Guia Essencial de Fitopatologia: Doenças e Controle

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Sintomas de Doenças em Plantas

Sintomas: conjunto de alterações morfológicas ou fisiológicas no hospedeiro que exteriorizam a doença. Exemplos incluem sementes manchadas, falha na germinação, tombamento de mudas, canela preta e seca de ramos.

Sinais de Doenças em Plantas

Sinais: estrutura do microrganismo presente no tecido doente, ou seja, o próprio patógeno ou uma de suas estruturas. Exemplos: pus bacteriano, frutificação de fungos, micélio.

Definição de Doença

Doença: tem um processo evolutivo.

Injúria em Plantas

Injúria: não tem aumento. Exemplo: se a lagarta está comendo a folha e ela é retirada, a folha permanece do jeito que a lagarta deixou.

Microrganismos Fitopatogênicos

Microrganismos que causam doenças em plantas: decompositores, simbiontes, saprófitas, parasitas e parasitas obrigatórios.

Parasitismo em Fitopatologia

Parasitismo: o termo é empregado para designar uma relação nutricional entre dois seres vivos, onde um dos componentes, o parasita, obtém seu alimento a partir do outro componente, o hospedeiro.

Mutualismo

Mutualismo: a interação parasita/hospedeiro resulta em benefício mútuo para ambos.

Comensalismo

Comensalismo: a interação é favorável e apenas um de seus componentes, geralmente o parasita, se beneficia do hospedeiro, sem prejudicá-lo.

Doença: Interação Prejudicial ao Hospedeiro

Doença: interação em que o hospedeiro é prejudicado.

Dano Potencial em Plantas

Dano Potencial: é o dano que pode ocorrer na ausência de medidas de controle. Exemplo: Hemileia vastatrix destruiu completamente a cafeicultura do Ceilão. Não havia fungicidas nesta época.

  • Visão Retrospectiva

    Forma de avaliar o dano potencial.

  • Visão Preditiva

    Prevê o que poderia acontecer em uma região onde ainda não há ocorrência de um determinado patógeno.

Dano Real: Direto e Indireto

Dano Real: Dano que já ocorreu ou que ainda está ocorrendo. Divide-se em dois grupos: dano direto e dano indireto.

Dano Direto

Incide na quantidade ou qualidade do produto ou, ainda, na capacidade futura de produção.

Danos Primários (Pré e Pós-Colheita)

  • Danos de pré e pós-colheita de produtos vegetais devidos às doenças de plantas.
  • Eles ocorrem desde a estocagem das sementes, passando pela germinação, crescimento da planta, colheita, manuseio e estocagem do produto colhido.
  • A sequência termina, como já mencionado, com o transporte, comércio atacadista, varejista e cozinhado pelo consumidor.
  • Estes danos podem ser produto, fatores que têm importância variável dependendo do tipo de produto e do poder de compra dos consumidores.

Danos Indiretos

  • Compreendem os efeitos econômicos e sociais das doenças de plantas que estão além do impacto agronômico imediato.
  • Ao nível do produtor e da comunidade rural, danos na produção geralmente levam a perdas econômicas, que podem levar ao endividamento e, mesmo, ao abandono da atividade produtiva.
  • Na América Central, muitas plantações de banana exploradas por pequenos produtores foram abandonadas quando Fusarium oxysporum f. sp. cubense (mal do Panamá) tornou-se estabelecido na região.
  • Há também a perda do capital espiritual, este expresso na esperança e na crença de que o progresso pode melhorar o padrão de vida de pessoas e comunidades.
  • A perda do capital espiritual é extremamente grave quando a comunidade está iniciando a luta para deixar a pobreza.

Classificação de Doenças (McNew)

Processos Fisiológicos Vitais de uma Planta em Ordem Cronológica:

  1. Acúmulo de nutrientes em órgãos de armazenamento para o desenvolvimento de tecidos embrionários.
  2. Desenvolvimento de tecidos jovens às custas dos nutrientes armazenados.
  3. Absorção de água e minerais a partir do substrato.
  4. Transporte de água e nutrientes através do sistema vascular.
  5. Fotossíntese.
  6. Utilização, pela planta, das substâncias fotossintetizadas.

