Fundamentos de Macroeconomia: Políticas, PIB e Inflação

Política Econômica e Macroeconômica

Política Econômica: Conjunto de medidas tomadas pelo governo para atuar e influir sobre os mecanismos de produção, distribuição e consumo de bens e serviços.

Política Macroeconômica

Atuação do governo sobre:

• A capacidade produtiva (Oferta Agregada).
• As despesas planejadas (Demanda Agregada).

Estrutura da Economia

Parte Real da Economia

• Mercado de Bens e Serviços: Produto Nacional e Nível Geral de Preços.
• Mercado de Trabalho: Nível de emprego e Salários Nominais.

Parte Monetária da Economia

• Mercado Financeiro: Taxa de juros e Estoque de Moeda.
• Mercado de Divisas: Taxa de câmbio.

Agregados Macroeconômicos

• Demanda Agregada (DA): Somatório das demandas por bens e serviços.
• Oferta Agregada (OA): Somatório de bens e serviços disseminados pelos 3 setores.

O Produto Interno Bruto (PIB) é determinado pela intersecção entre a Oferta Agregada (OA) e a Demanda Agregada (DA).

Exemplos de Choques Macroeconômicos

• Crise de 2008: Redução da demanda.
• Expansão Econômica (2003-2007): Aumento da demanda.
• Crise do Petróleo: Aumento da oferta.
• China: Redução da oferta.

Demanda e Oferta nos Principais Mercados

• Mercado de Bens e Serviços (B&S):
  • D (Demanda): Consumidor, firmas, governo e setor externo.
  • O (Oferta): Mercado nacional e externo.
• Mercado de Crédito:
  • D (Demanda): Investidores.
  • O (Oferta): Mercado nacional (firmas e governo) e mercado externo.
• Mercado de Trabalho:
  • D (Demanda): Empresas.
  • O (Oferta): Trabalhadores.
• Mercado de Câmbio:
  • D (Demanda): Importadores e exportadores na bolsa brasileira.
  • O (Oferta): Mercado de câmbio brasileiro.

Taxas de Juros e Instrumentos Financeiros

Juros: O que se ganha por recursos alocados durante um tempo.

• Selic (Brasil): Remunera títulos públicos, definida pelo COPOM a cada 45 dias. É o principal instrumento de política monetária do BACEN (Banco Central).
• CDI (Certificado de Depósito Interbancário): [Taxa de referência para operações entre bancos].
• CDB (Certificado de Depósito Bancário): Título emitido pelos bancos para captar recursos junto aos poupadores.

Spread Bancário: Taxa de captação – Taxa de aplicação. Inclui lucro do banco, custos administrativos, prêmio de risco e compensação para o banco pela reserva compulsória.

Juro Nominal: Juro real + Inflação. SELIC, CDI e CDB são taxas nominais. Importante: Real agregado.

Inflação

Inflação: Aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços em determinado período.

Pode ser classificada como inflação de demanda, de oferta e de expectativas. Inércia Inflacionária: Mecanismos de indexação que perpetuam taxas de inflação anteriores.

A geração de déficits, quando financiada com emissão de moeda (BACEN -> Tesouro), pode levar ao aumento do estoque de moeda, aumento do dólar e aumento dos produtos, gerando desconfiança dos agentes econômicos.

Política Cambial

• Uma elevação da taxa de câmbio significa desvalorização da moeda nacional.
• Uma redução da taxa de câmbio significa valorização da moeda nacional.

Fatores Determinantes da Taxa de Câmbio

1. Taxas de juros e expectativas (condições dos mercados nacionais).
2. O regime cambial praticado no país (regras de estabelecimento do preço das divisas).

Principais modalidades: regime cambial fixo e/ou flutuante. (30 D Taxa Câmbio Dólares)

Produto Interno Bruto (PIB)

O PIB é o valor agregado da produção de todos os bens e serviços da economia durante um ano. Trata-se de uma variável fluxo e pode ser consumido, investido ou exportado (SAYAD, 2015). O Sistema Nacional de Contas (SNC) mensura o PIB.

Cálculo do PIB pela Ótica da Demanda

PIB_Demanda = C + I + G + X – M

• Consumo (C): Depende do nível de renda, expectativa de renda futura e taxas de juros.
• Investimentos (I): Gastos do setor privado com consumo e investimentos.
• Gastos do Governo (G): Gastos do governo com custeio e investimentos.
• Saldo da Balança Comercial (X-M): Depende do nível de atividade interna, nível de atividade externa e taxas de câmbio.

Exemplo de Crescimento do PIB no Brasil: 2014: 0,5%; 2015: -3,5%; 2016: -3,5% (idem); 2017: 1%.

O PIB inclui tanto bens tangíveis (alimento, vestuário, carros) quanto serviços intangíveis (corte de cabelo, limpeza de casas, consultas médicas). O PIB é calculado em termos nominais, isto é, nos preços em que os bens e serviços foram produzidos. Mede o valor da produção dentro dos limites geográficos do país.

PIB Nominal, PIB Real e Deflator

• PIB Real: Valor a preços constantes (preços num “ano base”) de todos os bens e serviços produzidos por uma economia em um dado ano. O PIB real mede as variações na produção física da economia entre diferentes períodos de tempo aos mesmos preços.
• PIB Nominal: O valor dos mesmos bens e serviços medidos a preços correntes.

