Geopolítica: Conceitos e Evolução

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Geopolítica: Conceitos Fundamentais

A geopolítica é uma forma de "ler o espaço" à disposição dos Estados Modernos, uma leitura do espaço para permitir aos Estados consolidarem-se e expandir-se. Trata de mais fronteiras do que aquelas que vêm desenhadas nos mapas, pois essas mesmas fronteiras estão baseadas em certo tipo de concepções. Preocupa-se, assim, tanto com os mapas do espaço, como com os mapas simbólicos/conceptuais. O traçado de fronteiras é simultaneamente uma prática conceptual e cartográfica, social e estética, imaginária e real. Assim, a geopolítica analisa as inter-relações entre estes fatores; examina as concepções que têm a ver com o espaço (identidade, nação, ameaças) e como elas se manifestam através das fronteiras dos Estados.

A Geopolítica Clássica Alemã

Os teóricos alemães da geopolítica clássica procuravam descobrir os determinantes geopolíticos da ação política, analisando a relação entre o espaço territorial e a política, procurando justificar opções políticas que determinariam fenómenos expansionistas, nomeadamente a expansão e afirmação da Alemanha no xadrez internacional. A definição de "espaço vital" (território necessário à completa e perfeita realização de um ser político forte e respeitado) permitiu diferentes interpretações e levou à elaboração da tese do direito à expansão da raça alemã, devido também à sua capacidade superior em organizar o espaço (sentido de espaço).

O Estado como Organismo

Para os teóricos alemães, o Estado é um organismo que reúne uma fração da humanidade numa fração de solo, que nasce, cresce e pode morrer. Para existir, o Estado deve enraizar-se e desenvolver-se no espaço. Como o Estado não se pode conceber sem território (Estado como um organismo preso ao solo), há que conceber uma geografia política (a política é o espírito do Estado). Assim, os Estados expandem-se e retraem-se, as fronteiras não passam de conceitos, e são "asfixiantes". O sucesso destes baseia-se na maximização das suas vantagens territoriais - o território é o ingrediente básico de poder e determina a constituição de uma grande potência. O povo alemão, segundo os teóricos alemães, estava dotado de "sentido de espaço", por isso, a Alemanha tinha direito a um espaço em conformidade com o seu tamanho e a sua capacidade: o espaço vital.

O Conceito de Rimland

O Rimland é uma *buffer zone* (zona tampão) entre o Médio Oriente e o Sudeste Asiático. Serve como zona de amortecimento entre o poder da terra e do mar. Depois da II Guerra Mundial, o conceito transformou-se na política dos EUA de contenção do comunismo para impedir que a URSS e a República Popular da China (RPC) espalhassem a sua influência para o Rimland. Isto porque, quem controlasse o Rimland dominava a Eurásia, e quem controlasse a Eurásia dominava o mundo. Daí os EUA deverem temer o isolacionismo que poderia advir caso o poder terrestre soviético controlasse o Rimland.

A Influência de Spykman na Política Externa dos EUA

Spykman achava que era do interesse dos EUA deixar a Alemanha forte depois da II Guerra Mundial, a fim de ser capaz de contrariar o poder da Rússia. Spykman previu a ascensão da China, tornando-se a potência dominante na Ásia, fazendo com que os EUA assumissem a responsabilidade pela defesa do Japão. Assim, as linhas de ação mostraram-se verdadeiras no quadro de atuação dos EUA no que toca à influência e intervenção em permanência na Europa e na Ásia na tentativa de preservação dos seus interesses. Por outro lado, o destaque dado à necessária obtenção de liberdade de ação mantém a sua atualidade, sobretudo no âmbito da estratégia. A ONU aparece como um ator que dificulta a ação expansionista de qualquer Estado, e visto que os EUA mobilizam esforços para enfrentar qualquer adversário que os impeça de seguir os seus objetivos, procura, assim, legitimar as suas ações através da ONU.

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