Gramática Universal, Chomsky e a Natureza da Linguagem
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Base Cognitiva da Linguagem: Gramática Universal
Por várias razões, a gramática universal, no sentido tradicional, perdeu o favor dos cientistas ao longo do século passado. No entanto, durante os últimos 20 anos, foi reavivada, no que é conhecido como *generativismo*, por Noam Chomsky e seus seguidores. A versão de Chomsky da gramática universal parte da mesma premissa das primeiras versões sobre a universalidade da lógica e a interdependência entre linguagem e pensamento. Contudo, o estudo empírico da linguagem deve mais à filosofia da mente do que à lógica tradicional e à filosofia da linguagem. Das várias tentativas conhecidas de formular e, em alguns casos, resolver o chamado problema mente-corpo, podemos mencionar as seguintes:
- Dualismo: Refere-se, em particular, a Platão e Descartes. O dualista defende não só a existência da mente, mas também que ela difere da matéria por sua natureza não física.
- Materialismo: Afirma que não há nada além da matéria, e que os fenômenos mentais podem ser explicados, em última análise, através das propriedades puramente físicas dos corpos materiais.
- Behaviorismo: De acordo com o Behaviorismo, não existe algo como a mente e que termos como "mente", "pensamento", "emoção", "vontade" e "desejo" devem ser interpretados como uma referência a certos tipos de comportamento ou, em qualquer caso, a predisposições para se comportar de uma certa maneira.
- Idealismo: Nega a existência do mundo físico e sustenta que tudo o que existe é mental. Outro termo usado em vez de "idealismo" é "mentalismo".
- Monismo: Proclama a unidade da realidade.
Mentalismo, Racionalismo e Nativismo em Chomsky
Chomsky argumenta que a linguagem é uma prova em favor do mentalismo, isto é, da existência da mente. O que ele afirma é que a aquisição e o uso da linguagem não podem ser explicados sem apelar para princípios que estão além de uma explicação fisiológica dos seres humanos. O mentalismo de Chomsky tem um aspecto negativo e um positivo, dos quais o último é o mais controverso. O aspecto negativo, ou crítico, é o antifisicalismo ou o antimaterialismo, e mais particularmente no contexto da ideologia dominante anteriormente na linguística e na psicologia americana, como o anticonductismo. O Behaviorismo (uma versão do materialismo que restringe o objeto de estudo da psicologia ao comportamento humano e tenta explicar os tipos de conduta, por exemplo, a fala) no qual o pensamento era definido como fala interior, a partir de processos psicológicos e biológicos deterministas. Mas o tipo de conduta que Bloomfield chamou, juntamente com o que Chomsky criticou em sua resenha do livro *Comportamento Verbal* de Skinner, é obscuro.
Por sua vez, as propostas positivas são as mais originais do mentalismo de Chomsky. Um dos problemas cruciais da filosofia da mente refere-se à aquisição de conhecimento e o papel que a mente ou a razão desempenham neste processo, por um lado, e a experiência dos sentidos, por outro. Chomsky afirmou que os princípios pelos quais a mente adquire conhecimento são inatos.
Chomsky assume que a linguagem é utilizada para expressar o pensamento e que os seres humanos são naturalmente dotados de uma capacidade (genética) para formar certos conceitos. Em primeiro lugar, aprender (ou adquirir) a estrutura gramatical da língua nativa requer uma explicação análoga ao processo de correspondência do significado de uma forma da palavra. Em segundo lugar, ele apontou que a natureza da linguagem e o processo de aquisição da linguagem não podem ser explicados sem mencionar a existência de uma faculdade inata para a aquisição.
Uma maneira de entender a dependência estrutural é ter a certeza de que, na sua primeira aquisição da linguagem, a criança deve começar a compreender que os dados de expressão, quaisquer que sejam, não são arbitrários, mas são regulados por regras estruturais, ou, por outras palavras, pela dependência estrutural.
A faculdade da linguagem (no sentido tradicional do termo "faculdade") é uma das muitas estruturas mentais, cada uma das quais é altamente especializada no que diz respeito à sua função.
Chomsky vs. Piaget: Aquisição da Linguagem
De acordo com Piaget, há quatro estágios no desenvolvimento dos processos mentais da criança. Para a aquisição da linguagem, ele considera crucial a etapa que dura até a idade de dois anos, na qual a criança experimenta os objetos tangíveis do seu ambiente, seguida pela chamada fase pré-operacional, que dura até o período conhecido como o uso da razão (cerca de sete anos). Durante esta fase, a criança passa a manipular palavras e frases a partir da sua compreensão anterior sobre como os objetos tangíveis podem ser comparados, manipulados e transformados.
Chomsky argumentou que as evidências atuais não apoiam Piaget neste ponto, pois a aquisição da linguagem não parece ser afetada por diferenças na capacidade intelectual das crianças.
A teoria de Piaget sobre o desenvolvimento mental é frequentemente vista como situada entre os extremos tradicionais do racionalismo e empirismo. Por um lado, enfatiza a importância e, por outro, assume os diferentes estágios de desenvolvimento cognitivo como um processo único para a espécie e geneticamente programado.