Deflator do PIB: Mede o nível corrente dos preços num ano base, indicando quanto do crescimento do PIB se deve à variação nos preços. Mostra o aumento do PIB nominal que pode ser atribuído ao aumento de preços e não ao aumento das quantidades produzidas.

Exemplo PIB vs. PNB: Lucros ganhos pela Toyota a partir de sua produção americana são parte do PNB japonês (Produto Nacional Bruto) e não do PNB americano. Porém, são parte do PIB americano, pois são ganhos nos Estados Unidos. No Brasil, é utilizado o PIB, pois seu valor é superior ao do PNB.

PIB em Dólares: Dólar PPP – Purchasing Power Parity (Paridade do Poder de Compra).

Limitações do PIB como Indicador de Crescimento

1. Exclusão das transações “fora do mercado”.
2. Medição da produção do governo.
3. Números do PNB não completamente confiáveis.
4. Não considera danos ambientais.
5. Não leva em conta o desenvolvimento social.

PIB Per Capita

É o PIB de um determinado país dividido pela sua população total. É uma medida do nível de bem-estar econômico de um país, pois informa qual seria a renda de cada habitante se o PIB fosse igualmente distribuído. Via de regra, quanto maior o PIB per capita, maior é o nível de bem-estar econômico de um determinado país.

Política Fiscal: Instrumentos e Objetivos

Controle de Despesas (Gastos Governamentais - G)

1. Anti-inflacionárias: Diminuição dos gastos.
2. Maior Crescimento: Aumento dos gastos (G).
3. Distribuição de Renda: Gastos em setores subdesenvolvidos.

Arrecadação de Tributos

1. Aumento da Carga Tributária: Resultado: Inibe consumo e investimento.
2. Diminuição da Carga Tributária: Resultado: Estimula consumo e investimento.
3. Impostos Progressivos: Resultado: Benefício aos menos favorecidos.

Posicionamentos Teóricos

• Keynesianos: A economia não tende ao pleno emprego. A intervenção via política fiscal estabiliza a economia.
• Monetaristas (Clássicos): O mercado se autorregula. A intervenção deve ser mínima, normalmente via política monetária.

Fatores para o Crescimento da Participação do Setor Público

• Desemprego; crescimento da renda (Y) per capita.
• Mudanças tecnológicas e populacionais.
• Fatores políticos e sociais.
• Mudanças da previdência social.

Tipos de Déficit

• Déficit Nominal ou Total (NFLSP não financeiro): Fluxo líquido de novos financiamentos obtidos pelo setor público em todas as esferas governamentais.
• Déficit Primário: Exclui os juros, correção monetária e cambial.

Política Fiscal no Brasil (2018)

Orçamento Financeiro: A redução da Selic ajuda a reduzir o impacto sobre a dívida pública interna (títulos do Tesouro/Tesouro Direto). A dívida bruta pode alcançar 76% do PIB ao fim de 2018.

Lado das Receitas: Aumento das receitas frustrado pelo baixo crescimento econômico; necessidade de reforma tributária (REFIS). Houve redução dos investimentos na economia. O Brasil continua seguindo com déficit primário, o que expõe o país a choques internos e externos. Existem restrições de caráter político e social.

Política Monetária

Missão: “Controlar a liquidez independentemente e acima de qualquer política econômica.”

Atuação do governo sobre a quantidade de moeda e títulos públicos, com o objetivo de controlar o nível geral de preços (meta da inflação) e expandir o crescimento.

Instrumentos da Política Monetária

• Reservas Compulsórias.
• Open Market (compra e venda de títulos públicos).
• Redesconto (empréstimos do BACEN).
• Regulação sobre o crédito e a taxa de juros.

Conclusão: O nível geral de preços de todas as mercadorias depende, apenas e exclusivamente, do volume de “M” (moeda) existente na economia. Portanto: DINHEIRO INFLACIONA.

Objetivos e Instrumentos

• Controle da Inflação: Redução da quantidade de moeda → Aumento do compulsório dos bancos → Aumento das taxas de juros (custo do dinheiro) → Redução do crédito.
• Crescimento Econômico: Ampliação da quantidade de moeda → Redução do compulsório dos bancos → Redução das taxas de juros (custo do dinheiro) → Aumento do crédito.

Mecanismo de transmissão da política monetária via taxa de juros nominal de curto prazo (Meta Selic).

Política Cambial e Comercial

Políticas que atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia.

Tipos de Taxa de Câmbio (Dólar)

Dólar Comercial

Utilizado em transações cambiais entre bancos ou entre instituições financeiras e grandes empresas.

Dólar Turismo

Utilizado em negociações de moeda estrangeira entre bancos e pessoas físicas, com o objetivo de viajar e fazer compras no exterior. Os montantes negociados são menores, e o spread do banco ou casa de câmbio é maior.

Dólar Ptax

É a taxa média ponderada de negociação de dólares entre instituições financeiras.

Dólar Paralelo

Existiu no Brasil até meados de 1990, mas é atualmente ILEGAL.

Política de Rendas

Refere-se à intervenção do governo na formação das rendas: salários, aluguéis e lucros.