Guia Completo de Manejo e Produção: Suínos e Equinos
Classificado em Medicina e Ciências da Saúde
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Produção de Carne Suína: Cenário Global e Brasileiro
A produção de carne suína é uma atividade de destaque tanto no Brasil quanto globalmente. No cenário mundial, a China se destaca como o maior produtor e consumidor de carne suína, respondendo por mais da metade da produção global e mantendo um controle significativo sobre o mercado. O Brasil, por sua vez, ocupa uma posição de relevância como o quarto maior produtor e exportador mundial desse tipo de carne. A suinocultura brasileira está concentrada principalmente nas regiões Sul e Sudeste, com os estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul sendo os maiores responsáveis pela produção. Essa concentração regional reflete a adaptação da suinocultura às condições climáticas e de manejo específicas dessas áreas. Globalmente, a indústria suína é caracterizada por um alto nível de tecnificação, com investimentos contínuos em áreas como genética, nutrição e manejo, visando aumentar a eficiência produtiva e melhorar a qualidade do produto. A inovação tecnológica e a gestão avançada são essenciais para atender à crescente demanda por carne suína e garantir a competitividade no mercado internacional.
Estrutura Piramidal do Melhoramento Genético de Suínos
- Granjas Produtoras de Reprodutores: Granjas de ciclo completo com legislação sanitária severa. Responsáveis pela produção de machos e fêmeas selecionados e inspecionados, venda de reprodutores jovens e de descarte. Alta rotação de reprodutores comparado com plantéis de leitões para abate.
- Granjas Núcleo (Bisavós): Geram avós de raças puras ou novos produtos. Realizam inspeção zootécnica, testes de granja e análise de índices reprodutivos dos ascendentes. Desenvolvem linhagens genéticas planejadas para cruzamentos nas Granjas Multiplicadoras.
- Granjas Multiplicadoras (Avós): Geram híbridos comerciais (cruza entre raças). Realizam inspeção zootécnica, testes de granja e análise de índices reprodutivos dos ascendentes. Realizam cruzamentos planejados para formar machos e fêmeas híbridas para granjas produtoras de leitões ou de ciclo completo.
Raças de Suínos Industrializados e Suas Características
- Duroc:
- Velocidade de ganho de peso e alta conversão alimentar.
- Grau elevado de marmoreio da carne.
- Limitação quanto à produção de leite e habilidade materna (fêmeas).
- Landrace:
- Gene Halotano praticamente erradicado.
- Excelente prolificidade e habilidade materna.
- Conformação ideal para produção de carne magra.
- Large White:
- Gene Halotano ausente.
- Precocidade sexual.
- Alto rendimento de carcaça.
- Pietran:
- Grande musculosidade.
- Baixa espessura de toucinho.
- Gene Halotano presente.
Sistemas de Produção de Suínos Existentes
- Sistema Extensivo:
- Animais mais rústicos.
- Alimentação inadequada.
- Sem controle sanitário.
- Não há preocupação ou objetivo econômico, sendo que a atividade passa a ser extrativista, ou no máximo, de subsistência.
- Sistema Intensivo Confinado Tradicional:
- Alta concentração de animais.
- Prédios menos especializados (sem creche, gestação coletiva).
- Genética variável.
- Nível sanitário adequado.
- Sistema Intensivo Confinado de Alta Tecnologia:
- Sítios múltiplos especializados.
- Altos níveis de nutrição e manejo.
- Alto custo e produtividade.
- Alto nível sanitário.
- Sistema Intensivo Confinado sobre Cama:
- Creche, crescimento e terminação em galpão semelhante ao de frangos de corte.
- Menor impacto ambiental.
- Mais gasto energético.
- Ganho de peso semelhante.
- Sistema de Criação de Suínos ao Ar Livre (SISCAL):
- Desempenho técnico satisfatório.
- Baixo custo de implantação.
- Manutenção da produção em decorrência do número reduzido de edificações.
- Redução no uso de medicamentos.
Manejo de Fêmeas Suínas (Porcas): Aspectos Essenciais
- Cuidados com o ambiente onde os animais serão alojados.
- Transferência e a adaptação das fêmeas na instalação. Recomenda-se levar as porcas para a maternidade de 5 a 7 dias antes da data prevista para o parto.
- As fêmeas transferidas devem ser lavadas com água e sabão, dando atenção à região posterior e ao aparelho locomotor e mamário.
- Desinfecção e vazio sanitário das instalações antes da entrada de qualquer animal do lote subsequente.
Síndrome MMA em Suínos: Causas, Sintomas e Tratamento
A Síndrome MMA (Mastite, Metrite e Agalaxia) é uma enfermidade complexa que afeta principalmente fêmeas suínas, logo após o parto, e é uma das principais causas de perdas na suinocultura devido à redução na produção de leite e consequente impacto na sobrevivência e crescimento dos leitões. A síndrome é caracterizada pela combinação de mastite (infecção das glândulas mamárias), metrite (infecção do útero) e agalaxia (falta ou redução na produção de leite), geralmente desencadeada por infecções bacterianas, manejo inadequado, estresse e problemas nutricionais.
