Guia Rápido de Radiologia Veterinária: Técnica e Achados
Classificado em Física
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Laminite (Equinos)
Projeções Radiográficas
- Lateromedial
- Palmaroproximal – Palmarodistal Oblíqua 45°
- Dorsoproximal – Palmaro/Plantarodistal Oblíqua 60° (Raio centralizado na porção média do casco)
- Dorsoproximal – Palmaro/Plantarodistal Oblíqua 60° (Raio centralizado na banda coronária)
Cálculo e Avaliação
Para calcular a rotação, trace:
- Uma linha reta paralela à borda do casco (A).
- Uma linha reta paralela à borda da falange (B).
- Uma linha paralela ao solo (C).
- Uma linha da ponta da pinça ao navicular (D).
Observa-se a distância entre a borda coronária e o processo extensor (seta amarela), que não deve ultrapassar 1 cm.
Mede-se o ângulo externo (entre a borda do casco e da pinça) e o ângulo interno (da pinça para o restante). Se I – E > 5°, há rotação.
A distância entre a borda do casco e da falange (medida no terço médio da borda) não pode ser maior que 25% da distância entre a pinça e o navicular.
Ângulos de Rotação:
- < 5,5° = Mínima
- > 11,5° = Grave
DHDP (Distância Horizontal Dedo-Pinça) = 25% da medida da terceira falange.
Displasia Coxofemoral (DCF)
Cálculo: Ângulo de Norberg
- Identificar o centro da cabeça do fêmur em ambos os lados e traçar uma linha ligando os dois pontos.
- Traçar uma linha desse ponto central da cabeça do fêmur à borda cranial do acetábulo.
- Medir o ângulo com auxílio de um transferidor.
Classificação
- Normal: Ângulo ≥ 105°, congruência fêmur e acetábulo.
- Suspeito: Ângulo < 105° (com congruência) ou ângulo > 105° (com incongruência).
- Leve: Entre 100° e 104°, incongruência, início de Doença Articular Degenerativa (DAD).
- Moderado: Entre 90° e 100°, subluxação, DAD mais evidente.
- Grave: < 90°, luxação ou subluxação, alterações osteoartríticas acentuadas.
Formação da Imagem Radiográfica
- Quanto menor (<) o comprimento de onda, maior (>) a penetração.
- Quanto maior (>) a diferença de potencial entre cátodo (-) e ânodo (+), maior a aceleração e maior a energia dos raios (poder de penetração).
- Quanto maior (>) mA, maior o número de elétrons e maior o número de raios.
O mA forma a nuvem de elétrons (quantidade = densidade). O potencial de voltagem (kVp) determina a velocidade com que esses elétrons são atraídos (energia e poder de penetração = força).
Fatores que Afetam a Imagem
- kVp: Poder de penetração.
- mA: Quantidade de raios (enegrecimento da imagem).
- Tempo: Risco de borrar a imagem.
- Distância: Lei da proporção inversa (a intensidade de luz varia inversamente com o quadrado da distância).
- Distância Foco-Filme.
- Distância Objeto-Filme (> magnificação, < definição).
- Espessura do Objeto (< espessura, + fácil).
- Densidade do Objeto.
- Número Atômico do Objeto.
- Radiações Dispersas.
*Densidade e número atômico determinam os níveis de cinza.
Interações dos Raios X
Interação Colisional: O elétron que sai da nuvem colide com o ponto focal de tungstênio do ânodo (+), deslocando o elétron do ânodo.
Interação Radioativa: O elétron da nuvem é atraído pelo núcleo do átomo do ânodo, sendo desacelerado e liberando energia em forma de raio X. É responsável pela formação de 80% dos raios.
- Quanto maior (>) a desaceleração, maior (>) a energia produzida e menor (<) o comprimento de onda gerado (maior potência).
- Quanto maior (>) kVp, maior a velocidade dos elétrons e maior o choque no ponto focal.
Distância e Qualidade da Imagem
A intensidade da luz varia inversamente com o quadrado da distância.
- Distância Foco-Filme:
- Aproximar o foco do filme: Imagem aumentada (magnificação), sem proporção.
- Afastar o foco do filme: Imagem menos distorcida.
- Distância padrão: 80 cm a 1 m. Maior distância (>) = Menor magnificação (<).
- Distância Objeto-Filme:
- Aproximar o objeto do filme: Menos distorção, menor magnificação, maior definição.
