Guerra Civil Espanhola: Conflito, Fases e Impacto
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A Guerra Civil Espanhola (1936-1939)
Após a vitória da Frente Popular nas eleições de 1936, a vida na Espanha havia se tornado tão difícil que ambos os grupos, de esquerda e de direita, através da violência, desejavam destruir as instituições republicanas.
A conspiração da ala direita teve o apoio de Benito Mussolini. O General Mola, um dos principais autores, assumiu a direção principal da revolta. A participação de Franco não foi muito definida até o início do conflito.
O governo republicano estava ciente da conspiração, mas seu erro foi não prever a magnitude dela, pensando que poderia derrotá-la. Além disso, houve sua incapacidade de controlar as massas e de romper com a extrema esquerda.
O levante começou em Marrocos em julho de 1936, com Franco assumindo o comando. No dia seguinte, estendeu-se à península. Em Navarra e Castela a Velha, as forças do General Mola obtiveram facilmente a vitória. Em Aragão, os rebeldes foram derrotados nas capitais provinciais, assim como em Oviedo, província das Astúrias, que permaneceu dominada pela esquerda. Na Galiza, a vitória foi para a revolta.
Na Andaluzia, a esquerda resistiu à retirada das tropas da África. Em Madri, a revolta foi mal organizada, e a atmosfera em Barcelona permaneceu tensa. No País Basco, Álava era a favor da insurreição, enquanto Vizcaya e Guipúzcoa eram contra.
O balanço dos primeiros três dias de combates revelou que a Espanha estava dividida em dois. O General Mola, após uma violenta, mas curta, campanha, não conseguiu conter a guerra civil. As chances de conter o conflito foram um fracasso, dada a incapacidade de aceitar um centro de governo comum.
Nesta primeira fase da guerra, as forças estavam equilibradas. Se os rebeldes tinham a maior parte das tropas do Exército da África, a República possuía a frota e a aviação. A Frente Popular também dispunha do ouro do Banco de Espanha, da indústria e de grandes capitais.
Um fator decisivo no desenvolvimento da guerra foi o processo revolucionário que começou na área controlada pela Frente Popular, onde o poder político foi pulverizado, tornando difícil saber quem deveria tomar as decisões.
Fases da Guerra
1. Guerra de Colunas (Julho-Novembro de 1936)
Entre julho e novembro de 1936, os limites das áreas em que a Espanha estava dividida não eram precisos. A superioridade dos insurgentes era evidente: Franco avançou da África, enfrentando resistência em Sevilha, e seguiu para Madri em um curto período de tempo. Em Madri, a cidade resistiu, pois era mais fácil combater em campo aberto. Os sucessos da Frente Popular foram menores, e seus progressos da Catalunha para Aragão foram logo contidos. As forças nacionais tomaram Irún, isolando o norte da fronteira francesa.
2. A Luta por Madri (Novembro de 1936 - Março de 1937)
De novembro de 1936 a março de 1937, Franco, por não conseguir tomar a capital diretamente, iniciou um ataque de cerco, partindo de três pontos diferentes. A Frente Popular conseguiu deter o inimigo, levando Franco a optar por uma ofensiva no norte do país.
3. A Queda da Frente Norte e Guernica (Março-Outubro de 1937)
Março a outubro de 1937 foi o ano decisivo da guerra. A conquista da Biscaia não foi fácil; Franco perdeu a província e toda a frente norte, mesmo com a ajuda de aviões alemães que bombardearam Guernica e Durango. As Astúrias, por causa do terreno e da tradição de esquerda, apresentaram dura batalha. Santander provou ser uma conquista fácil, graças à ajuda italiana organizada e à baixa resistência. A Frente Popular falhou em ataques separados, como Brunete e Belchite, devido à falta de coordenação.
4. Teruel e a Marcha para o Mediterrâneo (Dezembro de 1937 - Junho de 1938)
De dezembro de 1937 a junho de 1938, a Frente Popular conquistou Teruel, mas logo as forças de Franco a retomaram, resultando em um colapso da frente que permitiu a Franco alcançar o Mediterrâneo. Em menos de duas semanas, ele chegou a Vinaroz e depois a Valência, onde a dura resistência o deteve na área do Maestrazgo.