- Mastite: Inchaço, calor, dor nas glândulas mamárias, com o leite podendo apresentar coloração anormal e presença de grumos.
- Metrite: Corrimento vaginal anormal, febre, depressão e inapetência, frequentemente acompanhados por infecções uterinas.
- Agalaxia: Produção insuficiente de leite, resultando em leitões famintos, que choram constantemente e têm baixo ganho de peso.
O tratamento da Síndrome MMA envolve o uso de antibióticos para combater as infecções bacterianas, anti-inflamatórios para reduzir a inflamação e analgésicos para aliviar a dor. A administração de ocitocina é frequentemente indicada para estimular a produção de leite e a liberação de secreções acumuladas nas glândulas mamárias. Hidratação adequada e a melhoria do manejo, como a limpeza adequada do ambiente, a alimentação balanceada da matriz, e a redução do estresse no pós-parto, são fundamentais para a recuperação e prevenção da doença. Em casos severos, a intervenção precoce é essencial para evitar complicações mais graves que possam comprometer a vida da matriz e dos leitões.
Manejo de Leitões na Maternidade: Cuidados Essenciais
- A primeira mamada é fundamental para que o leitão ingira o colostro e garanta imunidade, já que a placenta suína não permite a transferência de anticorpos para os fetos.
- Garantir que a ingestão de colostro ocorra uniformemente entre todos os leitões, com o acompanhamento da mamada, e também que os filhotes ingiram a maior quantidade possível nas primeiras 6 horas de vida.
- O treinamento para o uso de escamoteador com aquecimento adequado e luminosidade, onde o leitão se sinta confortável para passar a maior parte do tempo em que não estiver se alimentando.
- Corte do último terço da cauda para prevenção ao canibalismo nas fases de crescimento e o desgaste dos dentes a fim de evitar lesões no aparelho mamário da fêmea e nos demais leitões.
Sinais de Cio em Fêmeas Suínas
- Edema e hiperemia da vulva.
- Orelhas eretas.
- Reflexo de tolerância ao homem na presença do cachaço (a fêmea fica completamente parada na presença do macho adulto).
- Vulva intumescida e avermelhada.
- Corrimento vaginal.
- Micção frequente.
Protocolos de Inseminação Artificial em Suínos
- Colocar o macho na frente das fêmeas que serão inseminadas.
- Fazer a limpeza a seco da vulva com papel toalha.
- Lubrificar a pipeta com gel ou algumas gotas de sêmen.
- Abrir os lábios vulvares e passar a pipeta.
- Realizar a inserção da pipeta no cérvix.
Desafios dos Leitões na Fase de Creche
- Formação de nova divisão social e hierarquia com um grupo de leitões estranhos, o que resulta em brigas e lesões.
- Estresse da transferência para a creche.
- Diferença de ambientes de alojamento (tamanho do grupo, temperatura, etc.).
- Mudança na dieta (agora seca) e no seu fornecimento.
Manejo Sanitário de Suínos: Características Essenciais
- Piso ripado ou parcialmente ripado.
- Cama sobreposta.
- Lâmina d’água.
Tratamento de Dejetos na Suinocultura: Alternativas
- Processo Físico: Consiste na separação de fases (sedimentação, centrifugação e peneiração), seguido de filtração ou separação química, desidratação dos dejetos e incineração.
- Processo Químico: Tem como princípio a adição de coagulantes ou floculantes químicos aos dejetos para promover a separação dos líquidos e sólidos.
- Tratamento Biológico: É um processo natural, aeróbico ou anaeróbico.
Manejo Pré-Abate de Suínos: Pontos Cruciais
- Transporte: Com maior interação homem-animal, podendo gerar mais estresse e afetar a qualidade da carne.
- Jejum Alimentar: Que varia de 12 a 15 horas antes do abate.
- Manejo com Calma: Devido à facilidade com que os suínos se cansam e ficam impossibilitados de se deslocar ao caminhão.
Comportamento Equino: Vida Livre vs. Baias
- Vida Livre: Os animais criados nesse modo de produção desfrutam da liberdade de se movimentar como quiserem, podendo percorrer longas distâncias, contribuindo, assim, para a manutenção da sua saúde. Também, observa-se mais interações sociais, o que é fundamental para o estabelecimento de hierarquias e comunicação com outros membros do grupo. Eles contam com alimentação contínua e em livre demanda, variando entre diferentes tipos de gramíneas, folhas e outros vegetais.
- Mantidos em Baias: Os cavalos têm espaço limitado, o que restringe drasticamente a atividade física, sendo a maior parte do seu tempo gasta em repouso ou atividades estereotipadas. A interação social desses animais é limitada a outros equinos em baias adjacentes ou durante atividades, o que pode levar ao isolamento e comportamentos agressivos. A alimentação geralmente é restrita a horários específicos e rações pré-determinadas, o que pode não atender às necessidades nutricionais.