- Afastar o objeto do filme: Aumento da magnificação e perda de definição. Maior magnificação (>) = Menor definição (<).
Densidade Radiográfica
- Imagem Preta: Radiolucente (menor densidade).
- Imagem Branca: Radiopaca (maior densidade).
Efeito Anódico
É uma falha na intensidade dos raios na região do ânodo (+). O ponto focal apresenta uma angulação que faz com que os raios saiam com mais energia de um lado do que do outro.
Os raios saem com energia penetrante maior na região do Cátodo (-). Portanto, deve-se posicionar a região mais densa do animal nessa área.
- Região Menos Densa: Ânodo (+)
- Região Mais Densa: Cátodo (-)
Exemplo: Para visualizar a coluna vertebral, a região do abdômen (mais densa) deve ser voltada para o cátodo, e a região do pulmão (menos densa) para o ânodo.
Contraste Radiográfico
É a diferença de densidade em áreas adjacentes de uma radiografia.
- Maior Contraste: Maior variação de densidade, menor escala de cinza.
- Menor Contraste: Menor variação de densidade, maior escala de cinza.
O menor contraste é ideal para determinar tecidos moles (ex: abdômen), pois há menor variação de densidade. Para tecidos duros, usa-se contraste maior.
- Maior Contraste (Ossos, Tórax): Maior mAs e menor kVp (menor escala de cinza).
- Menor Contraste (Abdômen): Menor mAs e maior kVp (maior escala de cinza).
Quanto maior a penetração, menor a variação de atenuação e menor o contraste.
Radiação Secundária (Dispersa)
É toda radiação que emerge de objetos irradiados.
Quanto maior (>) a radiação dispersa, menor (<) o contraste.
Relação mAs/kVp: Menor kVp resulta em maior contraste. Lembre-se: mAs = mA × Tempo.
Posicionamento e Nomenclatura Radiográfica
Nomenclatura: Raio Incidente + Raio Emergente
- Ventro Dorsal do Tórax: Barriga para cima.
- Laterolateral Direita: Lado direito em contato com a mesa.
- Lateromedial: Da pata de fora para dentro.
- Dorsopalmar: Da frente para o meio.
- Caudocranial.
- Dorsomedial Palmarolateral: Incide dorso medial e emerge palmarolateral (requer angulação de rotação).
- Dorsolateral Palmaromedial Oblíqua 45°: Requer suporte (degrau) embaixo.
- Palmaroproximal Palmarodistal Oblíquo 65° (Skyline): Proximal e distal em relação à cabeça.
Patologias Radiográficas em Equinos
Desmineralização Óssea
- Generalizada: Deficiência nutricional ou gestação.
- Localizada por Desuso: Osteopenia por desuso (ex: imobilização).
- Focal: Devido a patologias (ex: osteomielite, cistos, lesões osteocondrais).
Patologias Específicas
- Osteomielite: Processo infeccioso que atinge a medula por via hematógena (ex: onfaloflebite mal curada). Aparência de "mordiscado".
- Cistos: Áreas regulares e redondas em que se observam bordas regulares. Não há formação do [texto original incompleto].
- Periostite: Reação inespecífica com neoformações distintas, variando conforme a agressividade da lesão.
- Sólida (Benigna)
- Lamelar (Aspecto de cebola, Agressiva)
- Espiculada (Agressiva)
- Triângulo de Codman (Muito Agressivo)
Relação: Desmineralização (Radiolucência) = Infecção | Neoformação (Radiopacidade) = Inflamação
Doença Articular Degenerativa (DAD)
- Osteoartrite: Lesões próximas à articulação, levando a neoformações (osteófitos). Processo em curso. Observa-se esclerose (linha subcondral com aumento da radiopacidade).
- Osteoartrose: Inflamação consolidada e crônica. Processo de recuperação com aproximação da articulação e do osso, endurecimento por calcificação. Diminuição do espaço articular.
Outras Lesões em Equinos
- Fratura por Avulsão: Fratura no ponto de ligação com o tendão. Vê-se atividade óssea pelo uso constante do tendão extensor digital da terceira falange. Mais comum no membro torácico.
- Calcificação de Cartilagem Alar: Mais comum no membro torácico, associada a desvio de aprumos (cascos abertos) e claudicação.
- Osteíte Podal: Inflamação ou infecção da terceira falange (não é osteomielite por não ter região medular). Cursa com desmineralização (aumento da radiolucência), enrugamento das bordas soleares (restrito à pinça e asas) e aumento dos canais vasculares.
