entanto, como funciona uma economia capitalista?
Considere uma economia livre da interferência do governo e que não mantenha transações com o exterior (economia fechada). As famílias são proprietárias dos fatores de produção e os fornecem às empresas, por meio do mercado de fatores de produção. Por outro lado, as empresas produzem bens e serviços a partir da utilização dos fatores de produção e os fornecem às famílias por meio do mercado de bens e serviços. Essas relações formam o chamado fluxo real da economia.
A contrapartida do fluxo real é o fluxo monetário. Esse fluxo mostra a remuneração dos fatores de produção (salários, juros, lucros, aluguéis e royalties) e o pagamento pelos bens e serviços.
Os preços e também as quantidades dos bens e serviços são determinados no mercado, ou seja, pela demanda e oferta. É dessa maneira que o problema econômico “o que e quanto produzir” é solucionado.
Do mesmo modo, é o mercado de fatores de produção o responsável pelos seus respectivos preços, que indicarão às empresas como produzir. O problema econômico é equacionado no mercado de fatores de produção. Assim, quanto maior a participação na renda, maior a participação das famílias.
SAIBA MAIS
Fatores de produção: A remuneração da terra é o aluguel; da capacidade empresarial, é o lucro; do capital, é o juro; da tecnologia, é o royalty e, do trabalho, é o salário.
Figura 1.2: Fluxo Circular da Renda (Mercados de bens e serviços, empresas, famílias, mercados de fatores de produção)
Para entendermos o funcionamento de uma economia, é importante levar em consideração que os bens podem ser classificados de diversas maneiras.
Quando vendidos para consumo ou utilização final, ou seja, já passaram por todos os processos produtivos, são chamados bens finais. As matérias-primas, como o açúcar utilizado por uma fábrica de biscoitos ou o tecido utilizado na indústria têxtil, que ainda sofrerão novas transformações até se tornarem bens finais, são classificados como bens intermediários.
Os bens finais, por outro lado, podem ser classificados em bens de capital e bens de consumo. Máquinas e equipamentos utilizados na fabricação de outros bens, mas que não se desgastam totalmente no processo produtivo são denominados bens de capital. O automóvel utilizado pelo taxista na produção do serviço de transporte é um exemplo de bem de capital.
No entanto, quando se destina diretamente ao atendimento das necessidades humanas é denominado bem de consumo, e pode ser durável ou não durável. Assim, um automóvel utilizado para satisfazer apenas às necessidades diretas de uma pessoa de se locomover é um bem de consumo durável. Já o açúcar, para o consumo de uma família, é definido como bem de consumo não durável, pois serve apenas para suprir uma necessidade básica do homem de se alimentar.
| BENS INTERMEDIÁRIOS | BENS FINAIS | |
|---|---|---|
| Bem de Capital | Bem de Consumo (Durável / Não Durável) | |
| Fonte: Autora | ||
| Açúcar usado como matéria-prima. | Automóvel utilizado por um taxista. | Automóvel para uso da família (Durável). Açúcar de uso doméstico (Não Durável). |
1.4 - Divisão da Teoria Econômica e Argumentos Positivos e Normativos
Antes de prosseguirmos é essencial compreendermos como a Economia aborda determinados temas. Para Vasconcellos, a teoria econômica está dividida em quatro áreas de estudos: Microeconomia, Macroeconomia, Economia Internacional e Desenvolvimento Econômico.
Inicialmente precisamos compreender as diferenças entre Microeconomia e Macroeconomia.
IMPORTANTE
Microeconomia deriva da palavra grega mikros, que significa “pequeno”. Nesse sentido, analisa o comportamento da economia em detalhes, ou seja, o comportamento dos agentes econômicos individuais (famílias, empresas e governos) e mercados específicos.
Por outro lado, Macroeconomia deriva da palavra grega makros, que significa “grande”. Analisa o comportamento geral da economia, ou seja, se concentra no panorama geral e desconsidera os pequenos detalhes.
