Gêneros e Modos do Documentário: Do Cinema Verdade ao Contemporâneo
Classificado em Artes e Humanidades
Escrito em em português com um tamanho de 4,49 KB
Cinema Direto e Cinema Verdade
Características comuns entre os dois estilos (Cinema Direto e Cinema Verdade):
- Trabalham com equipes pequenas e a construção narrativa se dá, em grande parte, durante a edição.
- Ambos devem muito ao desenvolvimento ocorrido nos equipamentos de filmagem, particularmente nos gravadores portáteis de som direto.
- Representaram uma renovação estética no cinema documentário, fornecendo modelos e conceitos para o documentário contemporâneo.
Período Contemporâneo no Documentário
- Hibridismo e indefinição de categorias, além da contaminação do gênero documentário pela ficção.
- Perda da inocência pela percepção da complexidade envolvida em termos como "verdade", "realidade" e "informação objetiva".
- Novas possibilidades do gênero: documentário híbrido (docudrama); metadocumentário; falso documentário; documentário em animação; documentário machinima, etc.
Docudrama
- O docudrama, embora se baseie em eventos reais e tipicamente contenha determinadas porções verídicas, é antes de tudo uma história dramática.
- Não há necessidade de que seja integralmente baseado nos fatos.
- Essencialmente, um docudrama é uma história de ficção que emprega eventos históricos reais que lhe sirvam de contexto.
- Exemplos: Por Toda a Minha Vida (Globo), Tim Maia (Globo).
Falso-Documentário / Mockumentary
- Os "falso-documentários" são também conhecidos como mockumentaries. É o termo para definir os documentários de "brincadeira" (mock quer dizer uma imitação satírica), normalmente puxando para o lado do humor.
- Hoje em dia, este tipo de linguagem é muito utilizado tanto pela propaganda no chamado marketing viral, como pelo cinema e TV, principalmente em filmes de terror.
- O precursor foi Orson Welles com A Guerra dos Mundos no rádio em 1938.
Falso-Documentário / Mockumentary
- Pode-se definir os "falso-documentários" como filmes de ficção que utilizam os códigos convencionais do documentário (plano, depoimento, edição, arquivos reais/fotografias, voice-over, etc.).
- Exemplos: Forgotten Silver (de Peter Jackson, sobre uma descoberta das primeiras filmagens de um cinegrafista pioneiro na Nova Zelândia), A Farsa dos Pinguins, Borat, Vovô Sem Vergonha, The Office (série), Verdades e Mentiras (1975, Orson Welles); Reno 911, Cloverfield, Atividade Paranormal, Projeto X.
Modos de Representação no Documentário
- Bill Nichols criou o conceito de "modo" para se referir ao conjunto de elementos que organizam a lógica de um filme.
- O uso do som, a composição das imagens, o tempo dos planos, os tipos de representação, enfim, todos os aspectos que conformam e modulam a enunciação do relato audiovisual.
- Há casos em que o documentário pode adotar mais de uma forma de representação, porém sempre é possível detectar a predominância de um dos modos.
Modos de Representação no Documentário
- Seis modos de representação: expositivo, poético, observacional, participativo, reflexivo e performático.
Modo Expositivo
Esse é o modo que a maioria das pessoas identifica o gênero documentário em geral. Ele se preocupa mais com a defesa de argumentos do que com a estética e a subjetividade. Os documentários com essa característica têm como marca diferencial a objetividade e procuram narrar um fato de maneira a manter a continuidade da argumentação.
Modo Expositivo
- Algumas características do modo expositivo: presença de voice-over, ideia de imparcialidade, caráter mais jornalístico, as imagens em segundo plano, utilização de arquivos históricos e relação direta entre imagem e som.
- Exemplos: Assim Era a Atlântida (1975), Carmen Miranda: Banana is My Business (1995).
Modo Poético
Evidencia a subjetividade e se preocupa com a estética. Há uma valorização dos planos e das impressões do documentarista a respeito do universo abordado. Em relação à construção do texto, podem-se usar poemas e trechos de obras literárias.
- Exemplos: Caramujo Flor (1989), A Marcha dos Pinguins (2005), Migração Alada (2012).