Glicólise, Ciclo de Krebs e Vias Metabólicas Essenciais
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Glicólise: Aeróbica vs. Anaeróbica
A glicólise é a via metabólica inicial para a quebra da glicose. A diferença entre as formas aeróbica e anaeróbica reside na presença de oxigênio (O₂):
- Glicólise Aeróbica: Há presença de O₂ e formação de NADH. Saldo líquido de 8 ATP (considerando a fosforilação oxidativa subsequente).
- Glicólise Anaeróbica: Não há presença de O₂ nem formação líquida de NADH (o NADH é consumido na redução do piruvato a lactato). Saldo líquido de 2 ATP.
Ciclo de Krebs (Ciclo do Ácido Cítrico)
O Ciclo de Krebs é uma sequência cíclica de reações onde moléculas de Acetil-CoA são oxidadas até CO₂, com liberação de H⁺ (na forma de NADH e FADH₂) para a produção de energia (ATP) na Cadeia Respiratória. O ciclo ocorre na mitocôndria da célula.
Nomenclatura
O Ciclo de Krebs também pode ser chamado de Ciclo do Ácido Tricarboxílico ou Ciclo do Citrato.
Intermediários e Produtos
A sequência de intermediários inclui:
- Acetil-CoA
- Oxalacetato
- Citrato
- Isocitrato (produz NADH)
- Alfa-cetoglutarato
- Succinyl-CoA (produz GTP/ATP)
- Succinato (produz FADH₂)
- Fumarato
- Malato (produz NADH)
- Ácido Oxalacético (regenerado)
No ciclo de Krebs, são formados 6 NADH, 2 FADH₂, e 2 GTP (equivalente a 2 ATP) por molécula de glicose. O saldo total de energia gerada pelo ciclo de Krebs é de 24 ATP (considerando a fosforilação oxidativa).
Saldo Total da Respiração Aeróbica
Glicólise Aeróbica (8 ATP) + Reação de Transição (6 ATP) + Ciclo de Krebs (24 ATP) = 38 ATP.
Cadeia Respiratória e Fosforilação Oxidativa
A Cadeia Respiratória é o conjunto de substâncias transportadoras de prótons e elétrons localizadas nas cristas mitocondriais. Este processo permite a combinação dos íons H⁺ liberados do NADH e FADH₂ com o O₂ respiratório, formando H₂O e liberando energia na forma de ATP.
Gliconeogênese (Neoglicogênese)
A Gliconeogênese é a síntese ou formação de glicose a partir de substâncias não glicídicas (diferentes de carboidratos ou amido). É considerada uma reversão parcial da glicólise.
Regulação
- Estimulada por: Jejum, atividade física intensa, desnutrição, diabetes mellitus (descompensado).
- Inibida por: Após refeições.
Precursores Não Glicídicos
A glicose é formada a partir de:
- Alguns aminoácidos
- Lactato
- Glicerol
Intermediários Chave
O Oxalacetato é um intermediário importante, originado na transformação do Piruvato em Fosfoenolpiruvato (PEP). Ocorre também a degradação de 2 GTP.
Na Gliconeogênese, o GTP aparece entre o Oxalacetato e o Fosfoenolpiruvato, e o NADH aparece entre o 1,3-difosfoglicerato e o Gliceraldeído 3-fosfato. São formados 6 Pi (fosfatos inorgânicos).
Nota: Se o Oxalacetato estiver presente e em estado de jejum, ele estimula a Gliconeogênese.
Metabolismo do Glicogênio
Glicogenólise (Quebra do Glicogênio)
A Glicogenólise é a quebra ou degradação do glicogênio com o objetivo de fornecer glicose. O glicogênio é um polissacarídeo formado por muitas unidades de glicose, servindo como estoque.
Regulação:
- Estimulada por: Jejum, exercício físico intenso, desnutrição.
- Inibida por: Após refeições.
O processo ocorre por meio de três enzimas principais:
- Glicogênio Fosforilase: Retira glicose das extremidades do glicogênio, até restarem grupos de 4 a 5 glicoses ligadas.
- Transferase: Transfere grupos de 3 glicoses de uma extremidade para outra.
- Enzima Desramificadora: Retira a glicose da extremidade, deixando-a livre para atuar em outras vias.
Glicogênese (Formação do Glicogênio)
A Glicogênese é a síntese ou formação do glicogênio. Nos tecidos hepáticos, normalmente não é possível sintetizar glicogênio a partir de unidades de glicose livres devido à falta de um sistema enzimático. O que realmente ocorre é a incorporação de unidades de glicose a uma molécula pré-formada (primer ou de partida).
Via das Pentoses Fosfato (Desvio da Hexose Monofosfato)
Características desta via:
- Não forma ATP.
- Forma NADPH (coenzima essencial).
- Forma Pentoses, que são importantes na síntese dos ácidos nucleicos (RNA, DNA) e na biossíntese do colesterol.
- É crucial na manutenção da integridade das hemácias.
Localização e Fases
Esta via é ativa no fígado, glândulas mamárias, hemácias e tecido adiposo. Ocorre em duas fases:
- Fase Oxidativa: Produção de NADPH e pentoses.
- Fase Não Oxidativa: Atuação das pentoses.
Esta via se assemelha à glicólise anaeróbica pelo fato de ser anaeróbica e ocorrer no citoplasma.
Metabolismo dos Lipídeos
Lipogênese (Síntese de Lipídeos)
É a síntese ou formação de lipídeos (ex: ácidos graxos, triglicerídeos ou colesterol). Ocorre a partir do Acetil-CoA.
Lipólise (Degradação de Lipídeos)
É a degradação ou quebra dos lipídeos (ex: triglicerídeos). Envolve lipoproteínas que transportam o colesterol (ex: HDL-C).
Síntese de Ácidos Graxos
Os ácidos graxos são formados a partir de moléculas de Acetil-CoA. O processo envolve:
- Transformação do Acetil-CoA em Malonil-CoA (consumo de 1 ATP).
- Condensação de outra molécula de Acetil-CoA com o Malonil-CoA.
- Descarboxilação (eliminação de CO₂).
- Redução pelo NADPH₂.
- Desidratação.
- Redução pelo NADPH₂.
Observações: Há consumo de 1 ATP quando o Acetil-CoA se converte em Malonil-CoA. O NADPH₂ utilizado provém da Via das Pentoses.