Na Tabela 1.3 apresentaremos alguns exemplos de análises microeconômicas e macroeconômicas. Basicamente as diferenças estão na abordagem empregada. Nos três exemplos de microeconomia, estamos analisando apenas uma parcela do país (emprego na indústria de refrigerantes; comparação dos juros cobrados em duas modalidades de crédito e a produção apenas de automóveis). Do outro lado, ao analisar o comportamento geral da economia (emprego no Brasil; os juros e a produção no país) estamos realizando uma análise macroeconômica.
| MICROECONOMIA | MACROECONOMIA |
|---|---|
| Fonte: Autora | |
| O emprego na indústria de refrigerantes diminuiu. | O emprego no país aumentou. |
| Por que os cartões de crédito cobram juros mais altos do que o financiamento da casa própria? | Por que os juros no Brasil são tão elevados? |
| A produção automobilística no Brasil aumentou. | A produção de bens e serviços no país diminuiu. |
Assim, fica mais fácil entendermos porque muitas vezes ouvimos o governo falar que o emprego no país aumentou, quando você acaba de ficar desempregado. O que ocorre é que quando o governo fala isso, ele está realizando uma análise macroeconômica e você uma análise microeconômica. Ou seja, no conjunto do país, foram criados mais empregos; contudo, não significa que isso ocorreu em todos os setores do país.
Outro aspecto importante é diferenciar a economia positiva da economia normativa. A análise positiva busca explicar os fatos da realidade, já a normativa envolve dizer o que deveria ser.
Quando afirmamos “se o preço da carne aumentar, o consumo desse produto diminui” é uma análise positiva, pois não envolve juízo de valor (opinião) e é uma análise do fato em si. Por outro lado, afirmações como “o preço da carne deveria diminuir” é uma análise normativa, visto que envolve juízo de valor e é uma análise do que deveria ser.
Segundo Vasconcellos & Garcia (2006, p.10), “a economia é uma ciência social e utiliza fundamentalmente uma análise positiva, que deve explicar os fatos da realidade”. Todavia, como a economia aborda o comportamento humano, ela frequentemente sofre a interferência de novos valores, do que consideramos uma coisa boa ou má.
IMPORTANTE
A Economia Internacional analisa as relações econômicas entre residentes e não residentes de um país. Estas relações econômicas envolvem transações financeiras e transações com bens e serviços onde são abordados os principais aspectos das relações de um país com o resto do mundo.
O Desenvolvimento Econômico preocupa-se essencialmente com a melhoria do padrão de vida da sociedade ao longo do tempo. Nesta área é dado enfoque para as questões estruturais e de longo prazo, como por exemplo: Estratégias de crescimento, progresso tecnológico e infraestrutura.
RECAPITULANDO (TEMA 1)
Parabéns por ter concluído a primeira etapa desta nossa jornada! Esperamos que tenham sido momentos prazerosos de estudo e aprendizagem e que você consiga relacionar o conjunto de aspectos desenvolvidos ao longo do tema, com os demais conteúdos do curso.
Concluímos nosso primeiro tema e você deve ter percebido que a Economia não é apenas números, tabelas, gráficos. Tampouco é algo impossível de se aprender, destinado apenas a poucos intelectuais que passam o dia todo a analisar números e teorias. Estas são apenas ferramentas importantes!
Pudemos observar e aprender o conceito de Economia, refletir sobre a importância de seus problemas fundamentais; abordamos a existência do sistema econômico capitalista, também conhecido como economia de mercado, e o sistema econômico socialista ou economia de produção; identificamos ainda o fluxo da atividade econômica, bem como verificamos a divisão da teoria econômica, argumentos positivos e normativos.
No próximo tema, verificaremos como ocorreu a evolução da Teoria do Pensamento Econômico nos diferentes períodos da história.