Grupos de Doenças (McNew):

  • Grupo I: Podridão em Órgão de Reserva
  • Grupo II: “Damping off” (Danos em Plântulas)
  • Grupo III: Podridões de Raízes
  • Grupo IV: Murchas Vasculares
  • Grupo V: Manchas, Ferrugens, Oídios e Míldios
  • Grupo VI: Carvões, Galhas, Viroses

Definições Essenciais em Fitopatologia

  • Inóculo

    Por inóculo entende-se a estrutura do patógeno capaz de causar infecção. Estão consideradas nesta definição tanto as estruturas reprodutivas como as estruturas vegetativas do patógeno que podem infectar o hospedeiro.

  • Fonte de Inóculo

    A fonte de inóculo representa o local onde é produzido, ou o local onde ele se encontra, antes da infecção.

  • Inóculo Primário

    O inóculo primário é o inóculo responsável pelo início do ciclo primário das relações patógeno-hospedeiro, ou seja, é o inóculo que inicia o processo da doença em cada ciclo da cultura.

  • Inóculo Secundário

    O inóculo secundário é o inóculo responsável pelos ciclos secundários da doença, ou seja, é o inóculo produzido sobre o hospedeiro.

Estratégias de Sobrevivência de Patógenos

Estratégias de Sobrevivência: Estruturas especializadas de resistência, atividades saprofíticas, plantas hospedeiras e vetores.

Colonização

A Colonização é influenciada principalmente pela temperatura.

Período Latente

Período Latente: período em dias desde a inoculação até o aparecimento das pústulas ou lesões com esporos.

Período Infeccioso

Período Infeccioso: do início ao fim da esporulação.

Esporulação

A Esporulação: a produção de esporóforos e de esporos é influenciada principalmente pela temperatura, umidade relativa e radiação solar.

Disseminação de Patógenos: Liberação e Dispersão

Disseminação Passiva

Gravidade, vento, chuva, etc.

Disseminação Ativa

Pressão osmótica, secreção do hilo.

Fitopatologia: Conceitos Fundamentais (Prova 1)

  • (F) Os fungos possuem membrana nuclear, portanto são organismos eucarióticos.
  • (F) Embora os fungos necessitem de um hospedeiro, são heterótrofos.
  • (F) Os deuteromicetos apresentam micélio septado.
  • (F) Os ascósporos são esporos sexuais, produzidos em ascomas ou ascocarpos.
  • (V) Os deuteromicetos podem apresentar conidióforos livres ou soldados uns aos outros, ou em corpos de frutificação com acérvulos e picnídios.
  • (V) No gênero Puccinia estão os agentes causais de ferrugens em cereais.
  • (F) Os nematoides do gênero Meloidogyne apresentam fêmeas globosas que se tornam marrons e cheias de ovos.
  • (F) No gênero Heterodera estão os nematoides formadores de cistos nas raízes.
  • (F) Na maioria das espécies de nematoides do gênero Meloidogyne o macho não tem papel na reprodução em função da partenogênese.

Sintomas de Doenças Causadas por Nematoides

  • No Sistema Radicular

    Presença de galhas, lesões internas de colorações escuras e cistos.

  • Na Parte Aérea da Planta

    Nanismo e crescimento retardado da planta, necrose, descoloração, manchas e enrolamento de folhas, morte dos ponteiros, galhas nas folhas e sementes.

  • Em Partes Subterrâneas das Plantas

    Ramificação intensa das raízes, formação de galhas e deformidade de tubérculos.

Sintomas de Doenças Causadas por Vírus

Sintomas Morfológicos

  • Desvios de Cor

    Diminuição na concentração de metabólitos essenciais da célula, sendo a clorofila o mais evidente.

  • Amarelecimento

    Diminuição da concentração de clorofila, acompanhado do aumento da concentração de outros pigmentos como xantofilas e carotenoides.

  • Bronzeamento

    Aumento da concentração de pigmentos semelhantes à melanina.

  • Clorose de Nervuras

    Decorrente da multiplicação do vírus nos tecidos associados ao floema.

  • Clorose

    Diminuição da concentração de clorofila e outros pigmentos afins, causada pela destruição ou malformação dos cloroplastos, sem aumentar a concentração de outros pigmentos.

