Fundamentos da Sociologia e Raízes do Pensamento Social

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Definição e Etimologia da Sociologia

A palavra Sociologia é um vocábulo composto pela palavra latina societas (sociedade, socius = companheiro) e a palavra grega logos (estudo, ciência). A Sociologia é, portanto, a ciência da sociedade, da associação ou do companheirismo.

Assim, a Sociologia é o estudo científico das formas fundamentais da convivência humana.

O Surgimento da Sociologia

A Sociologia nasceu de uma mudança radical na sociedade, resultando no surgimento do capitalismo. O século XVIII foi marcado por grandes transformações que levaram o homem a analisar a sociedade de forma crítica. Essa situação foi gerada principalmente pelas Revoluções Industrial e Francesa.

Essas transformações modificaram o pensamento moderno, que se tornou racional e científico, substituindo as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum.

Os Fundadores Clássicos da Sociologia

Auguste Comte (1798-1857)

Comte, conhecido por seu Curso de Filosofia Positiva, dedicou-se à filosofia positivista. Ele definiu a Sociologia como a ciência da sociedade, denominando-a inicialmente de "física social".

Baseando-se na ideia de que as leis da sociedade humana poderiam ser entendidas pela aplicação de instrumentos científicos (influência iluminista), Comte inseriu a Teoria Positiva. Esta teoria defendia que os indivíduos deveriam aceitar a ordem existente, cabendo ao ser humano "revelar" o mundo, mas não "mudá-lo".

Émile Durkheim (1858-1917)

No pensamento durkheimiano, a sociedade prevalece sobre o indivíduo. Quando este nasce, ele deve se adaptar às normas já criadas, como leis, costumes e línguas. O indivíduo obedece a uma série de leis impostas pela sociedade e não tem o direito de modificá-las.

Para Durkheim, o objeto de estudo da Sociologia são os fatos sociais. Ele propôs um método que consiste em um conjunto de regras que o pesquisador deve seguir, enfatizando a neutralidade e objetividade. O pesquisador deve descrever a realidade social sem permitir que suas ideias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais.

Max Weber (1864-1920)

Para Weber, a sociedade pode ser compreendida a partir das ações individuais. Estas são todo tipo de ação que o indivíduo realiza, orientando-se pela ação de outros. Weber estabeleceu quatro tipos de ação social (conceitos que explicam a realidade social, mas não são a realidade social em si):

  1. Ação tradicional: Determinada por um costume ou hábito.
  2. Ação afetiva: Determinada por afetos ou estados sentimentais.
  3. Ação racional com relação a valores: Determinada pela crença consciente em um valor considerado importante.
  4. Ação racional com relação a fins: Determinada pelo cálculo racional que estabelece fins e organiza os meios necessários.

Na sua concepção, as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais. O método de Weber deve enfatizar o papel ativo do pesquisador em face da sociedade.

Karl Marx (1818-1883)

Marx produziu uma ciência baseada em vários conhecimentos, resultando em uma obra complexa. Ele elaborou sua teoria geral e o programa dos movimentos operários. O marxismo tem suas bases no socialismo científico e no materialismo histórico e dialético.

Em sua teoria, Marx tenta entender o funcionamento da sociedade, baseando-se na sociedade do século XIX. Segundo Marx, a existência material precede o pensamento: o homem deve primeiro produzir suas condições materiais e concretas de vida (através do trabalho, gerando os bens necessários para sua sobrevivência) e, só depois disso, poderá filosofar.

Influências do Positivismo no Brasil

O Positivismo teve fortes influências no Brasil. Sua representação máxima é o emprego da frase positivista "Ordem e Progresso" na bandeira brasileira, extraída da fórmula máxima do Positivismo: "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim".

A frase tenta transmitir a ideia de que cada elemento em seu devido lugar conduziria à perfeita orientação ética da vida social. (Fonte: Brasil Escola - Positivismo)

O Iluminismo e suas Bases

O Iluminismo surgiu na França do século XVIII e defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, este movimento tinha o propósito de "iluminar as trevas" em que a sociedade se encontrava.

Princípios Defendidos pelos Iluministas:

  • Igualdade: Todos deveriam ser iguais perante a lei (combatendo privilégios de nascença, como os da nobreza).
  • Tolerância religiosa ou filosófica.
  • Liberdade pessoal e social.
  • Propriedade Privada.

O que o Iluminismo Combatia:

A nova mentalidade burguesa, expressa pelos princípios iluministas, chocava-se com o Antigo Regime. Assim, o Iluminismo combatia:

  • O absolutismo monárquico.
  • O mercantilismo.
  • A autonomia intelectual (dogmas).