TEMA 2: Evolução do Pensamento Econômico
Iniciando nosso diálogo
Prezado(a) aluno(a),
No tema anterior, acompanhamos alguns conceitos básicos de Economia, bem como sua importância para a sociedade atual. Neste momento, lançamos um olhar para a história, a fim de identificarmos a evolução do pensamento econômico, sobretudo as bases teóricas da fase pré-científica e da fase científica.
Objetivos
É objetivo, deste tema, compreendermos de que forma os autores, ao longo do tempo, aprimoraram seus conhecimentos e pesquisas sobre a teoria econômica, até chegarmos ao momento atual. Além disso, aprendermos de que forma a Economia surgiu, desenvolveu-se e alcançou o patamar de ciência.
O pensamento econômico pode ser dividido em duas fases: a pré-científica (da Grécia Antiga até 1750) e a científica (de 1750 em diante).
Vamos iniciar nosso aprendizado!
2.1 - A Fase Pré-Científica (da Grécia Antiga até 1750)
A fase pré-científica engloba três períodos históricos:
Figura 2.1 - Períodos históricos da fase pré-científica: A Antiguidade, A Idade Média, Mercantilismo.
Durante a antiguidade, tanto na Grécia, quanto na Roma Antiga não havia um pensamento econômico estruturado e independente. As discussões econômicas apareciam como coadjuvantes em meio a temas centrais sobre política, filosofia e moral.
Na Idade Média, entre os séculos XI e XIV, ocorre a intensificação do comércio entre as várias regiões da Europa. Segundo Pinho (2004), com o intuito de moralizar os interesses pessoais, a Igreja condenou a cobrança de juros e defendeu o preço justo.
O Mercantilismo é o conjunto de práticas econômicas implementadas pelos governos absolutistas entre 1450 e 1750 na Europa, com o objetivo de aumentar a riqueza das nações. Para Vasconcellos e Garcia (2006, p.16), “Apesar de não representar um conjunto técnico homogêneo, o mercantilismo tinha algumas preocupações explícitas sobre a acumulação de riqueza de uma nação.”.
Segundo os mercantilistas, a riqueza de um país estava associada ao acúmulo de metais preciosos (ouro e prata). Assim, defendiam a manutenção de saldos positivos no comércio (exportações maiores que as importações) mediante a interferência direta do Estado, estimulando as exportações e limitando ao máximo as importações.
2.2 - A Fase Científica: Fisiocracia (Século XVIII)
A Fisiocracia é a escola do pensamento econômico que surgiu na França no século XVIII. Seu principal representante é François Quesnay (1694-1774), que publicou o livro Tableau Économique (Quadro Econômico), em 1758.
Diferentemente dos mercantilistas, a fisiocracia entendia que a terra era a única fonte de riqueza de uma nação, e a agricultura, o setor mais importante na economia, ou seja, a indústria e o comércio seriam totalmente dependentes do que a natureza podia oferecer.
Os fisiocratas acreditavam na existência de uma ordem natural suprema. Sendo assim, viam como desnecessária qualquer espécie de regulamentação por parte do governo.
2.3 - Teoria Científica: Adam Smith (1723-1790)
Adam Smith é considerado o fundador da moderna teoria econômica e o primeiro a elaborar um modelo abstrato completo e relativamente coerente do sistema capitalista (Troster; Mochon, 2003). Sua principal obra é A Riqueza das Nações (1776).
Smith acreditava que, em ambiente de livre concorrência, sem a interferência do Estado, uma mão invisível conduziria a economia ao equilíbrio.
Ou seja, se todos fossem realmente livres para perseguirem e alcançarem seus próprios interesses, isso resultaria em um benefício para toda a sociedade.
Smith defende que a causa da riqueza de uma nação é o trabalho humano. A partir do exemplo de uma fábrica de alfinetes mostra que, quanto maior a especialização do trabalhador, maior a divisão do trabalho e maior o nível de produtividade.
