A Guerra Fria e a Consolidação do Mundo Bipolar (1945-1980)

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O primeiro momento de tensão ocorreu em 1945, quando Estaline não promoveu eleições livres na Polónia e impôs um governo da sua confiança. Em 1947, o presidente Truman adotou uma política de contenção do avanço comunista, a chamada Doutrina Truman. Esta institucionalizava os EUA como bastião das democracias ocidentais. Era o início da Guerra Fria, que até ao final dos anos 80 marcaria a consolidação do mundo bipolar: o mundo comunista e o mundo capitalista. Na Europa, confirmavam-se as divisões estabelecidas nas conferências de paz. Enquanto os EUA intervinham na recuperação económica europeia através do Plano Marshall (um plano de ajuda económica baseado em empréstimos, subsídios e ajuda militar, sem excluir os países do bloco comunista), este era oferecido sob a condição de aceitação do controlo e fiscalização das suas economias e da criação de um organismo de coordenação da ajuda financeira e das relações económicas. Em 1948, este organismo foi chamado de OECE (Organização Europeia de Cooperação Económica). Foram criadas ainda a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e a Comunidade Económica Europeia (CEE), com a assinatura do Tratado de Roma em 1957.

Em 1948/49, Estaline sentiu-se afrontado devido à política ocidental e decretou o bloqueio da zona ocidental da cidade de Berlim. Perante isto, os países ocidentais criaram uma ponte aérea, que fez chegar todo o tipo de produtos e demonstrou a firmeza e o grande poder tecnológico dos EUA. Este bloqueio levou a vários incidentes como: a independência da Alemanha, em RFA (República Federal Alemã) e RDA (República Democrática Alemã); originou uma intensa corrida aos armamentos e a formação dos primeiros blocos militares e políticos antagónicos. Do lado ocidental, em 1949 foi assinado o Pacto do Atlântico, que viria a originar a formação da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O Pacto do Rio foi assinado em 1947, tendo como princípio a defesa coletiva do continente americano. Em 1948, foi formada a OEA (Organização dos Estados Americanos), um pacto de ajuda mútua; em 1951, criou-se a ANZUS; em 1954, a formação da OTASE. No Médio Oriente, a criação do CENTO, que abrangia a Grã-Bretanha, a Turquia, o Paquistão, o Irão e o Iraque. A formação destas alianças político-militares era acompanhada pelo estabelecimento de bases militares em pontos estratégicos.

Em termos económicos, o Ocidente viveu, nos anos que se seguiram ao fim da guerra, tempos de grande prosperidade. Foram tempos marcados por um extraordinário aumento da produção agrícola e industrial, acompanhado pelo desenvolvimento da produção energética e de transportes. O resultado foi o crescimento espantoso da produção de bens e serviços e a afirmação da sociedade de consumo. Esta sociedade caracterizava-se pelo índice de preços de consumo não só de bens e serviços estritamente necessários, mas também de bens e serviços supérfluos. Todo este consumo era estimulado pela multiplicação de centros comerciais ou de vendedores porta a porta, que, recorrendo a sofisticadas técnicas de publicidade e de marketing, aumentavam as vendas a crédito.

Na origem deste surpreendente crescimento económico esteve o surto demográfico, a liberalização das trocas comerciais e o consequente alargamento do mercado consumidor, a intervenção do Estado na promoção da qualidade de vida dos cidadãos, a afirmação do novo capitalismo industrial e a aceleração dos progressos científicos e tecnológicos. Relativamente ao Estado, após a guerra deu-se a ascensão de partidos defensores de políticas reformistas e intervencionistas, como a democracia cristã e a social-democracia. A democracia cristã assenta na moralidade cristã e na doutrina social da igreja. Por outro lado, a social-democracia é uma proposta política que defende a construção da sociedade socialista através de processos reformistas e democráticos. Propõem a conciliação entre os princípios da livre concorrência com a intervenção do Estado, que deve intervir no controlo dos setores-chave da economia e adotar políticas fiscais que favoreçam uma melhor distribuição da riqueza. O Estado-Providência, instituído em 1930, ganhava um novo impulso na Europa Ocidental. Era um promotor da justiça social e, como patrão, favorecia os investimentos públicos e privados, ao promover e financiar obras públicas; aumentar os quadros da administração pública e do aparelho militar; e ao assumir importantes participações no setor privado. Para promover a justiça social, implementaram sistemas de redistribuição da riqueza mais equitativa, de modo a garantir as necessidades básicas dos cidadãos.

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