Fundamentos da Epidemiologia e Saúde Coletiva
Classificado em Medicina e Ciências da Saúde
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1. Figuras Históricas na Epidemiologia
John Snow:
Conduziu o estudo que levou ao esclarecimento da epidemia de cólera em Londres.
Louis Pasteur:
Estabeleceu as bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas, identificou e isolou numerosas bactérias, estudou a fermentação da cerveja e do leite, investigou as bactérias patogênicas e os meios de destruí-las ou impedir sua multiplicação, e desenvolveu os princípios da “pasteurização”.
Causalidade das Doenças
Unicausalidade:
Tornou-se claro que os agentes microbianos e físicos não eram capazes de explicar todas as questões de etiologia e prognóstico das doenças.
Multicausalidade:
Teoria ecológica, exemplificada por:
- Cigarro x Câncer (CA)
- Estudo de Framingham
- Rubéola x Malformações congênitas
- Flúor x Cárie dentária
2. O que é Epidemiologia?
A Epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas.
Conceitos Fundamentais:
- Magnitude: Onde se leva em conta principalmente a frequência da ocorrência.
- Transcendência: É a medida da relevância social, da importância, do reconhecimento que determinada população dá a um evento, do desejo da comunidade de resolver o problema.
- Objetivo: Descrever características dos casos, formas clínicas, modo de transmissão, grupos de maior risco, curso da doença, quando da ocorrência de um agravo desconhecido.
A Epidemiologia e suas Interconexões
Epidemiologia na Trilogia:
- Epidemiologia Clínica: Tendência surgida na clínica que busca aprender com a epidemiologia as técnicas e os procedimentos por ela desenvolvidos na fundamentação de ações para aplicá-los nas decisões clínicas. Inclui o início do estudo unitário e a emergência da Fisiologia moderna.
- Estatística: Abrange a Teoria das Probabilidades, a estimativa de anos de vida ganhos com a vacina da varíola e a análise de custo-benefício com as intervenções clínicas.
- Medicina Social: Refere-se aos modos de abordar coletivamente a questão da saúde.
Epidemiologia Interdisciplinar:
A Epidemiologia Interdisciplinar integra áreas como:
- Clínica
- Análises Clínicas
- Estatística
- Sociologia
- Ecologia
Fatores Determinantes da Doença
Endógenos:
Fatores que, no quadro geral da ecologia da doença, são inerentes ao organismo e estabelecem a receptividade do indivíduo, como herança genética, anatomia e fisiologia do organismo humano.
Exógenos:
- Ambiente Biológico: Determinantes biológicos.
- Ambiente Físico: Determinantes físico-químicos.
- Ambiente Social: Determinantes sociais.
Fatores Determinantes Físico-Químicos:
Incluem fatores naturais, imprevisíveis, acidentes naturais, desastres ou calamidades naturais.
3. História Natural da Doença
A História Natural da Doença compreende:
- O modo de adoecer
- O comportamento da doença
- O prognóstico
Períodos da História Natural da Doença:
Período Patológico:
Quando interessam as modificações que se passam no organismo vivo.
Período Epidemiológico:
O interesse é dirigido para as relações suscetível-ambiente.
Abrange Dois Domínios:
- O meio ambiente, onde ocorrem as pré-condições.
- O meio interno, lócus da doença, onde se processa, de forma progressiva, uma série de modificações bioquímicas, fisiológicas e histológicas, próprias de uma determinada enfermidade.
Período Pré-Patogênico:
É o período antes que o homem adoeça.
Período Patogênico:
Corresponde à agressão do organismo a partir da ação do(s) agente(s), incluindo o período de incubação ou período assintomático e os diversos aspectos clínicos da doença. A prevenção secundária e terciária incluem-se neste período.
Período de Incubação:
É o período que vai da exposição ao agente até o início dos sintomas.
Período de Incubação Extrínseco:
Vai da exposição ao agente até o momento em que a transmissão é possível.
Prevenção em Saúde
Prevenção:
É a ação antecipada com o objetivo de interceptar ou anular a evolução de uma doença. Esta ação baseia-se nos conceitos de causalidade múltipla e na história natural da doença.
