Guia Essencial do Cinema Documental: História e Tipos
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Diferença entre Reportagem e Documentário
Na reportagem, existe um conjunto de procedimentos que devem ser aplicados, independentemente do tema; no documentário, é o tema que deverá determinar a forma.
Ficção vs. Documentário: Uma Linha Ténue
Para além das interferências entre ficção e documentário, em especial no que diz respeito aos recursos utilizados, é possível assumir que todo e qualquer filme pode ser entendido como uma ficção, uma vez que nenhum filme pode substituir, efetivamente, a experiência vivida de um acontecimento. E, de igual modo, todo e qualquer filme pode ser entendido como um documentário, uma vez que é sempre cultural, política, social e/ou historicamente datado.
A Origem e Definição do Documentário
Os inícios do cinema, ou seja, os filmes dos irmãos Lumière, marcam também o início do documentário.
Assim, e de forma resumida, é o registo in loco que encontramos nos primórdios do cinema que se constitui como princípio identificador do documentário. Este princípio será mantido pelo género, independentemente das inovações estéticas da sua evolução histórica.
Com estes filmes e autores, ficaram definidas as características essenciais do documentário:
- Realidade Externa: É absolutamente essencial que as imagens do filme digam respeito ao que tem existência fora dele. Esta é a sua principal característica.
- Organização em Estúdio: A segunda característica é a organização das imagens obtidas in loco. Este material pode ser interligado com outros recursos, como imagens de arquivo, legendas e sons. Este trabalho de edição exige que o filme ultrapasse uma mera descrição ou uma sucessão de imagens sem propósito aparente.
O Movimento Documentarista Britânico e John Grierson
A afirmação do documentário passa, necessariamente, pelo seu reconhecimento enquanto género. Isso aconteceu nos anos 30, com o movimento documentarista britânico.
O aparecimento e a utilização dos termos “documentário” e “documentarista”, bem como a efetiva afirmação e desenvolvimento de uma produção de documentários por profissionais, ligam-se inegavelmente a esse movimento e à sua figura mais emblemática: o escocês John Grierson (1898-1977). Com Grierson e a sua escola, o documentário ganhou autonomia e assumiu uma identidade própria.
Na edição de 8 de fevereiro de 1926 do jornal The New York Sun, John Grierson publicou um texto sobre o filme Moana (1926), de Robert Flaherty, intitulado "Flaherty's Poetic Moana". Foi neste texto que, pela primeira vez, usou o termo “documentário”.
Tipos e Modos de Documentário
Ficção de Hollywood (década de 1910)
Descrição: Narrativas ficcionais de mundos imaginários.
Crítica: Ausência de "realidade".Documentário Poético (década de 1920)
Descrição: Reorganiza fragmentos do mundo de forma poética.
Crítica: Falta de especificidade, demasiado abstrato.Documentário Expositivo (década de 1920)
Descrição: Aborda diretamente questões do mundo histórico.
Crítica: Excessivamente didático.Documentário de Observação (década de 1960)
Descrição: Evita comentários e reconstituições; observa os acontecimentos à medida que ocorrem.
Crítica: Falta de história e contexto.Documentário Participativo (década de 1960)
Descrição: Entrevista ou interage com os sujeitos; utiliza filmes de arquivo para resgatar a história.
Crítica: Fé excessiva nas testemunhas, abordagem histórica ingénua, demasiado intrusivo.Documentário Reflexivo (década de 1980)
Descrição: Questiona a forma documental, desfamiliarizando os outros modos.
Crítica: Demasiado abstrato, perde de vista as questões reais.Documentário Performativo (década de 1980)
Descrição: Enfatiza os aspetos subjetivos de um discurso classicamente objetivo.
Crítica: A perda de ênfase na objetividade pode relegar tais filmes para a vanguarda; uso "excessivo" de estilo.