Guia Essencial de Argumentação e Falácias Lógicas
Classificado em Filosofia e Ética
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Estrutura do Discurso Argumentativo
A estrutura do discurso argumentativo é composta por três partes essenciais:
- Introdução: Deve ser o mais breve possível, apresentando sumariamente a tese que se irá defender e procurando captar a adesão do auditório.
- Desenvolvimento: Consiste na apresentação dos argumentos favoráveis à tese, bem como dos argumentos que servem para combater teses opostas, do modo mais claro possível.
- Conclusão: Deve apresentar uma síntese que permita confirmar a relevância da tese.
Distinção entre Generalização e Previsão
A lógica argumentativa distingue entre dois tipos de raciocínio indutivo:
- A generalização consiste num argumento cuja conclusão é mais geral do que as premissas. Uma generalização só é válida se cumprir dois requisitos:
- Partir de casos particulares representativos.
- Não existirem contraexemplos.
- A previsão pode ser definida como o argumento que, baseando-se em casos passados, antevê casos não observados, presentes ou futuros. A sua validade está dependente da probabilidade de a conclusão corresponder à realidade.
Argumentos por Analogia
O argumento por analogia consiste em partir de certas semelhanças ou relações entre dois objetos ou duas realidades e em encontrar novas semelhanças ou relações. Baseia-se na comparação que se estabelece entre as realidades, supondo semelhanças novas a partir das já conhecidas.
Exemplo: Equipa de futebol = administração americana. Treinador = presidente da América.
O argumento só é válido se as semelhanças forem mais relevantes que as diferenças; caso contrário, será um argumento inválido.
Argumento de Autoridade
O argumento de autoridade apoia-se na opinião de um especialista para fazer valer a sua conclusão. Para o argumento ser válido, deve cumprir quatro requisitos:
- O especialista usado deve ser perito no tema em questão.
- Não pode existir controvérsia entre os especialistas do tema em questão.
- O especialista invocado não pode ter interesses pessoais no tema em causa.
- O argumento não pode ser mais fraco do que outro argumento contrário.
Exemplo: Einstein disse E=mc², logo E=mc².
Falácias Informais
As falácias informais são argumentos inválidos, aparentemente válidos, mas cuja invalidade não resulta de uma deficiência formal, antes decorre do conteúdo do argumento, da sua matéria ou da linguagem natural usada. Existem vários tipos:
- Falácia da Petição de Princípio: A conclusão é usada como premissa, encontrando-se muitas vezes disfarçada com palavras de significado idêntico às que aparecem na conclusão propriamente dita. (Argumento Circular)
- Falácia do Falso Dilema: Consiste em reduzir as opções possíveis a apenas duas, ignorando as restantes alternativas. Exemplo: Ou estás comigo ou contra mim.
- Falácia do Apelo à Ignorância: Ocorre sempre que uma proposição é tida como verdadeira porque não se provou a sua falsidade. Exemplo: A alma é imortal. Ninguém provou que a alma morre no corpo.
- Falácia Ad Hominem: Em vez de se atacar a tese de alguém, ataca-se a pessoa que a defende. O objetivo é desviar as atenções do que está em causa. Exemplo: A tua tese não tem qualquer valor porque és um ex-presidiário.
- Falácia da Bola de Neve: Sempre que alguém, para refutar uma tese, apresenta pelo menos uma premissa falsa e uma série de consequências progressivamente inaceitáveis.
- Falácia do Espantalho: Ocorre sempre que o orador ataca ou refuta uma versão mais fraca e deturpada do argumento do opositor para que seja mais fácil rebater a tese oposta.
- Falácia da Causa Falsa: É a falácia que surge sempre que se toma como causa de algo aquilo que é apenas um antecedente.
- Falácia do Apelo à Força: Consiste em obrigar alguém a admitir uma opinião, recorrendo à força ou ameaça.
- Falácia do Apelo à Misericórdia: Ocorre quando se apela ao sentimento de piedade ou de compaixão para se conseguir que uma determinada conclusão seja aceite.