Fundamentos Sócio-Antropológicos: Cultura, Dor e Saúde
Classificado em Psicologia e Sociologia
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Fundamentos Sócio-Antropológicos: Questionário I
A Cultura, Sentimentos e Reações à Dor
1. Influência da Cultura na Vida Social e na Dor
A cultura influencia *crenças, comportamentos, percepções, emoções, religião, estrutura familiar, linguagem, alimentação, vestuário* e *imagem corporal*. No que diz respeito à dor, isso pode ser constatado em situações nas quais estímulos produzem dor insuportável em uma pessoa e, ao mesmo tempo, podem ser perfeitamente suportáveis em outra.
2. Visões da Cultura: Integradora e Desunidade
A visão *integradora* parte do princípio da unidade cultural e de uma sociedade unitária, padronizada e integrada. Já a visão da *desunidade* avança em uma perspectiva fluida e aponta para a desordem, para a particularidade, para o pluralismo, o sincretismo, a heterogeneidade e a diversidade cultural.
3. Cultura na Nova Ordem Global
Significa aceitar uma comparação cultural múltipla, oriunda de diferentes modelos de vida social, que podem trazer conflitos, e não harmonia, na existência comum. É uma fusão de diferentes elementos culturais, mantendo a natureza original de cada um.
4. Dor: Além da Lesão Tecidual
Porque a dor também integra fatores emocionais e culturais individuais.
5. Dor como Proteção e Manutenção da Vida
Porque é através da dor que percebemos que há algum dano em nosso corpo.
6. Fatores que Influenciam a Sensação de Dor
Os principais fatores que influenciam a sensação de dor são: *sensoriais* (extensão e localização da lesão tecidual), *genéticos* (as mulheres são mais resistentes), *emocionais* (medo, ansiedade, raiva), *culturais* (aprendizagem) e *sociais*.
7. Relação entre Dor e Doença
Os pacientes associam a dor à enfermidade (se não sentem dor, não estão doentes). Já para os profissionais, nem sempre a enfermidade é associada a alguma dor, como em alguns tumores. Por isso, a noção de dor e doença varia muito entre as pessoas.
8. Dor como Questão Física: Argumento e Exemplo
É a relação da dor como uma questão de alerta de que algo está errado com a integridade e a normalidade do organismo. Exemplo: A dor é por causa da infecção no pé.
9. Dor e Questões Emocionais/Sentimentais
É a sensação dolorosa associada ao psiquismo do indivíduo, ao nervosismo, a tensões emocionais do cotidiano, à carência afetiva e à personalidade. Exemplo: 'A dor é psicológica', 'A dor vem dos nervos, se a pessoa está nervosa afeta tanta coisa'.
10. Dor como Condição Humana: Argumento e Exemplo
É a correlação da dor como uma percepção física normal, algo que faz parte da vida ou do destino de cada um, demonstrando uma opinião totalmente passiva e conformista frente a uma situação dolorosa. Exemplo: 'Acho que todos nós passamos', 'Representa que é destino, que a pessoa trouxe no dia em que nasceu, que tem que atravessar'.
11. Dor Relacionada aos Hábitos de Vida
É a percepção de dor tomando como base uma consequência natural do processo patológico, como causada por descuido com a saúde. Exemplo: 'Acho que a alimentação dos turcos é muito forte e isso influencia'.
12. Diferenciação dos Sexos Frente à Dor
Exemplos que expressam uma diferenciação dos sexos frente à dor: Mulher: 'O homem se queixa mais fácil, a mulher não, ela é forte. O meu marido é vil. O homem, se tem uma gripe ou uma dor de cabeça, já está na cama.' Homem: 'Eu acho que o homem guarda mais a dor para ele, a mulher fala'.
Fundamentos Sócio-Antropológicos: Questionário II
Saúde e Doença no Início do Século XXI
1. Doença: Experiência Individual e Social
Porque a doença é uma experiência de intimidade privada e pessoal, que tem influência na família e na sociedade.
2. Observação das Experiências Saúde-Doença
Têm sido observadas através das manifestações dos pacientes, usando suas experiências como argumentos a serem considerados na elaboração de políticas de saúde.
3. Talcott Parsons: Significado Social da Saúde
Os sociólogos não analisavam a saúde e a doença como rivalidades privadas ou públicas; porém, consideravam-nas fenômenos definidos por profissionais e sob o encargo da medicina e dos médicos.
4. Michel Foucault e a Prática da Medicina
Criticava a crescente medicalização e o controle social que a medicina vinha exercendo sobre os corpos, e o Estado que impunha às pessoas e à saúde delas metas normativas.
5. Sociólogos e Doenças Crônicas
As doenças de longa duração, uma vez que afetam todos os aspectos da vida dos pacientes, requeriam um distanciamento do modelo de cuidados de saúde centrado na doença aguda.
6. Narratividade nos Anos 90: O 'Eu' em Foco
Os pesquisadores voltaram sua atenção para a narrativa a respeito da doença em primeira pessoa, atravessando assim os meandros sociais. Colocava-se, assim, em primeiro lugar o 'eu'.
7. Doença como Experiência: Interrupção e Lições
Ela não leva mais a uma perda do self. Ao contrário, ela é uma autodescoberta, oferece a possibilidade de renovação e mudança, ou a oportunidade de pôr à prova a própria capacidade de mostrar-se à altura das circunstâncias e ser um doente bem-sucedido.
8. AIDS: Fenômeno Público e Coletivo
Por conta de seu caráter epidêmico e sua disseminação inicial em grupos específicos.
9. Testemunhos Públicos de Aidéticos e Impacto
A tendência a discriminá-los diminuiu, e os sentimentos de compaixão e solidariedade surgiram em outros grupos. Além disso, as narrativas pessoais passaram a fazer parte do esforço para estimular a ação coletiva.
10. Papel dos Cientistas Sociais na Questão da AIDS
Eles não têm assumido o papel de porta-vozes, visto que os próprios pacientes já conseguiram fazer-se ouvir por si só. Ao contrário, eles tornaram-se aliados, atraídos principalmente pela solidariedade e ativismo das pessoas portadoras do vírus.