- Laminite: Inflamação das lâminas do casco, podendo cursar com deslocamento das lâminas de sustentação, rotação ou afundamento da terceira falange.
- Crônica: Ocorre rotação. Observa-se linha radiolucente (preta) entre a borda do casco e a terceira falange (separação da lâmina).
- Casos Crônicos Avançados: Osteíte e osteófitos na ponta da pinça (formando o "sapatinho de Aladim"). Aumento dos canalículos vasculares.
- Projeção Dorsoplantar: Observa-se lateralização e perda do paralelismo na região articular.
- Doença do Navicular (Síndrome): Avaliação das quatro superfícies (projeções distintas). Avalia-se o tamanho e a forma dos canalículos, a relação corticomedular e a regularidade das bordas. Quanto mais alteradas as formas dos canalículos, pior o prognóstico.
- Navicular Bipartido: Geralmente bilateral. Diferencia-se da fratura pela regularidade dos contornos e ausência de sinais clínicos.
Fraturas e Lesões Ósseas
Fraturas Epifisárias (Placa de Crescimento)
Causam fechamento precoce, encurtamento do membro ou desvio de aprumo (Classificação de Salter-Harris):
- Tipo 1: Fiseal.
- Tipo 2: Fiseal-Metafiseal.
- Tipo 3: Fiseal-Epifiseal.
- Tipo 4: Fiseal-Epifiseal-Metafiseal.
- Tipo 5: Impactação de Fise.
Fraturas de Ossos Longos
- Transversas: Comum em rádio e ulna.
- Oblíquas Espiraladas: Fêmur.
- Cominutiva: Múltiplos fragmentos com um ponto em comum (Tíbia).
- Múltipla: Fíbula.
- Pulverizante: Vértebras.
Sesamoides
- Sesamoidites: Inflamação dos ossos sesamoides, levando a periostite e osteíte. Aumento dos canais vasculares, desmineralização apical, enrugamento das bordas, proliferação de osteófitos e entesiófitos.
- Fratura de Sesamoides Proximais: Devido à tração proximal do ligamento suspensório e tração distal dos ligamentos sesamoides. Mais comum na porção apical. Tipos: apical, corpo, basilar, abaxial, cominutiva.
Desvios Angulares
Ocorrem principalmente em ossos longos e ossos do carpo.
- Leve: 5° a 10°
- Moderado: 15° a 25°
- Severo: > 25°
Valgus: Côncavo lateral (joelho para dentro). Varus: Côncavo medial (joelho para fora).
Exostose Interfalangeana (Ring Bone)
Formada por traumas repetidos, levando a microfraturas, proliferação do periósteo, osteófitos e osteoartrite (inflamação). Quando em recuperação, evolui para osteoartrose.
Patologias Radiográficas em Cães e Gatos
Lesões Articulares e de Crescimento
- Osteocondrose (OC): Falha na ossificação endocondral, resultando em área radiolucente sem mineralização. Ocorre nas superfícies articulares do ombro, cotovelo, joelho e tarso (em ordem decrescente de frequência).
- Osteocondrite Dissecante (OCD): Ocorre quando o flap não mineralizado se solta e mineraliza em local incorreto.
Comparativo Coxofemoral
Displasia Coxofemoral (DCF):
- Má formação das articulações coxofemorais, comum em raças grandes, geralmente bilateral.
- Posicionamento: Ventro dorsal com extensão dos membros paralelos.
- Achados: Achatamento da cabeça por remodelamento, áreas de esclerose (radiopaca), diminuição do espaço articular → neoformações.
Necrose Asséptica da Cabeça do Fêmur (NACF):
- Comum em raças pequenas, geralmente unilateral.
- Achados: Achatamento por reabsorção óssea, áreas radiolucentes, aumento do espaço articular → reabsorção pela necrose.
Displasia de Cotovelo
Grupo de 4 anomalias do desenvolvimento que causam perda da congruência do cotovelo devido ao crescimento desproporcional de rádio e ulna:
- NUPA: Não União do Processo Ancôneo (não se liga ao olecrano).
- OCD: Osteocondrite Dissecante da face medial do côndilo umeral.
- FPCM: Fragmentação do Processo Coronoide Medial (sugestivo devido à sobreposição).
- INC: Incongruência do Cotovelo.
