Guerra Civil Espanhola: Zonas Nacionalista e Republicana

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Zona Nacionalista

O levante não deixou claro que os rebeldes tinham um projeto político definido. Entre eles, havia um amálgama de tendências: monarquistas, falangistas, cedistas e carlistas.

  1. Conselho de Defesa Nacional (Burgos)

    Após o levante, os militares formaram em Burgos um Conselho de Defesa Nacional, que agia como um poder soberano. Este conselho declarou estado de guerra, coordenou as operações militares, assumiu as funções diretivas e deu os primeiros passos para revogar as leis republicanas. Economicamente, tentou reverter desapropriações, devolvendo as terras aos seus antigos proprietários.

  2. Ascensão de Franco e Unificação

    Em agosto de 1936, a necessidade de um comando único (após a morte acidental de Sanjurjo) levou à proclamação de Franco como Generalíssimo.

    Seu primeiro ato foi a criação da Junta Técnica do Estado, composta por militares e civis, sob a supervisão do chefe.

    Era um Estado sem articulação política e ideológica, algo que seria responsabilidade de seu cunhado, Ramón Serrano Suñer. O primeiro passo foi integrar todas as forças sob o comando de Franco através do Decreto de Unificação (abril de 1937), que combinou a Falange Española e as JONS tradicionalistas (formando a FET y de las JONS), com Franco como o único líder. Outras partes também se juntaram ao lado dos insurgentes.

    A Falange tentou manter sua essência com Manuel Hedilla, mas ele foi acusado e preso. A crise resultou na consolidação do quartel-general de Franco. Após a publicação de sua nova Constituição, Franco respondia somente a Deus e à História.

  3. Primeiro Governo de Franco (1938)

    O primeiro governo de Franco foi formado em janeiro de 1938, criando uma nova estrutura de regime político, com representação de todas as facções dos rebeldes: o exército, com destaque para três pastas, seguido pelos tradicionalistas e pela Igreja.

    Isso marcou o início de um novo governo nacional, com o poder concentrado exclusivamente nas mãos de Franco.

Zona Republicana

Uma das razões pelas quais perderam a guerra, segundo os historiadores, foi a divisão interna, presente desde o início na zona republicana. O dilema para a esquerda era: ganhar a guerra ou fazer a revolução primeiro?

  • A segunda posição foi defendida por organizações como o POUM e a CNT, que realizaram experiências de coletivização e de comunismo libertário.

  • Outros grupos, como o PCE e um setor do socialismo, exigiam um primeiro esforço para vencer a guerra, deixando a revolução para mais tarde. Essa posição significou o fim dos coletivos e a centralização das decisões governamentais. A recusa do POUM e dos anarquistas em apoiar essa linha gerou muitas e graves crises e conflitos.

Nas zonas da Catalunha e Aragão, com forte presença anarquista, as empresas e os campos estavam sob a direção de comitês operários: a ideia era fazer a revolução para ganhar a guerra. Os socialistas, republicanos e comunistas, no entanto, favoreciam a nacionalização dos meios de produção sob orientação centralizada, para se dedicar a uma economia de guerra.

Evolução Política na Zona Republicana

  • A evolução política na zona republicana foi complexa. No início, o governo era encabeçado por Giral (Esquerda Republicana); ao mesmo tempo, havia comitês locais e conselhos que o governo teve de reconhecer e que detinham o poder real.

  • Posteriormente, Largo Caballero (PSOE) assumiu o governo, com a inclusão de todos os grupos da Frente Popular e o apoio dos anarquistas da CNT. Assim, Largo Caballero buscou a reorganização do Estado para ganhar a guerra, o que incluiu a expropriação das propriedades dos insurgentes, a intensificação dos esforços para conseguir apoio internacional, a militarização das milícias, a tentativa de recuperar o poder que estava disperso e a reordenação do território.

  • Em maio de 1937, em Barcelona, houve confrontos entre as milícias da CNT e do POUM e o governo (que venceu). A tendência revolucionária foi derrotada e Largo Caballero pediu demissão. Começou a presidência de Juan Negrín (PSOE), que reforçou o Estado para impedir qualquer tentativa revolucionária, apoiando-se cada vez mais no PCE, o único que apresentava um modelo de exército eficiente, e com a ajuda da União Soviética.

O Fim da Resistência Republicana

Na tentativa de chegar a um acordo com a zona nacionalista e acordar uma paz negociada, Negrín publicou os "Treze Pontos", que foi a última tentativa de parar a guerra, mas foi rejeitada categoricamente por Franco.

Após sucessivas derrotas, a única esperança do governo era o choque das democracias britânica e francesa com a Alemanha de Hitler. Mas quando escolheram ceder à Alemanha no Pacto de Munique, em outubro de 1938, com a transferência da Tchecoslováquia, os republicanos perderam a última chance de vitória.

Naquela época, o slogan do governo Negrín de resistir a todo custo até que o conflito europeu iminente deflagrasse não era igualmente entendido por todos os combatentes republicanos. Uma parte do exército profissional integrado, como o Coronel Casado, e líderes socialistas, como Besteiro, ou combatentes anarquistas, como Cipriano Mera, já haviam decidido se entregar a Franco, esperando, talvez, um tratamento honroso. Isso levou a lutas internas em Madrid e ao colapso da resistência republicana no centro.

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