Guia Essencial: Centro Cirúrgico e Enfermagem Perioperatória

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O Período Perioperatório e a Enfermagem

O centro cirúrgico (CC) é um ambiente complexo, que envolve grandes custos e onde a enfermagem perioperatória desempenha um papel fundamental. O histórico da cirurgia evoluiu desde os “cirurgiões barbeiros” até as modernas cirurgias com anestesia.

Períodos Cirúrgicos

  • Pré-operatório: Preparação física e emocional do paciente, jejum e exames médicos.
  • Transoperatório: Monitoramento contínuo durante a cirurgia.
  • Pós-operatório: Cuidados para cicatrização e prevenção de complicações.

Exames Complementares no Período Perioperatório

No período perioperatório, os exames complementares geralmente incluem:

  1. Exames laboratoriais: Hemograma completo, eletrólitos, função renal, coagulação (PT, aPTT), glicemia, tipo sanguíneo e cruzamento.
  2. Exames de imagem: Radiografias, ultrassonografias, tomografias, ressonâncias magnéticas, dependendo da condição do paciente.
  3. Eletrocardiograma (ECG): Para avaliar a função cardíaca, especialmente em pacientes com histórico de doenças cardiovasculares.
  4. Avaliações adicionais: Testes de função pulmonar, se indicado, especialmente em pacientes com comorbidades respiratórias.

Papel do Enfermeiro no Período Perioperatório

  1. Avaliação do paciente: Coletar informações sobre a história clínica, alergias, medicações em uso e estado de saúde geral.
  2. Educação do paciente: Explicar o procedimento cirúrgico, cuidados pré e pós-operatórios e responder a dúvidas.
  3. Preparação do paciente: Auxiliar na preparação física e emocional, incluindo a realização de jejum, administração de medicamentos pré-operatórios e verificação de exames.
  4. Monitoramento: Observar sinais vitais e identificar possíveis complicações durante a fase pré-operatória.
  5. Assistência na sala de cirurgia: Apoiar a equipe cirúrgica e garantir que o ambiente esteja adequado e os materiais necessários estejam disponíveis.

Arquitetura e Planta Física do Centro Cirúrgico

O Centro Cirúrgico (CC) é uma área complexa que deve garantir condições assépticas ideais para procedimentos anestésico-cirúrgicos, priorizando a segurança do paciente e o conforto da equipe, em conformidade com as normas da RDC.

Divisão das Áreas do Centro Cirúrgico

O CC é dividido em três áreas:

  • Irrestrita: Livre circulação (ex: sala de espera).
  • Semirrestrita: Acesso controlado com roupas adequadas (ex: recepção de pacientes).
  • Restrita: Sala cirúrgica estéril.

Características Arquitetônicas do Centro Cirúrgico

Recomendações para arquitetura e planta física do Centro Cirúrgico de acordo com as normas técnicas:

  • Materiais: As superfícies (paredes, tetos e pisos) devem ser feitas de materiais que suportem limpeza terminal, sendo o piso resistente, não poroso e sem frestas.
  • Cores e Texturas: Paredes devem ter cores neutras e foscas para evitar reflexos, fadiga visual e estímulos nervosos.
  • Cantos e Ralos: Cantos arredondados para facilitar a limpeza; ralos são proibidos.
  • Janelas: Uso controverso, devem ser consideradas com cautela.
  • Portas: Devem ser de correr para minimizar a contaminação e permitir visibilidade externa nas salas de operação, evitando o uso de portas de vai-e-vem que aumentam o risco de contaminação.

Bioengenharia no Centro Cirúrgico

  • Iluminação: Lâmpadas embutidas e de fácil manutenção no teto, com foco central que facilite a visualização anatômica e com intensidade ajustável, produzindo pouca sombra e aquecimento mínimo.
  • Ventilação: Sistema de ar-condicionado com filtros HEPA, controle de temperatura (20-24°C) e umidade (50-60%), além de remoção de gases anestésicos e partículas em suspensão.
  • Entradas e Saídas de Ar: Entradas localizadas altas e saídas baixas para fluxo unidirecional do ar.
  • Instalações Elétricas: Circuitos elétricos separados para diferentes usos, tomadas a 1,5 m do chão para evitar riscos de explosão e quedas.
  • Instalações Fluido-Mecânicas: Gases medicinais (oxigênio, óxido nitroso, ar comprimido) e vácuo devem ser instalados em régua suspensa no teto.
  • Sistema de Emergência: Gerador próprio para manter energia em caso de falha, com ativação automática em até 0,5 segundos.

Comunicação e Segurança no Centro Cirúrgico

  • Comunicação: Sistema de interfones e sinais luminosos nas salas de operação, e recomendação de circuito interno de TV para monitoramento e comunicação.
  • Sinalização de Emergência: Rotas de fuga claramente sinalizadas e conhecidas pela equipe.

Funcionamento, Gestão de Pessoas e Fluxo do Paciente no CC

O bom funcionamento do CC depende da coordenação entre cirurgiões, anestesiologistas e equipe de enfermagem. Cada profissional tem atribuições claras:

  • Cirurgião Titular: Lidera a equipe cirúrgica.
  • Cirurgião Assistente: Auxilia o titular durante o pré-operatório e a cirurgia.
  • Anestesiologista: Monitora o paciente durante todo o procedimento.
  • Instrumentador: Organiza os instrumentos cirúrgicos.
  • Enfermeiro Coordenador: Gerencia a equipe de enfermagem.
  • Enfermeiro Assistencial: Supervisiona a equipe de enfermagem.
  • Circulante de Sala: Providencia materiais e equipamentos necessários.

Quadro Mínimo de Enfermagem no Centro Cirúrgico

  • Porte 1: Cirurgias de até 2 horas - 1,4 horas de enfermagem.
  • Porte 2: Cirurgias entre 2 e 4 horas - 2,9 horas de enfermagem.
  • Porte 3: Cirurgias entre 4 e 6 horas - 4,9 horas de enfermagem.
  • Porte 4: Cirurgias com mais de 6 horas - 8,4 horas de enfermagem.

Classificações Cirúrgicas

Classificação por Momento Operatório

  • Emergência: Necessita de intervenção imediata (ex: hemorragias).
  • Urgência: Pode esperar algumas horas (ex: abdome agudo).
  • Eletivas: Podem ser agendadas (ex: remoção de varizes).
  • Optativas: Realizadas por escolha do paciente (ex: cirurgias estéticas).

Classificação por Finalidade

  • Paliativa: Melhora da qualidade de vida.
  • Radical: Retirada de órgãos.
  • Plástica: Corretiva ou estética.
  • Diagnóstica: Para diagnóstico (ex: biópsia).

Classificação por Risco Cardiológico

  • Pequeno: Até 2 bolsas de sangue.
  • Médio: 2 a 4 bolsas de sangue.
  • Grande: 4 a 6 bolsas de sangue.

Classificação por Duração (Porte Cirúrgico)

  • Porte I: Até 2 horas.
  • Porte II: 2 a 4 horas.
  • Porte III: 4 a 6 horas.
  • Porte IV: Mais de 6 horas.

Classificação por Potencial de Contaminação

  • Limpas: Baixo risco de infecção (ex: neurocirurgias).
  • Potencialmente Contaminadas: Moderado risco (ex: histerectomias).
  • Contaminadas: Alto risco (ex: apendicectomias).
  • Infectadas: Presença de infecção (ex: amputação de pé diabético).

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