Patologias Ósseas Diversas
- Panosteíte: Perda da relação córtico-medular na diáfise de ossos longos, levando a trabeculações medulares ou padrão nodular de opacidade medular. Associada à dor e claudicação. Auto limitante, comum em jovens.
- Osteodistrofia Hipertrófica (ODH): Acomete rádio, ulna, tíbia, costelas, maxilares. Causa aumento do volume epifisário e dor intensa.
- Achados: Linhas radiolucentes nas metáfises (paralelas ou adjacentes às fises), esclerose metafiseal, aumento de tecidos moles, fechamento prematuro das fises, reação periosteal.
- Displasia Fisária Femoral: Comum em felinos machos obesos, geralmente bilateral. Anormalidades na placa de crescimento femoral.
- Achados: Persistência da linha de crescimento, reabsorção do colo femoral (radiolucente), incongruência entre cabeça e colo femoral (imagem parecida com um cogumelo).
- Luxação da Patela: Comum em jovens de raças pequenas. Medial bilateral é congênita; unilateral é traumática. Pode causar osteoartrite secundária.
- Tumores Ósseos/Neoplasias: Intensa proliferação (nuvem radiopaca) irregular e intensa reabsorção (radiolucência) simultâneas. Desorganização.
- Diferencial: Osteomielite (reabsorção predominante) e Osteodistrofia Hipertrófica (neoformação predominante).
Cabeça (Cães e Gatos)
Patologias Congênitas
- Hidrocefalia: Acúmulo de líquido no sistema ventricular.
- Achados: Abaulamento da calvária, adelgaçamento cortical, persistência das fontanelas, aparência homogênea da região encefálica (perda de sulcos e giros).
- Displasia Occipital: Extensão dorsal do forame magno, má formação occipital.
- Fraturas: No crânio, mais comum cominutiva; na mandíbula, mais comum transversa.
Patologias Metabólicas
- Hiperparatireoidismo: Reabsorção óssea generalizada, iniciando com perda da linha dura dentária, depois maxilar e mandibular, dentes flutuantes, cortical óssea delgada. Em casos graves, pode haver hiperplasia tecidual fibrosa (radiopacidade incontrolada).
Neoplasias e Inflamações
- Tumores (Geral): Perda dos detalhes conchais, reabsorção progressiva e lise óssea com aumento da radiopacidade.
- Neoplasia (Nasal): Aumento da radiopacidade inicial, perda da densidade, unilateral, acompanhada de sangramento nasal.
- Inflamação/Infecção (Nasal): Bilateral, cursa com secreção nasal. Inflamação = Neoformação. Infecção = Reabsorção.
- Otites: Espessamento e esclerose da bula timpânica (mais radiopaca), preenchimento do espaço intracavitário, alterações na densidade óssea das regiões circunjacentes, cortical irregular.
Coluna Vertebral (Cães e Gatos)
Vértebras de Transição
- Toracalização de C7 e Cervicalização de T1.
- Lombarização de T13 e Toracalização de L1.
- Lombarização de S1 e Sacralização de L7.
Alterações de Alinhamento
- Subluxação/Luxação.
- Hemivértebras: Má formação do corpo vertebral (formato de cuia).
- Escoliose: Desvio lateral.
- Cifose: Desvio dorsal.
- Lordose: Desvio ventral.
- Fratura.
Patologias da Coluna
- Subluxação Atlantoaxial: Instabilidade atlantoaxial, comum em raças toy. Pode envolver agenesia/hipoplasia do processo odontoide, frouxidão ligamentosa e compressão medular.
- Hemivértebra: Mais comum na região tóraco-lombar, causando angulação.
- Espinha Bífida: Falha no desenvolvimento dos corpos vertebrais, com ossificação incompleta do processo espinhoso dorsal. Protrusão das meninges.
- Espondilose Deformante (Bico de Papagaio): Neoformações ósseas (osteófitos) em todas as faces, esclerose dos corpos vertebrais, pontes ósseas entre os corpos vertebrais, DAD.
- Estenose Lombossacral Degenerativa: Cães adultos de grande porte. Protrusão discal tipo II (protusão dorsal do anel fibroso) com formação osteofítica, hipertrofia do ligamento arqueado e instabilidade lombossacra.
- Doença do Disco Intervertebral (DDI): Extrusão do disco para o canal vertebral.
- Achados: Diminuição do espaço intervertebral, diminuição do forame intervertebral, presença de material calcificado do disco no canal vertebral.