Guia Completo para a Construção e Implantação de Estradas
Classificado em Economia
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Introdução à Etapa de Construção de Estradas
Concluída a etapa de elaboração dos projetos, passa-se à Etapa de Construção da Estrada, também conhecida como implantação.
1. Estudos Essenciais para a Implantação da Estrada
1.1. Estudos Geológicos
Estes estudos contribuem com os seguintes elementos para a execução da terraplenagem:
- Seções geológicas típicas: (longitudinais e transversais) ao longo do traçado da estrada, em escala adequada e representativa.
- Identificação de locais propícios: para a exploração de materiais adequados e necessários à construção da infraestrutura da estrada.
- Classificação do material escavado: nas diversas categorias previstas nas especificações, identificado por sondagens sísmicas.
- Identificação da natureza da rocha: a ser extraída, através de exames geológicos e ensaios petrográficos, e estudo de casos especiais (presença de fraturas, estratificações, alterabilidade da rocha).
- Indicações de taludes: a serem adotados nos cortes em rocha, nos cortes em terra e nos aterros.
1.2. Estudos Geotécnicos
Estes estudos contribuem com os seguintes elementos:
- Confirmação da classificação do material escavado: através de sondagens a percussão, rotativas e a trado, pá e picareta.
- Características físicas dos solos: ocorrentes nos cortes e nos empréstimos (LL, LP, IG, grau de compactação e CBR), para a execução das camadas dos aterros e rebaixos dos cortes.
- Estudo da estabilidade de taludes: (coesão e resistência dos materiais) para a identificação das diversas soluções a adotar (inclusive o escalonamento de taludes), e estudo dos casos especiais para a fundação de aterros.
1.3. Projeto Geométrico
Onde se obterão as seguintes informações:
- Na planta topográfica: o projeto da diretriz, detalhes altimétricos da faixa de domínio (representados por curvas de nível de cotas inteiras), a posição dos offsets, a demarcação da faixa de domínio, os RNs.
- No perfil longitudinal: os perfis do terreno e da estrada, os elementos e os pontos notáveis das curvas.
- Em folha à parte: quadro com as características técnicas da estrada.
1.4. Projeto de Terraplenagem
Onde se obterão as seguintes informações:
- Nas seções transversais: em tangente e em curva, os taludes de corte e aterro, os escalonamentos, as posições dos muros de arrimo.
- Nos relatórios de computação: os cálculos dos volumes de cortes e aterros, e a indicação dos locais onde haverá a compensação lateral.
- Em um quadro-resumo do movimento de terras: indicações de distribuição e espessura de material selecionado para rebaixo de cortes, distribuição do material do corpo dos aterros, e distribuição do movimento de terras de empréstimos e botaforas.
- Em gráficos e croquis: a localização geral dos empréstimos e suas características.
- No perfil de solos: (desenhado nas escalas horizontal 1/2000 e vertical 1/40, com a linha de greide na horizontal e a indicação do início e do fim de cada trecho de corte e de aterro) as sondagens realizadas, os diferentes horizontes – de acordo com a classificação HRB – e os volumes de corte e de aterro de cada trecho extraídos dos relatórios de computação.
- Nas notas de serviço: em cada estaca as indicações dos elementos de projeto em planta e perfil, distâncias em relação ao eixo e cotas dos bordos e dos offsets, superelevação e superlargura.
- Em projetos específicos: soluções para problemas de fundações de aterros (em caso de existência de terrenos com baixa capacidade de suporte ao nível do leito) e de proteção de encostas (em caso da existência de terrenos sujeitos a escorregamentos).
- Nas notas de serviço dos bueiros: a indicação aproximada (uma vez que a posição precisa será definida nos trabalhos de locação dos mesmos) de sua localização, o tipo, o diâmetro, a esconsidade, a declividade, os comprimentos a montante e a jusante, a cota do fundo no eixo, a cota do greide de terraplenagem e a altura de cobertura de aterro.
- Nas notas de serviço das valetas de proteção: a indicação das estacas de início e término, posição (lado) e comprimento estimado.
2. Fatores Regionais e Logísticos que Afetam a Obra
A descrição sucinta do projeto elaborado e as características regionais afetam as produtividades e os custos dos serviços de terraplenagem, quais sejam:
- Clima: precipitação média anual e período de chuvas. Quando a incidência de chuvas é característica, não se deve prever trabalhos de terraplenagem no período ou, então, considerar os equipamentos operando com baixa produtividade. Assim, o dimensionamento dos mesmos no referido período vai sofrer alterações.
- Fitologia Regional: trata-se da vegetação da região por onde passará a futura estrada, que pode ser diversa em mais de um trecho em decorrência da variação de pluviosidade, temperatura, altitude e tipo de solo do território brasileiro, afetando os custos e produtividades dos equipamentos na execução dos serviços preliminares.
