Fundamentos da Filosofia: Conhecimento, Ciência e Ética
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Teoria do Conhecimento: A Experiência como Fonte
Suponhamos, então, que a mente seja, como dissemos, uma folha em branco, vazia de elementos, sem qualquer ideia. Como ela é preenchida? De onde vem essa vasta coleção que a imaginação aguda e ilimitada do homem nela inscreveu com uma variedade quase infinita? De onde vem todo o material para a razão e o conhecimento? A isso eu respondo, em uma palavra, da experiência. Nela está fundamentado todo nosso conhecimento; e dela, em última análise, ela própria se deriva.
O Círculo de Viena e o Princípio de Verificabilidade
Surgido com a intenção de investigar até que ponto as teorias, através da análise de sua estrutura lógica, têm probabilidade de ser verdadeiras, os lógicos do Círculo de Viena têm a convicção de que a lógica, a matemática e as ciências empíricas esgotam o domínio do conhecimento possível. O princípio de verificabilidade, identificando significado e condições empíricas de verdade, considera que a teoria, para ser aceita, deveria passar pelo crivo da verificação empírica.
A Reação de Popper: Falsificabilidade e Corroboração
Karl R. Popper (1902) sofreu inicialmente a influência de Carnap e do Círculo de Viena, mas teceu diversas críticas a eles. Para Popper, o cientista deve estar mais preocupado não com a explicação e justificação de sua teoria, mas com o levantamento de possíveis teorias que a refutem. Ou seja, o que garante a verdade do discurso científico é a condição de refutabilidade. Quando a teoria resiste à refutação, ela é corroborada, ou seja, confirmada. Somente a corroboração nos diz qual de nossas teorias descreve o mundo real.
A Posição de Kuhn: Paradigmas e Revoluções Científicas
Thomas Kuhn (1922) se contrapôs à teoria de Popper, negando que o desenvolvimento da ciência tenha sido levado a efeito pelo ideal da refutação. Ao contrário, a ciência progride pela tradição intelectual representada pelo paradigma, que é a visão de mundo expressa numa teoria. Nas fases chamadas "normais" da ciência, o paradigma (por exemplo, o newtoniano) serve para auxiliar os cientistas na resolução dos seus problemas, e o progresso se faz por acumulação de descobertas.
Conhecimento Puro e Empírico: A Perspectiva Kantiana
Não há dúvida de que todo o nosso conhecimento começa com a experiência; pois de que outro modo poderia a nossa faculdade de conhecimento ser despertada para o exercício, não fosse por meio de objetos que estimulam nossos sentidos e, em parte, produzem representações por si mesmos, em parte colocam em movimento a atividade de nosso entendimento, levando-a a compará-las, conectá-las ou separá-las e, assim, transformar a matéria bruta das impressões sensíveis em um conhecimento de objetos chamado experiência? No que diz respeito ao tempo, portanto, nenhum conhecimento antecede em nós à experiência, e com esta começam todos.
A Dignidade Humana: Um Imperativo Ético
A humanidade, ela mesma, é uma dignidade, pois um ser humano não pode ser usado meramente como um objeto, mas deve sempre ser tratado como um fim em si mesmo. Mas exatamente porque ele não pode ceder a si mesmo por preço algum (o que entraria em conflito com o dever da autoestima), tampouco pode agir em oposição à igualmente necessária autoestima dos outros como seres humanos. Desprezar os outros, negar o respeito devido aos seres humanos em geral é, em todas as situações, contrário ao dever (no plano ético e jurídico), uma vez que se trata de seres humanos. Contudo, não posso negar todo respeito, sequer, a um homem corrupto como um ser humano. Não posso suprimir, ao menos, o respeito que lhe cabe em sua qualidade de ser humano, ainda que através de seus atos ele se torne indigno desse respeito.