A Relação entre Iluminismo e Sociologia

O capitalismo e o surgimento de todas as ciências modernas só foram possíveis em consequência do movimento iluminista, que implementou o antropocentrismo no lugar do teocentrismo, reduziu o poder da Igreja, e permitiu a existência do mecanicismo e a manipulação da natureza pelo homem.

A Sociologia surgiu para explicar esse novo paradigma social. Portanto, o Iluminismo é uma causa direta do advento da Sociologia.

Filosofia Clássica: Sofistas vs. Filósofos

Os Sofistas eram educadores profissionais que ensinavam a arte da oratória e da retórica. Os homens da Aristocracia precisavam deles, pois, ao atingirem a maioridade, participavam das Assembleias populares. O sofista preparava o indivíduo para propor argumentos e convencer outros a votarem a seu favor, muitas vezes beneficiando interesses pessoais em detrimento dos interesses do povo.

Com a transição da Aristocracia para a Democracia, os Filósofos (a começar por Sócrates) denunciavam a hipocrisia social e incentivavam o raciocínio. Eles afirmavam que a verdadeira sabedoria não consistia apenas em falar bem ou argumentar, mas sim em refletir. O objetivo era levar os homens à conclusão de que seu conhecimento era limitado, pois estavam preocupados apenas em debater e atender a interesses próprios. Essa oposição gerou ódio dos sofistas pelos filósofos, o que levou à morte de alguns, como Sócrates.

Elementos do Mito da Caverna (Platão)

O Mito da Caverna é uma alegoria central na filosofia de Platão. Seus principais elementos são:

  • As Sombras: Representam o que vemos e acreditamos ser verdade, agindo pelo senso comum. Segundo Platão, tudo o que conhecemos através dos sentidos são sombras das Ideias Perfeitas que existem no Mundo das Ideias.
  • As Correntes: Impedem as pessoas de atingir o conhecimento, prendendo-as aos preconceitos (ex: senso comum, a ilusão de que se sabe tudo).
  • O Homem que se Liberta: Não olha diretamente para o Sol (Conhecimento/Verdade) porque existem etapas para alcançar tal conhecimento. Ele representa a figura do filósofo.
  • O Sol: É o conhecimento pleno alcançado pelo filósofo.

Definições Adicionais

O homem (Homo sapiens) é o único animal racional, capaz de refletir e pensar, e o único que tem consciência do que sabe (sapiens = sabe que sabe). A Filosofia é o amor pela sabedoria, a busca incansável pelo conhecimento e pela verdade.

O Método Socrático: Ironia e Maiêutica

O Método Socrático, atribuído a Sócrates (filósofo grego do século V a.C.), é uma abordagem para geração e validação de ideias baseada em perguntas e respostas, registrada nos livros de Platão.

O discurso socrático é caracterizado por dois elementos:

  • Ironia: Levar o interlocutor a entrar em contradição, fazendo-o concluir que seu conhecimento é limitado.
  • Maiêutica: (Também sinônimo do método) Consiste em induzir a pessoa, por seu próprio raciocínio, ao conhecimento ou à solução de sua dúvida. É o método que consiste em "parir ideias complexas" a partir de perguntas simples e articuladas.

Nota: O Niilismo é uma corrente filosófica que define a humanidade como sem sentido (do latim nihil, nada).

Os Períodos da Filosofia Grega

Período Pré-Socrático

A filosofia pré-socrática se diferencia das explicações mitológicas, buscando explicar os fenômenos naturais com elementos da própria natureza (Cosmologia). Os pré-socráticos substituíram os mitos fantasiosos por explicações plausíveis e prováveis.

Período Socrático (ou Antropológico)

Inicia no fim do século V a.C., com Sócrates, e cobre todo o século IV a.C. A filosofia investiga as questões humanas (ética, política e técnicas). Além de Sócrates, também se destacaram Platão e Aristóteles. Este período é responsável pela passagem do pensamento mítico para o pensamento crítico, racional e filosófico (o "milagre grego").

Período Sistemático

Inicia no fim do século IV a.C. Através da lógica de sistematização, atingiu um ponto mais elevado em Aristóteles, através de Sócrates e Platão, onde os mesmos fixavam o conceito de ciência e de inteligível. Os interesses estavam voltados em torno do homem e do espírito. Esse período do pensamento grego pode ser também chamado de antropológico.

Período Helenístico

Inicia-se no fim do século III a.C. e termina com a queda do Império Romano e o início da Idade Média. Nesse período, a filosofia se expande da Grécia para Roma e Alexandria e alcança o pensamento dos primeiros Padres da Igreja. Ocupa-se com questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem, a natureza e Deus.

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