- Endemias: é importante conhecer a incidência das principais endemias não controladas ocorrentes na região (esquistossomose, doença de Chagas, malária, etc.), pois os efeitos lesivos nos seus portadores irão comprometer a produtividade da mão de obra, principalmente do pessoal não especializado, geralmente contratado na região.
- Salários Regionais: afetam os custos dos serviços. No caso de mão de obra especializada, os salários aumentam com o distanciamento dos centros urbanos e industriais e, para a mão de obra não especializada, obedecem aos salários mínimos estabelecidos pelo Governo.
- Apoio Logístico: os custos de transportes (rodoviário, ferroviário, fluvial, marítimo e aéreo) de pessoal, máquinas, equipamentos e materiais necessários à execução dos trabalhos influem nos custos dos serviços e obras de infraestrutura de uma estrada.
3. Planejamento e Orçamento da Obra
Outras informações cruciais incluem:
- O equipamento mais recomendável para os serviços, principalmente no período de chuvas, e respectivas produtividades.
- O prazo de execução e as quantidades dos serviços.
- Informações complementares, como: localização de fontes de água, disponibilidade de mão de obra, umidades encontradas nos empréstimos (in situ), etc.
- Os elementos básicos considerados na elaboração do projeto.
- Os resultados dos estudos geológicos e geotécnicos.
- A concepção do projeto e o demonstrativo de cálculos e quantidades de serviço a executar.
- O dimensionamento da solução adotada e sua justificativa técnico-econômica.
Com base no material acima descrito, o engenheiro da firma construtora inspeciona o trecho por onde se desenvolverá a futura estrada, de modo a observar criteriosamente as condições locais. Ele então:
- Dimensiona o equipamento e a mão de obra necessários, considerando os diversos fatores que afetam as respectivas produtividades.
- Calcula os consumos dos materiais necessários à execução dos serviços.
- Define os custos dos equipamentos, mão de obra e materiais, com base em pesquisa de mercado e no apoio logístico disponível na etapa de construção.
Com todos os elementos acima levantados, determina os custos unitários dos serviços a serem desenvolvidos.
De posse desses custos unitários e dos quantitativos dos respectivos serviços (obtidos do projeto), elabora a proposta de preços.
4. Providências Prévias ao Início da Obra
Antes de iniciar a obra, o construtor precisa tomar as seguintes providências:
- Elaborar o Organograma da Obra: nele estão estabelecidas as relações hierárquicas, a partir do engenheiro responsável pela obra, ao qual estarão diretamente ligadas equipes de assessoria jurídica, comunicação, planejamento e controle, e relações públicas.
- Selecionar o equipamento mecânico a ser utilizado: para tal, leva em conta as seguintes recomendações:
- Dar preferência a máquinas iguais, de mesma fabricação, para maior economia e facilidade de reposição de peças.
- Usar duas máquinas iguais em vez de uma de maior porte, para garantia de continuidade do trabalho, em caso de avaria.
- Escolher a máquina mais apropriada do ponto de vista econômico (levar em conta o custo de aquisição e as condições de venda – parcelamento, prazo e condições de entrega, garantia do fabricante –, assistência técnica e estoque de peças).
- Escolher a máquina mais apropriada do ponto de vista técnico (produtividade capaz de executar a obra no prazo previsto).
- Projetar e construir as obras civis necessárias para o canteiro de serviço.
5. Fases da Implantação da Estrada
A implantação da estrada se dá em duas fases: implantação da infraestrutura e implantação da superestrutura.
- Na primeira, executam-se os serviços de terraplenagem: movimentação de terras visando transformar a região ao longo da qual se desenvolverá a futura estrada, construção dos dispositivos de drenagem incorporados à infraestrutura e fora dos limites do corpo estradal, abertura de túneis e construção de pontes e viadutos previstos no projeto.
- Na segunda, procede-se aos elementos da superestrutura da estrada, em cada trecho, conforme especificado no projeto.
6. Detalhes da Terraplenagem
A construção de uma estrada de rodagem exige a execução de serviços de movimentação de terras prévios, regularizando o terreno natural obedecendo ao projeto.
Tem início, então, a etapa de Construção da Estrada, com a transformação da faixa de domínio – com os serviços de terraplenagem – de seu estado natural, de modo a se obter as seções e greides indicados no projeto.
A terraplenagem envolve as seguintes operações:
- Serviços preliminares.
- Execução de caminhos de serviço.
- Escavação, carga, transporte e deposição do material extraído (dos cortes e empréstimos).
- Consolidação dos aterros.