Níveis de Prevenção da Doença:
Prevenção Primária (1º Nível):
Promoção da Saúde:
- Educação sanitária
- Bom padrão de nutrição
- Atenção ao desenvolvimento da personalidade
- Moradia adequada
- Aconselhamento genético
- Exames seletivos periódicos
Prevenção Primária (2º Nível):
Proteção Específica:
- Imunizações
- Atenção à higiene pessoal
- Hábitos de saneamento do ambiente
- Proteção contra acidentes
Prevenção Secundária (3º Nível):
Diagnóstico e Tratamento Precoces:
- Medidas individuais e coletivas para a descoberta de casos
- Pesquisa de triagem
Objetivos da Prevenção Secundária:
- Curar e evitar o processo da doença
- Evitar a propagação das doenças infecciosas
- Evitar complicações e sequelas
Ações de Diagnóstico Precoce:
- Exames periódicos individuais para detecção precoce de casos
- Isolamento para evitar a propagação de doenças
Prevenção Terciária (4º Nível):
Limitação da Invalidez: Provisão de meios para limitar a invalidez e evitar a morte.
Prevenção Terciária (5º Nível):
Reabilitação: Objetiva recolocar o indivíduo afetado em atividade útil à sociedade, buscando um emprego tão completo quanto possível e a colocação seletiva.
4. Medidas e Conceitos em Saúde Coletiva
Tipos de Epidemiologia:
- Descritiva: Estuda a frequência das doenças.
- Analítica: Procura identificar os determinantes das frequências das doenças.
Conceitos de Ocorrência de Doenças:
- Epidemia: É a ocorrência de casos de doenças ou outros eventos de saúde com uma incidência maior do que a esperada para uma área geográfica e período determinados.
- Surto Epidêmico: Aumento incomum no número de casos, dois ou mais casos relacionados epidemiologicamente, surgimento súbito e disseminação localizada em um espaço específico.
- Endemia: É a presença constante de uma doença ou agente infeccioso dentro de uma área geográfica ou grupo populacional determinados.
- Pandemia: É a manifestação de uma epidemia que se caracteriza por uma larga distribuição espacial, atingindo mais de um país ou mais de um continente.
Medidas de Frequência:
- Frequência Absoluta: É o resultado direto da contagem do número de uma determinada ocorrência.
- Frequência Relativa:
- Proporção: Quantifica a relação entre um número parcial e um número total de casos.
- Coeficiente ou Taxa: É utilizado para quantificar a relação entre o número de casos e a população.
- Razão: É utilizada para quantificar a relação entre o número de casos de diferentes categorias.
Coeficientes de Morbidade:
- Coeficiente de Incidência (CI) da Doença: Representa o risco de ocorrência (casos novos) de uma doença na população.
Fórmula: (Casos NOVOS da doença em determinada comunidade e tempo / População da área no mesmo tempo) X 100.000 - Taxa de Ataque ou Incidência: É o coeficiente ou taxa de incidência em uma população específica ou em um grupo bem definido de pessoas expostas ao risco, limitado a uma área e tempo restritos.
- Coeficiente ou Taxa de Incidência: A incidência expressa a intensidade com que uma doença ou agravo acontece na população.
Fórmula: (Nº de casos novos de uma doença, num dado local e período / População do mesmo local e período) X 100.000 - Prevalência: É o número total existente de casos em um determinado local e período.
Fórmula: (Nº de casos existentes (novos + antigos) num determinado período numa área / População da área no mesmo período) X 100.000
Coeficientes de Mortalidade:
- Letalidade: Risco de morrer por uma determinada doença entre os doentes.
- Mortalidade: Risco de morrer de uma determinada doença entre doentes e não doentes (mas que ainda podem desenvolver a doença).
- Taxa de Letalidade: Pode ser definida como o maior ou menor poder de uma doença provocar a morte de pessoas.
Fórmula: (Nº de óbitos de determinada doença em determinado período de tempo / Nº de casos dessa doença nesse mesmo período de tempo) X 100 - Coeficiente de Mortalidade Geral: Inclui todos os óbitos e toda a população da área em estudo.
Fórmula: (Total de óbitos registrados em certa área durante o ano / População da área no meio do ano) X 1.000 - Coeficiente de Mortalidade Infantil: Mede o risco de morrer para crianças menores de um ano e é um indicador muito utilizado em saúde pública.
Fórmula: (Nº de óbitos de menores de um ano ocorridos em determinado local e ano / Nº de nascidos vivos ocorridos no mesmo local e ano) X 1.000