Ciclo de Vida do Nematóide-das-Galhas

O ciclo de vida do nematoide-das-galhas começa com o ovo, que sofre mudanças e forma o juvenil de primeiro estádio, ou J1. O J1 sofre uma ecdise e se torna J2 ainda dentro do ovo. O J2 perfura o ovo com seu estilete e sai migrando em busca de uma raiz para penetrar. Após a penetração, o J2 migra para o tecido vascular e começa a se alimentar. As células aumentam de tamanho (hipertrofia), seus núcleos se dividem sem divisão da parede celular e o metabolismo é acelerado. O J2 se alimenta, engrossa e adquire uma forma alongada (salsicha), tornando-se sedentário. O J2 sofre duas ecdises passando a J3 e J4 (estádios em que não se alimenta) e depois passa a adulto macho ou fêmea. Quando um macho é formado ele readquire a forma alongada, rompe a cutícula que tinha quando era J4 e abandona a raiz. O macho não se alimenta mais; na maioria das espécies de Meloidogyne ele não tem papel, pois a reprodução ocorre por partenogênese. Quando a fêmea é formada, ela continua a engrossar até ficar quase esférica e completa seu amadurecimento, que culmina com a postura de ovos em uma massa gelatinosa do lado de fora de seu corpo. Geralmente, essa massa de ovos fica na superfície da galha e contém cerca de 500 ovos. O ciclo de vida é de 30 dias em média.

Parasitas Obrigatórios

Parasitas Obrigatórios: são aqueles que só podem viver sobre um hospedeiro. Exemplo: Gênero Pythiaceae.

Classificação de Patógenos Comuns

  • Pyricularia – Deuteromiceto
  • Phakopsora – Basidiomiceto
  • Penicillium – Deuteromiceto
  • Tilletia – Basidiomiceto
  • Aspergillus – Deuteromiceto
  • Puccinia – Basidiomiceto
  • Sclerotinia – Ascomiceto
  • Botrytis – Deuteromiceto
  • Pseudomonas e Xanthomonas – Bactérias

Fitopatologia: Conceitos Avançados (Prova 2)

  • Sintoma

    Qualquer manifestação das reações da planta a um agente nocivo.

  • Sinais

    Estruturas dos patógenos exteriorizadas no tecido vegetal.

  • Cancro

    Sintoma caracterizado por lesões necróticas, deprimidas, frequentes nos tecidos de caule, raízes e tubérculos.

  • Crestamento ou Requeima

    Necrose repentina de folhas, flores e brotações.

  • Estria ou Listra

    Lesão alongada, estreita, paralela à nervura das folhas das gramíneas.

  • Podridão

    Esse sintoma aparece quando o tecido necrosado encontra-se em fase adiantada de desintegração.

  • Seca

    Secamento e morte da planta; semelhante ao crestamento, só que ocorre mais lentamente.

  • Albinismo

    Não há produção da clorofila; brancas nas folhas ou em todo o órgão.

  • Clorose

    Perda da cor verde em órgãos clorofilados.

  • Estiolamento

    Ausência de produção de clorofila.

  • Enfezamento ou Nanismo

    Redução no tamanho da planta ou de órgãos (vírus).

  • Bronzeamento

    É a mudança da cor da epiderme que fica bronzeada.

  • Encarquilhamento ou Encrespamento

    Crescimento exagerado de células.

  • Fasciação

    Estado achatado, ramificado e unido de órgãos.

  • Galha

    Desenvolvimento anormal de tecidos de plantas.

  • Superbrotamento

    Representa a ramificação excessiva do caule, ramos ou brotações florais.

Tipos de Parasitas

  • Parasitas Obrigatórios

    Crescem e se multiplicam somente em tecido vivo. Os principais patógenos obrigatórios são vírus, nematoides e alguns fungos como os causadores das ferrugens e oídios. Pelo fato de necessitarem de tecido vivo, eles não matam o hospedeiro rapidamente. Para crescer e multiplicar, retiram os nutrientes de modo a não exaurir o hospedeiro de imediato.

