Guia Essencial: Centro Cirúrgico e Enfermagem Perioperatória
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O Período Perioperatório e a Enfermagem
O centro cirúrgico (CC) é um ambiente complexo, que envolve grandes custos e onde a enfermagem perioperatória desempenha um papel fundamental. O histórico da cirurgia evoluiu desde os “cirurgiões barbeiros” até as modernas cirurgias com anestesia.
Períodos Cirúrgicos
- Pré-operatório: Preparação física e emocional do paciente, jejum e exames médicos.
- Transoperatório: Monitoramento contínuo durante a cirurgia.
- Pós-operatório: Cuidados para cicatrização e prevenção de complicações.
Exames Complementares no Período Perioperatório
No período perioperatório, os exames complementares geralmente incluem:
- Exames laboratoriais: Hemograma completo, eletrólitos, função renal, coagulação (PT, aPTT), glicemia, tipo sanguíneo e cruzamento.
- Exames de imagem: Radiografias, ultrassonografias, tomografias, ressonâncias magnéticas, dependendo da condição do paciente.
- Eletrocardiograma (ECG): Para avaliar a função cardíaca, especialmente em pacientes com histórico de doenças cardiovasculares.
- Avaliações adicionais: Testes de função pulmonar, se indicado, especialmente em pacientes com comorbidades respiratórias.
Papel do Enfermeiro no Período Perioperatório
- Avaliação do paciente: Coletar informações sobre a história clínica, alergias, medicações em uso e estado de saúde geral.
- Educação do paciente: Explicar o procedimento cirúrgico, cuidados pré e pós-operatórios e responder a dúvidas.
- Preparação do paciente: Auxiliar na preparação física e emocional, incluindo a realização de jejum, administração de medicamentos pré-operatórios e verificação de exames.
- Monitoramento: Observar sinais vitais e identificar possíveis complicações durante a fase pré-operatória.
- Assistência na sala de cirurgia: Apoiar a equipe cirúrgica e garantir que o ambiente esteja adequado e os materiais necessários estejam disponíveis.
Arquitetura e Planta Física do Centro Cirúrgico
O Centro Cirúrgico (CC) é uma área complexa que deve garantir condições assépticas ideais para procedimentos anestésico-cirúrgicos, priorizando a segurança do paciente e o conforto da equipe, em conformidade com as normas da RDC.
Divisão das Áreas do Centro Cirúrgico
O CC é dividido em três áreas:
- Irrestrita: Livre circulação (ex: sala de espera).
- Semirrestrita: Acesso controlado com roupas adequadas (ex: recepção de pacientes).
- Restrita: Sala cirúrgica estéril.
Características Arquitetônicas do Centro Cirúrgico
Recomendações para arquitetura e planta física do Centro Cirúrgico de acordo com as normas técnicas:
- Materiais: As superfícies (paredes, tetos e pisos) devem ser feitas de materiais que suportem limpeza terminal, sendo o piso resistente, não poroso e sem frestas.
- Cores e Texturas: Paredes devem ter cores neutras e foscas para evitar reflexos, fadiga visual e estímulos nervosos.
- Cantos e Ralos: Cantos arredondados para facilitar a limpeza; ralos são proibidos.
- Janelas: Uso controverso, devem ser consideradas com cautela.
- Portas: Devem ser de correr para minimizar a contaminação e permitir visibilidade externa nas salas de operação, evitando o uso de portas de vai-e-vem que aumentam o risco de contaminação.
Bioengenharia no Centro Cirúrgico
- Iluminação: Lâmpadas embutidas e de fácil manutenção no teto, com foco central que facilite a visualização anatômica e com intensidade ajustável, produzindo pouca sombra e aquecimento mínimo.
- Ventilação: Sistema de ar-condicionado com filtros HEPA, controle de temperatura (20-24°C) e umidade (50-60%), além de remoção de gases anestésicos e partículas em suspensão.
- Entradas e Saídas de Ar: Entradas localizadas altas e saídas baixas para fluxo unidirecional do ar.
- Instalações Elétricas: Circuitos elétricos separados para diferentes usos, tomadas a 1,5 m do chão para evitar riscos de explosão e quedas.
- Instalações Fluido-Mecânicas: Gases medicinais (oxigênio, óxido nitroso, ar comprimido) e vácuo devem ser instalados em régua suspensa no teto.
- Sistema de Emergência: Gerador próprio para manter energia em caso de falha, com ativação automática em até 0,5 segundos.
Comunicação e Segurança no Centro Cirúrgico
- Comunicação: Sistema de interfones e sinais luminosos nas salas de operação, e recomendação de circuito interno de TV para monitoramento e comunicação.
- Sinalização de Emergência: Rotas de fuga claramente sinalizadas e conhecidas pela equipe.
Funcionamento, Gestão de Pessoas e Fluxo do Paciente no CC
O bom funcionamento do CC depende da coordenação entre cirurgiões, anestesiologistas e equipe de enfermagem. Cada profissional tem atribuições claras:
- Cirurgião Titular: Lidera a equipe cirúrgica.
- Cirurgião Assistente: Auxilia o titular durante o pré-operatório e a cirurgia.
- Anestesiologista: Monitora o paciente durante todo o procedimento.
- Instrumentador: Organiza os instrumentos cirúrgicos.
- Enfermeiro Coordenador: Gerencia a equipe de enfermagem.
- Enfermeiro Assistencial: Supervisiona a equipe de enfermagem.
- Circulante de Sala: Providencia materiais e equipamentos necessários.
Quadro Mínimo de Enfermagem no Centro Cirúrgico
- Porte 1: Cirurgias de até 2 horas - 1,4 horas de enfermagem.
- Porte 2: Cirurgias entre 2 e 4 horas - 2,9 horas de enfermagem.
- Porte 3: Cirurgias entre 4 e 6 horas - 4,9 horas de enfermagem.
- Porte 4: Cirurgias com mais de 6 horas - 8,4 horas de enfermagem.
Classificações Cirúrgicas
Classificação por Momento Operatório
- Emergência: Necessita de intervenção imediata (ex: hemorragias).
- Urgência: Pode esperar algumas horas (ex: abdome agudo).
- Eletivas: Podem ser agendadas (ex: remoção de varizes).
- Optativas: Realizadas por escolha do paciente (ex: cirurgias estéticas).
Classificação por Finalidade
- Paliativa: Melhora da qualidade de vida.
- Radical: Retirada de órgãos.
- Plástica: Corretiva ou estética.
- Diagnóstica: Para diagnóstico (ex: biópsia).
Classificação por Risco Cardiológico
- Pequeno: Até 2 bolsas de sangue.
- Médio: 2 a 4 bolsas de sangue.
- Grande: 4 a 6 bolsas de sangue.
Classificação por Duração (Porte Cirúrgico)
- Porte I: Até 2 horas.
- Porte II: 2 a 4 horas.
- Porte III: 4 a 6 horas.
- Porte IV: Mais de 6 horas.
Classificação por Potencial de Contaminação
- Limpas: Baixo risco de infecção (ex: neurocirurgias).
- Potencialmente Contaminadas: Moderado risco (ex: histerectomias).
- Contaminadas: Alto risco (ex: apendicectomias).
- Infectadas: Presença de infecção (ex: amputação de pé diabético).