Categorias de Pelagens dos Equinos
- Simples: Cor única e uniforme (podendo apresentar crina, cauda e extremidades pretas).
- Compostas: Com mais de uma cor mescladas.
- Conjugadas: Com mais de uma cor, sendo uma em cada parte do corpo.
Pelagem Simples em Equinos: Características e Exemplos
Pelos e crinas de uma só cor e uniformidade de coloração por todo o corpo (incluindo membros).
- Exemplos: Preta e Alazã.
Pelagem Composta em Equinos: Características e Exemplos
Interpolação de duas ou três cores diferentes.
- Exemplos: Tordilha (interpolação de pelos brancos em todo o corpo do animal) e Rosilha (interpolação de pelos brancos com vermelhos).
Pelagem Conjugada em Equinos: Características e Exemplos
Malhas brancas despigmentadas em qualquer outra pelagem.
- Exemplos: Pampa e Appaloosa.
Importância das Marcas e Cores na Equinocultura
As marcas e cores dos cavalos são muito mais do que apenas detalhes estéticos. Elas são como "carteiras de identidade" para cada animal, servindo para:
- Identificar: Cada cavalo possui marcas únicas, como pintas ou manchas, que ajudam a diferenciá-lo dos outros.
- Registrar: Essas marcas são registradas em documentos oficiais, criando um histórico do animal e de sua família, importante para saber a origem e as características de cada cavalo.
- Valorizar: Algumas raças ou tipos de pelagem são mais valorizados, como os cavalos árabes tordilhos ou os Appaloosas com suas manchas, influenciando o preço de venda do animal.
- Preservar: Marcas e cores raras ajudam a manter a diversidade genética dos cavalos, evitando que características únicas se percam.
- Cultural: Muitas culturas atribuem significados especiais a determinadas cores e marcas, o que confere um valor cultural e histórico aos cavalos.
Instalações para Equinos em Vida Livre: Aspectos
- Extensão: Disponibilidade de terreno para que os animais possam se movimentar livremente, e a diversidade de tipos de área (vegetação, cursos d’água, etc.) é fundamental para atender às necessidades comportamentais e fisiológicas.
- Recursos Naturais: Disponibilidade de água, alimentos e abrigo natural são essenciais.
- Segurança e Bem-Estar: Em alguns casos, pode ser necessário isolar os animais de outras espécies ou de atividades que podem causar estresse, assim como a importância de monitoramento regular.
Instalações para Equinos em Baias: Aspectos Essenciais
- Espaço: A baia deve ser grande o suficiente para que o animal possa se deitar, levantar e dar alguns passos. As paredes devem ser lisas e fáceis de limpar, e o piso antiderrapante e confortável.
- Equipamentos: Bebedouro de fácil acesso e higienizado. Cocho resistente e de fácil limpeza e cama confortável (palha de arroz, serragem ou outros materiais absorventes).
- Iluminação e Ventilação: A baia deve ter janelas ou aberturas que permitam a entrada de luz natural e para garantir uma boa circulação de ar para evitar formação de amônia e umidade excessiva.
Sistema de Acasalamento em Equinos: Desvantagens
- Não se sabe a data correta da cobertura.
- Risco de acidentes.
- Exaustão do garanhão.
Puerpério e Cuidados com Potros: Aspectos Cruciais
- A égua deve limpar o potro, comer a placenta e romper o cordão umbilical ao se levantar.
- O ambiente deve estar tranquilo e ao ar livre, ficando apenas a égua e o potro nos primeiros dias.
- O potro deve ingerir o colostro em até 2 horas após o parto.
- Secar o potro massageando e limpando as narinas de secreções e mucosidades.
Manejo do Potro Rejeitado: Primeiros Cuidados
- Secar com uma toalha para estimular a respiração, retirando líquidos das vias aéreas e limpando as narinas.
- Oferecer leite e o sucedâneo comercial ou caseiro.
Produção de Carne Equina no Brasil: Panorama Geral
- Pequena Relevância do Consumo Interno: Ao contrário de países como a França e a Itália, onde a carne equina é apreciada, no Brasil o consumo interno é de pequena relevância.
- Exportação: No Brasil, a maior parte da produção é destinada à exportação. A carne brasileira é reconhecida pela sua qualidade e atende a um mercado específico.
- Qualidade: A carne equina é considerada uma carne nobre, com alto valor proteico e baixo teor de gordura. No entanto, isso depende de fatores como a raça do animal, idade, alimentação, etc.
- Regulamentação: A produção no Brasil é regulamentada por leis específicas, as quais estabelecem padrões de qualidade e higiene, garantindo a segurança alimentar.
- Bem-Estar Animal: A crescente preocupação com o bem-estar levou a melhorias nas práticas de manejo e abate de equinos.