Guia Completo de Cuidado Dietoterápico em Doenças Hepáticas

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Cuidado Dietoterápico em Doenças Hepáticas

Objetivos:

  • Favorecer a aceitação da dieta e melhorar o aproveitamento dos nutrientes administrados.
  • Qualidade de vida por meio da melhora funcional hepática.
  • Manter ou recuperar o peso adequado.
  • Controlar o catabolismo proteico muscular e visceral.
  • Manter o balanço nitrogenado, a síntese de proteínas de fase aguda e a regeneração hepática, sem aumentar o risco de encefalopatia hepática.

1. Esteatose Hepática

  • O tratamento da esteatose consiste em tratar os problemas associados: obesidade, diabetes, hiperlipidemia.
  • Esteatose hepática não alcoólica: relacionada com insulina e carboidratos.
  • A ingestão de antioxidantes é útil: polifenóis, como flavonoides.
  • Diminuição da ingestão de carboidratos e modulação da resistência à insulina: dieta para diabéticos.
  • A implementação e o seguimento de um plano alimentar é fundamental.
  • A redução de peso pode reverter a esteatose e melhorar o perfil bioquímico. Porém, pode piorar a fibrose hepática, se já estiver instalada.
  • Redução de peso gradativa (6 meses), cerca de 10% do peso corporal: dieta hipocalórica (25kcal/peso corporal/dia).

• Dieta Hipolipídica (65% de CHO (<IG), 12% de Ptn e 23% de Lip).

  • Redução de peso rápida: evolução da esteatose e o dano hepático.
  • Portanto, deve-se evitar redução de peso rápida.
  • A soja pode ser utilizada no tratamento nutricional, devido: alto valor nutricional (de Ptn, CHO complexos, fibras, Ca, Zn e vitaminas do complexo B). Além de, grande quantidade de fitoquímicos.

1 e 2. Esteatose e NASH:

  • Se necessário perda de peso: restringir calorias: perda de peso em 6 meses ou 1kg por semana: 500 a 1000Kcal/dia.
  • Carboidratos: 40 - 45% VET: optar por alimentos com <IG: gradual (10% consumir grãos integrais: fibra solúvel.
  • Proteína: 15-20%VET.
  • Gordura: 35 - 40% VET: optar por alimentos ricos em gordura poli-insaturada e diminuir o consumo de alimentos ricos em gordura saturada.

3. Cirrose

Recomendações nutricionais na cirrose hepática

Aporte calórico: 30 a 35 kcal/kg/dia.

Carboidrato: 50 a 60% do VET.

Proteína: 20 a 30% do VET (1 a 1,5 g/kg de peso/dia) Lipídeos: 10 a 20% do VET.

Evitar restrições alimentares desnecessárias.

Dieta com baixa quantidade de sódio (menos de 2g dia) em caso de ascite e/ou edema.

Fazer de 4 a 6 refeições ao dia, incluindo uma antes de dormir rica em carboidrato.

Suplementar vitaminas (A, D, E e K), zinco e cálcio se necessário.

Ajustar ao máximo o tratamento da encefalopatia: se apresentar intolerância as proteínas, considerar aumentar as proteínas de origem vegetal, lácteas e aminoácidos de cadeia ramificada.

Optar por alimentos que favoreçam a mastigação. Evitar a ingestão de álcool.

4. Doença Alcoólica do Fígado.

  • O cuidado dietoterápico é voltado para o estágio da doença.
  • O paciente com doença alcoólica normalmente apresentam desnutrição, com depleção de vitaminas e minerais (A, C, D, B1, B6, B9, Zn).

Contornar a desnutrição:

  • Oferta de calorias: 35-40 kcal/kg/dia, proteínas: 1,2-1,5 g/peso corporal/dia, adequada em carboidratos e lipídeos.
  • Repor vitaminas e minerais
  • Modificar a conduta de acordo com as complicações presentes.
  • Se necessário usar TNE ou TNP. Não usar glutamina: níveis de amônia.