SAIBA MAIS
Adam Smith, juntamente com David Ricardo (1772-1823), John Stuart Mill (1806-1873), Jean Baptiste Say (1768-1832), entre outros que integram a chamada escola clássica, acreditam nas forças de mercado.
2.4 - Teoria Neoclássica e Contribuições de John Keynes
O principal representante da escola neoclássica é Alfred Marshall (1842-1934), que, em 1890, publicou o livro Princípios de Economia. Essa obra serviria como referência até a metade do século XX.
Seguindo os preceitos do pensamento clássico de crença na existência das forças de mercado e de um sistema autorregulável, os neoclássicos passariam a se preocupar com questões claramente microeconômicas.
Novas teorias envolvendo o comportamento dos consumidores foram desenvolvidas, baseando-se na premissa de que os indivíduos procuram maximizar seus benefícios.
Assim, seguindo o raciocínio dos economistas clássicos, concluíam que, se todos os indivíduos agissem dessa maneira, os benefícios para o conjunto da sociedade também seriam maximizados. A Matemática passou a ser utilizada amplamente. Equações algébricas e gráficos tornaram-se instrumentos importantes como expressão das teorias econômicas.
Nosso último autor, John Maynard Keynes (1883-1946) é considerado o último grande economista britânico que influenciou diretamente o desenvolvimento da teoria econômica. Sua principal obra foi A Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda (1936). Essa obra é importante não apenas porque trouxe novas explicações para os problemas econômicos, mas, particularmente, em função da maneira distinta de analisar a economia e o papel do Estado na sociedade.
Ao contrário dos economistas clássicos que acreditavam na existência de forças de mercado, Keynes defendia que esse equilíbrio automático nem sempre ocorria. Assim, em momentos de crise, o Estado deveria atuar, aumentando os gastos públicos.
Keynes defende que em momentos de retração econômica ao aumentar os gastos, o Estado injeta dinheiro na economia que, por sua vez, se multiplica. É o que ficou conhecido como multiplicador de gastos ou multiplicador keynesiano.
A ideia básica de Keynes é simples. A fim de manter o pleno emprego na economia, o governo deve gerar déficits orçamentários quando a economia entrar em recessão. A baixa atividade econômica resultaria do fato de o setor privado não estar investindo o suficiente.
O pensamento keynesiano influenciou diretamente o governo norte-americano no período da Grande Depressão em 1929. Com o objetivo de tirar a economia da grave crise, o então presidente, Franklin Delano Roosevelt, em 1933, implementou o New Deal (novo acordo).
Entre as medidas lançadas no New Deal estava o aumento nos investimentos do governo em obras de infraestrutura. As ideias de Keynes influenciaram fortemente a tomada de decisões de vários governos no mundo, no período da pós-segunda guerra mundial até o início da década de 1970.
RECAPITULANDO (TEMA 2)
Parabéns, a segunda etapa desta jornada está concluída. No segundo tema, abordamos o desenvolvimento da teoria econômica nos diferentes períodos da história. Aprendemos sobre a importância dos principais pensadores da era pré-científica, os fisiocratas, Adam Smith, Marshall e Keynes. Com isso, pudemos verificar a contribuição destes autores para se chegar aos atuais preceitos da teoria econômica.
No próximo tema, falaremos dos principais fundamentos da microeconomia, abordando os conceitos de demanda, a oferta e o equilíbrio de mercado e as suas respectivas influências no panorama econômico geral.
Continue firme nos estudos!
Anotações
Chegou a sua vez! Aproveite o momento para sintetizar o que foi abordado neste tema, identificando as ideias principais. Lembre-se de que essa é uma atividade de sistematização dos conceitos compreendidos, por isso você pode desenvolvê-la aqui em Anotações, ou se preferir, em seu Diário Reflexivo, disponível no Ambiente Virtual da Disciplina.