  • Parasitas Não-Obrigatórios

    Podem crescer e se multiplicar na ausência do hospedeiro vivo em restos culturais ou em meios de cultivo artificiais. Bactérias fitopatogênicas e a maioria dos fungos são parasitas não obrigatórios. Estes organismos têm o ciclo de vida dividido em duas fases distintas:

    • Ciclo da Doença (Relação Patógeno-Hospedeiro)

      Sobrevivência, disseminação, infecção e reprodução do patógeno.

    • Disseminação

      Envolve três subprocessos básicos: liberação (remoção do patógeno do local onde foi produzido), dispersão (transporte do patógeno a partir da liberação) e deposição (assentamento sobre uma superfície).

    • Dispersão

      Insetos; Homem; Água e Ar.

    • Infecção

      Uma vez depositados sobre uma planta hospedeira, e sob condições favoráveis de ambiente, os propágulos do patógeno (unidades de dispersão), iniciam uma série de atividades bioquímicas que se traduzem por alterações morfológicas no próprio patógeno. O consumo de energia aumenta e as unidades de dispersão passam a unidades de infecção.

Classificação de Doenças (Revisão)

  • Grupo I

    Doenças que destroem os órgãos de armazenamento: acúmulo de nutrientes em órgãos de armazenamento para o desenvolvimento dos tecidos embrionários.

  • Grupo II

    Doenças que causam danos em plântulas: desenvolvimento de tecidos jovens às custas dos nutrientes armazenados.

  • Grupo III

    Doenças que danificam as raízes: absorção de água e elementos minerais a partir de um substrato.

  • Grupo IV

    Doenças que atacam o sistema vascular: transporte de água e elementos minerais.

  • Grupo V

    Doenças que interferem com a fotossíntese.

  • Grupo VI

    Doenças que alteram o aproveitamento das substâncias: utilização pela planta das substâncias elaboradas através da fotossíntese.

Métodos de Controle de Doenças

  • Controle Cultural

    Rotação de culturas, Eliminação de restos culturais, Incorporação de matéria orgânica, Inundação, Drenagem, Eliminação de plantas vivas doentes, Manejo da densidade de plantas, Poda, Controle de plantas invasoras, Manejo da irrigação, Seleção do local de plantio, Material propagativo sadio, Seleção da época de plantio, Manejo da profundidade de plantio.

  • Controle por Métodos Físicos

    Eliminar patógenos de partes vegetais ou de substrato utilizando: Vapor, Termoterapia, Ar seco, Solarização do solo, Refrigeração, Radiação, Radiação ionizante, Filtração de comprimento de onda.

  • Controle Biológico

    Redução da densidade de inóculo ou das atividades de um patógeno que determinam uma doença, realizada direta ou indiretamente por um ou mais organismos.

  • Fitoalexinas

    Afetam o desenvolvimento dos fungos através da inibição da elongação do tubo germinativo e do crescimento da colônia. São chamadas biocidas pois são nocivas a nematoides, bactérias, vegetais e animais.

Ação do Ambiente no Patógeno

  • Umidade

    A água constitui um fator vital para a germinação de esporos e penetração no hospedeiro.

  • Temperatura

    A influência da temperatura está relacionada com a maior ou menor duração da etapa de germinação de esporos e, consequentemente, de infecção; também exerce influência nos processos de colonização e reprodução. No processo de reprodução, pode alterar tanto a velocidade de produção de esporos como a quantidade.

  • Vento

    Diversos tipos de estruturas reprodutivas fúngicas e células bacterianas podem ser transportados diretamente pelo vento, tanto a curtas como a longas distâncias, dependendo da resistência à dessecação.

  • pH

    Fungos de modo geral são favorecidos por pH ácido enquanto que bactérias causam maiores danos em pH próximo à neutralidade.

  • Luz

    Pode inibir ou estimular a produção de conídios; certos comprimentos de onda estimulam ou não a esporulação.

  • Matéria Orgânica

    Pode servir como substrato para o patógeno ou favorecer o crescimento de um antagonista.

  • Oxigênio

    A insuficiência ou falta é prejudicial aos fungos e bactérias do solo.

Ciclo de Vida dos Fitopatógenos

  1. Dispersão
  2. Inoculação
  3. Germinação (apenas para fungos)
  4. Penetração
  5. Infecção
  6. Colonização
  7. Reprodução
  8. Sobrevivência

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