5. Batalha do Ebro e o Colapso da Catalunha (Julho de 1938 - Fevereiro de 1939)
De julho de 1938 a fevereiro de 1939, a frente se estabilizou. O Exército Popular tomou a iniciativa em toda a região do rio Ebro. Foi uma batalha dura e decisiva que acabou por decidir a guerra, com Franco ocupando Barcelona sem encontrar resistência. O presidente Azaña, exilado na França, demitiu-se. Mais de meio milhão de pessoas cruzaram a fronteira para o exílio.
6. O Fim da Guerra (Fevereiro de 1939)
Em fevereiro de 1939, a Frente Popular entrou em crise quando a Grã-Bretanha e a França reconheceram o regime do General Franco. No segundo semestre de março, o Coronel Casado e o político Besteiro iniciaram negociações com Franco para assinar o fim da guerra. Eles buscavam condições excepcionais para a evacuação e a garantia de que não haveria represálias indiscriminadas. Em Madri e Cartagena, ocorreram brigas internas entre comunistas e o restante dos que lutavam pela República, exigindo a rendição. Em 1º de abril de 1939, Franco pôde anunciar a vitória de suas tropas.
A Guerra como Evento Internacional
O governo da República tinha o apoio da França e da URSS. O lado nacionalista, por sua vez, contava com o apoio da Itália e da Alemanha.
A desvantagem dos auxílios recebidos pelos republicanos derivava da política francesa: se o governo permanecesse, seria mais colaborativo, mas exigia o pagamento imediato e mesquinho da dívida. A Rússia, por sua vez, carregava material de guerra após a deposição do ouro do Banco de Espanha nos cofres da União Soviética.
A ajuda recebida por Franco foi paga tardiamente. A assistência poderia ter sido dada igualmente a ambos os lados, mas principalmente beneficiou os rebeldes.
Evolução dos Dois Lados
A intenção de quebrar o adversário resultou em um terror simultâneo, característico de qualquer guerra. Os rebeldes mataram políticos, pedreiros, professores e professores universitários, rotulados de esquerda. A Frente Popular, por sua vez, fez o mesmo com sacerdotes, monges, militares, políticos e empregadores.
Uma consequência do regime foi a posição da Igreja, favorável aos insurgentes. O lado de Franco, por sua vez, reuniu vários partidos e opiniões devido à sua abordagem (católica, antirrevolucionária). Em 1937, ocorreu em ambos os lados a dissidência interna. Criou-se a unificação dos carlistas e falangistas (fundados por Primo de Rivera), de perfil baixo, uma vez que a maioria de seus membros eram jovens estudantes sem experiência profissional. Os carlistas, que anteriormente haviam tido maior importância (CEDA), praticamente desapareceram.
Serrano Suñer, figura de destaque na primeira parte do regime de Franco, foi capaz de introduzir ordem na administração militar. Durante a primeira fase, o regime não conseguiu definir-se claramente. O único texto constitucional aprovado foi a Carta do Trabalho, uma declaração de princípios de caráter social. Quando, em 1938, houve a formação de um governo, sua composição heterogênea demonstrou a pluralidade de componentes do lado dos rebeldes, facilitando, de alguma forma, a unificação.
A Frente Popular enfrentou divergências com a revolução e o estabelecimento de um exército. Em 1936, quando a situação militar era difícil, Azaña nomeou Largo Caballero presidente, adicionando anarquistas ao gabinete. No entanto, ele não teve capacidade de unir os diversos setores que compunham a Frente Popular, devido à fricção entre anarquistas e comunistas, o que causou a queda de Largo Caballero. Juan Negrín o sucedeu, um socialista moderado. Após a guerra, os comunistas controlavam o grosso do exército; essa influência foi tão grande porque o restante não estava à altura das circunstâncias.
Balanço da Guerra Civil
Foi uma guerra dos pobres que não puderam usar as novas técnicas militares, que mais tarde seriam empregadas na Segunda Guerra Mundial.
O Exército Popular, desperdiçando as vantagens iniciais, com dois esquadrões, poderia ter impedido a passagem de tropas através do Estreito de Gibraltar. Sua ofensiva teve pouco impacto, pois estava mais treinado para a defesa.
Embora a guerra tivesse amplo apoio popular em ambos os lados, a realidade é que a Frente Popular foi derrotada, e a causa, em grande parte, foi dela mesma, como o General Rojo disse: "fomos covardes pela inércia política antes e durante a guerra".
As pessoas com melhores condições deixadas pela guerra foram aquelas que tornaram possível o mínimo derramamento de sangue. Como Azaña disse: "os corpos dos caídos levam uma mensagem de paz, misericórdia e perdão para com as gerações futuras."