Guia Essencial: Psicofarmacologia, Declaração de Óbito e Bioética

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Antipsicóticos: Mecanismos, Efeitos e Manejo

Propriedades e Classificação dos Antipsicóticos

  • Antipsicóticos: Antagonistas da dopamina.
  • Propriedades:
    • Redução de delírios (em 7 dias);
    • Redução de alucinações (em 7 dias);
    • Efeito sedativo (imediato);
    • Embotamento afetivo (redução de emoções).
  • Classificação por Potência:
    • Alta potência: Exemplo: Haloperidol (não apresenta risco cardiovascular significativo).
    • Baixa potência: Exemplo: Clorpromazina (menos sedativa e com menos efeitos colaterais neurológicos).

Efeitos Colaterais e Manejo dos Antipsicóticos

  • Efeitos Colaterais:
    • Acatisia (inquietação);
    • Distonia (contração muscular involuntária);
    • Discinesia tardia;
    • Parkinsonismo (tremor, marcha atáxica, devido ao antagonismo dopaminérgico na via nigroestriatal);
    • Convulsões.
  • Compensação para Efeitos Neurológicos: Utilizar Biperideno (Akineton) e Prometazina (Fenergan), que possuem efeito anticolinérgico.

Síndrome Neuroléptica Maligna (SNM)

  • Pode ocorrer em pacientes em uso de antipsicóticos.
  • Sintomas:
    • Aumento brusco da CPK;
    • Hipertermia (pode chegar a 42°C);
    • Rigidez muscular.
  • Tratamento: Bromocriptina.

Antidepressivos: Classes, Ação e Considerações

A inibição da recaptação de neurotransmissores resulta em mais neurotransmissores na fenda sináptica, levando à melhora dos sintomas.

Antidepressivos Tricíclicos (ADT)

  • São os iniciais, geralmente com alta eficácia; baixo custo e eficazes.
  • Exemplos: Imipramina (Tofranil), Nortriptilina (Pamelor), Clomipramina (Anafranil) e Amitriptilina (Tryptanol).
  • Mecanismo de Ação: Bloqueio da recaptação de serotonina, noradrenalina, acetilcolina e histamina.
  • Efeitos Colaterais:
    • Histamina: sedação;
    • Acetilcolina: aumento de peso, boca seca, retenção urinária e constipação.

Inibidores da Monoaminoxidase (IMAO)

  • Restrições Alimentares: Não podem consumir vinhos, queijos, feijão, chocolate e café (alimentos ricos em tiramina, devido à inibição da MAO gástrica).
  • Grande interação medicamentosa.
  • Boa eficácia, mas com alto risco.
  • Exemplo: Tranilcipramina (Parnate).

Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS)

  • São os mais recentes; menor eficácia que os Tricíclicos/IMAO.
  • Exemplos: Fluoxetina (Prozac), Citalopram (Cipramil) e Nefazodona (Sarzone).
  • Efeitos Colaterais:
    • Alguns causam anorgasmia e retardo na ejaculação;
    • Perda de peso (Fluoxetina e Sertralina) - adequar ao paciente.
  • Observação Importante: O quadro só melhora após 15 dias. Tomar cuidado, pois o início do tratamento pode aumentar o apetite, mas não o humor, o paciente pode ganhar energia para o suicídio; se necessário, associar benzodiazepínicos (BZ).

Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (IRSN)

  • São os mais novos.
  • Exemplos: Venlafaxina (Efexor), Mirtazapina (Remeron) e Milnaciprano.
  • Efeitos Colaterais: Ganho de peso (principalmente com Mirtazapina).


Declaração de Óbito (DO): Importância e Preenchimento

A Declaração de Óbito (DO) é o documento-base do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.

Para que Servem os Dados de Óbito?

  • Além de sua função legal, os dados de óbito são essenciais para conhecer as causas de morte e criar ações de melhoria em saúde pública. Portanto, devem ser fidedignos. As estatísticas de mortalidade são produzidas com base na DO emitida pelo médico.

O Papel do Médico na Emissão da DO

  • A emissão da DO é um ato médico, uma obrigação e uma responsabilidade profissional.

Situações para Emissão da Declaração de Óbito

  • A DO deve ser emitida em todos os óbitos e no óbito fetal, se a gestação teve duração igual ou superior a 20 semanas, ou o feto com peso igual ou superior a 500 gramas, ou estatura igual ou superior a 25 centímetros.

Como Preencher as Causas de Morte na DO

Para preencher adequadamente a DO:

  • Declarar a causa básica do óbito em último lugar (Parte I - linha d), estabelecendo uma sequência, de baixo para cima, até a causa terminal ou imediata (Parte I - linha a).
    • Causa Básica de Morte é a doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram à morte, ou a circunstância do acidente ou da violência que produziu a lesão fatal.
  • Na Parte II, o médico deve declarar outras condições mórbidas preexistentes e sem relação direta com a morte, que não entraram na sequência causal declarada na Parte I.

Óbito por Causas Externas

  • O médico legista ou o eventual perito deve declarar, na Parte I, linha a, como causa terminal, a natureza da lesão.
  • Na Parte I, linha b, como causa básica, a circunstância do acidente ou da violência responsável pela lesão que causou a morte.


Bioética no Fim da Vida: Conceitos Essenciais

Eutanásia

Uma prática eutanásica seria aquela que garantiria a “boa morte”.

  • Passiva: Aquela em que se retiram mecanismos artificiais de sustentação da vida.
  • Ativa: A morte é induzida, por exemplo, pela administração de medicamentos.

Suicídio Assistido

  • A pessoa doente é apenas assistida para a morte, mas todos os atos que acelerarão esse desfecho são por ela realizados.
  • Não envolve os profissionais de saúde, uma vez que a própria pessoa toma a decisão e realiza as medidas necessárias para garantir sua morte.

Obstinação Terapêutica (Distanásia)

Caracteriza-se por uma morte lenta e com intenso sofrimento, devido a um excesso de medidas terapêuticas que impõem sofrimento e dor à pessoa doente, cujas ações médicas não são capazes de modificar o quadro mórbido.

Cuidados Paliativos

“Cuidado Paliativo é a abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através de prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual.”

Princípios dos Cuidados Paliativos

  • Reafirma a vida e vê a morte como um processo natural;
  • Promove o alívio da dor e de outros sintomas estressantes;
  • Não pretende antecipar e nem postergar a morte;
  • Integra aspectos psicossociais e espirituais ao cuidado;
  • Auxilia o paciente a viver tão ativamente quanto possível até a sua morte;
  • Auxilia a família e entes queridos a sentirem-se amparados durante todo o processo da doença;
  • Deve ser iniciado o mais precocemente possível, junto a outras medidas de prolongamento de vida (Quimioterapia/Radioterapia), e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreensão e manejo dos sintomas.

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