HEPATITE

Carboidratos: ≤5-6g/kg/dia; 50 a 60% priorizar carboidratos complexos.

• Lipídeos: 25 a 30% do VET.

• Sódio: ≤2000 mg se ascite ou edema.

• Ptn: hepatopatas estáveis, com bom estado nutricional: 1g/ peso corporal/dia - Para melhorar ou elevar o BN: 1,2 a 1,5 g/peso corporal/dia

6. Insuficiência Hepática

  • Cuidado dietoterápico se assemelha ao destinado a pacientes críticos, porém há mudanças devido as características fisiopatológicas da doença.
  • Calorias: 25 a 40kcal/kg/dia.
  • Proteína: 1 a 1,2g/kg/dia.
  • Vitaminas e minerais: Há um grande risco de deficiência. Suplementação de Zn, Mg e P nos pacientes mais graves. No caso das vitaminas os requerimentos são aumentados, tanto para hidro e lipossolúveis.

Primeira opção: VO: Segura, eficiente e invasiva. Utilizar: suplemento hipercalórico e hiperproteico.

Segunda opção: TNE: se TGI estiver funcionante. Utilizar: bomba de infusão: desconforto abdominal na ascite; ostomias: são contraindicadas, pois aumentam o risco de peritonite e de extravasamento de líquidos ascíticos.

Terceira opção: TNP. Optar se: a) TGI não estiver funcionante. b) Se a TNE não for tolerada. c) TNE não está suprindo as necessidades. d) Quando há chance de bronco-aspiração (encefalopatia).

Encefalopatia graus 3 e 4: priorizar infusão de glicose nas 24-48 horas (VO ou NE);

  • Nos primeiros dias: começar com 0,5g ptn/peso corporal/dia: Aumento progressivo a cada 2 dias (10-20g/dia) até chegar à 1,0-1,5g/peso corporal/dia.
  • Restrição com cautela de ptn: pois pode piorar perdas proteicas; AAcadeia ramificada (BCAA): leucina, isoleucina e valina.
  • 20–25% da oferta de ptn total.
  • Podem prover a necessidade de ptn altas.
  • Possuem a capacidade de “fugir” do metabolismo hepático: disponibilidade.
  • Comumente estão em concentrações menores na cirrose.
  • Leucina é capaz de estimular a regeneração hepática.

Encefalopatia Hepática

  • Objetivo da conduta nutricional é fazer a correção do distúrbio desencadeante (a amônia que é tóxica para os tecidos).
  • a produção de amônia no cólon. Dieta hiperproteica atua negativamente sobre a encefalopatia hepática? Não! Restringir ptn é prejudicial.

Encefalopatia Hepática

  • Oferta de ptn: 20%-30% do VET (1 a 1,5 g/peso corporal/dia) (ASPEN, 2010).
  • Oferta de ptn: 1,2 a 1,5g/peso corporal/dia(ISHEN).
  • Consumo de: proteínas vegetais, produtos lácteos e AACR (leucina, isoleucina e valina).
  • A utilização de prebióticos, probióticos e simbióticos está recomendada na prevenção e tratamento da encefalopatia hepática (SBPNE; ASBRAN, 2011).

Ascite

  • Calorias: Aumento do GEB em até 10%.
  • Oferta de ptn: 1,25–1,75g/Kg peso ideal.
  • Posteriormente a paracentese (retirada de altos volumes): infusão de albumina (8-10g/L de ascite retirado): redução das complicações e do tempo de internação.
  • Limitar a ingestão de sódio: até 2000mg. Porém, restrições mais severas podem ser implementadas (500-1000mg).
  • Limitar a ingestão de líquidos: 1-1,5L ao dia: 2/3 oriundo de refeições. Se houver hiponatremia grave ou persistente: Considerar 500–750ml + as perdas urinárias.
  • Terapia com diuréticos: é normalmente utilizada.

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